Aplicativo de entregas cede à pressão e aumenta pagamento mínimo para entregadores

03 junho 2025 às 16h34

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O iFood anunciou aumento no valor mínimo pago aos entregadores a partir de 1º de junho. Quem faz entregas de bicicleta passará a receber R$ 7 por rota, enquanto quem utiliza moto ou carro ganhará R$ 7,50. Antes, todos recebiam R$ 6,50 por entrega.
O reajuste foi definido com base nos custos de cada tipo de transporte. De acordo com o iFood, quem utiliza moto ou carro tem gastos maiores com manutenção e combustível, motivo pelo qual o aumento foi mais significativo para esses entregadores. Já quem pedala geralmente percorre rotas mais curtas, de até 4 km, embora em algumas regiões esse limite possa ser maior.
Além do aumento no pagamento, a empresa também prometeu ampliar a cobertura do seguro gratuito. Em caso de acidentes graves, o entregador poderá receber até R$ 120 mil.
Em Cidade Ocidental, a dona de casa Maria Aparecida, de 35 anos, disse que sempre pede comida pelo aplicativo e ficou feliz com a novidade. “Eu peço direto. Acho certo eles ganharem mais, porque trabalham demais, faça chuva ou sol. Tomara que com esse aumento eles fiquem mais animados e continuem atendendo bem, como sempre.”
Já em Brasília, o entregador João Paulo, de 28 anos, acredita que o aumento é positivo, mas ainda insuficiente. “Melhorou um pouco, mas a gasolina continua muito cara. A gente ainda gasta bastante para trabalhar. Seria bom se tivesse mais reajustes, porque a gente merece, é um serviço essencial”, comentou.
O iFood explicou que, desde 2021, vem aumentando os valores pagos aos entregadores. Naquele ano, a taxa mínima era de R$ 5,31. Com o novo reajuste, quem usa moto ou carro terá acumulado um aumento de 41,2%, e quem pedala, de 31,8%, valores acima da inflação do período, que foi de 29,3%.
A empresa informou ainda que os consumidores não devem sentir diferença nos preços. “Estamos sempre ouvindo nossos entregadores e buscando soluções que melhorem o dia a dia deles. Esse pacote é resultado desse diálogo e tem como objetivo aumentar os ganhos e melhorar a experiência de quem trabalha com a gente”, declarou Johnny Borges, diretor de Impacto Social do iFood.
Desde janeiro, o iFood também tem ajustado o limite das rotas para entregadores de bicicleta, com o objetivo de tornar as distâncias mais adequadas e justas, evitando trajetos muito longos.
Apesar do reajuste, muitos entregadores ainda esperam novos avanços para tornar o trabalho mais rentável, especialmente diante dos altos custos enfrentados no dia a dia.
O presidente da Associação dos Motofretistas Autônomos e Entregadores do Distrito Federal e Entorno, Alessandro Sorriso, que representa 400 entregadores, confirmou que o reajuste anunciado pela empresa está sendo repassado, mas considera que o impacto foi limitado. “Os entregadores estão achando que ficou muito pior, pois eles aumentam o quilômetro e mandam muito mais entregas duplas.”
Segundo ele, o objetivo agora é trabalhar em prol do Projeto de Lei 2479/25, de autoria do deputado Guilherme Boulos (PSOL-SP), em tramitação na Câmara dos Deputados. A proposta trata do valor mínimo de remuneração para serviços prestados por trabalhadores de plataformas digitais de entregas e mototaxistas, além de estabelecer regras de transparência e a criação de seguro contra acidentes por parte das empresas de aplicativos.