A investigação sobre a morte do menino de 10 anos em Águas Lindas de Goiás entrou na fase final e revelou novos pontos de atenção sobre o atendimento prestado ao garoto na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Mansões Odisseia, em Águas Lindas. Segundo a advogada da família, Ana Laura, todos os profissionais envolvidos — médicos e enfermeiros — já foram ouvidos pela Polícia Civil.

A advogada afirmou que o depoimento do médico responsável pelo atendimento apresenta “várias inconsistências”. Ele teria declarado que solicitou uma ultrassonografia, mas, de acordo com os relatórios e laudos médicos consultados pela polícia, não há qualquer pedido desse exame registrado.

Outro ponto considerado crucial pelos investigadores é o horário em que o menino foi liberado. Conforme a advogada, o médico deu alta ao garoto às 20h22, enquanto o resultado do exame de sangue só ficou pronto às 21h. “Ou seja, ele liberou a criança dizendo que os exames estavam normais sem sequer ter visto o resultado, porque o exame ainda não tinha sido liberado”, relatou Ana Laura.

A Polícia Civil teria confirmado essa discrepância ao analisar documentos oficiais durante o inquérito. Segundo Ana Laura, o médico está afastado e o município afirma ter aberto uma sindicância. No entanto, a defesa da família afirma não ter recebido nenhuma comunicação formal sobre o procedimento interno.

A advogada também informou que o delegado responsável pelo caso deverá se manifestar se procurado pela imprensa, mas reforçou que o inquérito está próximo de ser concluído. “Essas informações acabei de verificar aqui na delegacia, dentro do inquérito policial”, afirmou.

Próximos passos da defesa

Ana Laura afirmou que seguirá acompanhando de perto a sindicância aberta pelo município e que adotará medidas judiciais após a conclusão do inquérito policial. Entre as ações previstas estão:

  • Pedido de reparação de danos, devido às falhas identificadas no atendimento;
  • Ação de obrigação de fazer, cobrando providências do município para evitar que situações semelhantes se repitam.

Segundo a advogada, o objetivo é garantir justiça para a família e responsabilização dos envolvidos, além de mudanças estruturais no atendimento público de saúde.

Polícia Civil investiga documentos e prontuário do atendimento da criança. Foto: Graciliano Cândido/ Jornal Opção

Procurada, a Comunicação da Polícia Civil informou que ainda aguarda os laudos periciais. Em nota, o órgão afirmou: “Ainda estamos aguardando os laudos periciais. Após ficarem prontos, nós daremos entrevistas.”

A morte do menino intensificou o debate sobre as condições da rede pública de saúde de Águas Lindas, já marcada por relatos de filas, demora e falta de estrutura. O caso segue sob forte comoção e atenção da comunidade local.

Leia também:

Crise na Saúde de Águas Lindas: filas, demora e revolta após morte de menino de 10 anos