Confusão marca retomada dos trabalhos na Câmara sob forte segurança e risco de suspensão de mandato

06 agosto 2025 às 23h20

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A Câmara dos Deputados viveu mais um dia de tensão nesta quarta-feira (6), com a retomada dos trabalhos legislativos marcada por forte esquema de segurança, obstrução da pauta e ameaça de suspensão de mandatos. O presidente da Casa, deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), convocou uma sessão presencial em meio a protestos da oposição, que tem impedido o andamento das votações.
Para garantir a realização da sessão, a Polícia Legislativa Federal cercou o plenário e isolou acessos ao Congresso Nacional, inclusive para a imprensa, que foi impedida de acompanhar os debates diretamente do local.
A principal pauta do dia era a Medida Provisória 1.294, que mantém a isenção do Imposto de Renda para trabalhadores que ganham até dois salários mínimos. A proposta perde a validade na próxima segunda-feira (11), o que levaria milhões de brasileiros de baixa renda a voltarem a pagar o tributo. O governo considera a medida essencial e busca apoio no Congresso para garantir sua aprovação.
Durante os protestos, parlamentares da extrema direita chegaram a ocupar a cadeira da presidência da Casa. O deputado Lindbergh Farias (PT-RJ) classificou a ação como “tumulto” e criticou a postura da oposição. “É um absurdo o que estão fazendo. Isso não é oposição, é desordem”, afirmou.
Lindbergh também questionou a atitude da deputada Júlia Zanatta (PL-SC), que levou sua filha de quatro meses ao plenário durante a manifestação. Segundo ele, a situação foi levada ao Conselho Tutelar por representar risco à criança diante de um ambiente de confronto político.
Nos bastidores, Motta tenta articular um acordo com líderes da oposição, especialmente da bancada do PL, para viabilizar a votação da MP. Ao abrir a sessão, o parlamentar fez um apelo ao diálogo.
“Só o diálogo é que mostrará a luz das grandes construções que o Brasil precisa. Não podemos deixar que projetos pessoais e eleitorais se sobreponham ao que é maior que todos nós: o povo brasileiro”, declarou.
Apesar da convocação da sessão, ainda não há garantia de que a MP será apreciada a tempo. O impasse evidencia o travamento da pauta na Câmara e a dificuldade do governo em construir maioria em meio a uma legislatura marcada por embates ideológicos e disputas internas.