Nos últimos dias, Formosa tem sido cenário de debates intensos e críticas envolvendo o Executivo e o Legislativo. A mais recente polêmica ocorreu na sessão da Câmara Municipal desta terça-feira (21), quando o vereador Marquim Araújo (MDB) fez duras críticas à prefeita Simone Ribeiro (União Brasil). O parlamentar questionou a demora na troca de lâmpadas da cidade e apontou falta de planejamento na administração municipal.

Durante o discurso, Marquim relatou que, em julho, procurou a Prefeitura para cobrar a reposição de lâmpadas na Avenida Lagoa Feia, região que, segundo ele, está no escuro há quase um ano. De acordo com o vereador, representantes do Executivo informaram que a prefeitura havia comprado 1.500 lâmpadas, mas que o serviço ainda não foi executado por falta de caminhão adequado para a manutenção.

O parlamentar criticou a gestão por não conseguir resolver o problema, mesmo com a cobrança mensal da taxa de iluminação pública nas contas de energia. “Desde janeiro esse problema persiste. Falam que falta caminhão, mas o que falta é gestão”, afirmou. Ele também citou outras áreas com dificuldades, como limpeza pública e conservação de espaços municipais.

O vereador acusou a administração de falta de diálogo e planejamento interno. Segundo ele, “os secretários não se entendem” e a prefeita estaria mais focada em redes sociais do que nas ações práticas da gestão.

As críticas ocorrem em meio a um contexto político turbulento. No último dia 15 de outubro, a prefeita Simone Ribeiro confirmou o rompimento político com o vice-prefeito Cacildo Ramos (PSD). Em entrevista, ela afirmou que o vice decidiu seguir outro grupo político. “Respeito a decisão e vamos continuar trabalhando como sempre”, declarou a prefeita.

Já Cacildo negou que tenha deixado o cargo e explicou que apenas se afastou da administração. “Continuo como vice-prefeito, mas fora da gestão, por discordar da forma como as decisões vêm sendo tomadas”, afirmou.

Além da crise política interna, a prefeita tem enfrentado críticas pela situação financeira do município. Em entrevista concedida ao Jornal Opção Entorno, Simone Ribeiro afirmou que Formosa é o segundo município mais endividado do Estado de Goiás. Ela destacou que a dívida é resultado de gestões anteriores e que o foco atual é reorganizar as contas públicas e dar transparência à população.

“Encontramos um município com pendências financeiras e contratos mal elaborados. Nosso esforço é corrigir, dar clareza e restabelecer a credibilidade da cidade”, explicou. A prefeita disse ainda que não pretende aumentar impostos e que está buscando alternativas para equilibrar as contas sem prejudicar os moradores.

Enquanto o Executivo lida com dificuldades financeiras, o Legislativo aprovou neste mês dois projetos que mudam a estrutura administrativa da Câmara. As propostas criam novos cargos, aumentam gratificações e instituem um auxílio-alimentação de R$ 1.300 mensais para vereadores e servidores comissionados.

De acordo com a Câmara Municipal, as medidas estão dentro dos limites legais e têm como objetivo valorizar os servidores. Em nota, o Legislativo afirmou que o auxílio tem caráter indenizatório, sem aumento de salários. Contudo, dados do Tribunal de Contas dos Municípios indicam que, com as mudanças, o Legislativo municipal pode ultrapassar o teto de gastos com pessoal.

As novas medidas foram aprovadas meses após a Operação Alternador, deflagrada pelo Ministério Público de Goiás, que investigou supostas irregularidades na contratação de serviços jurídicos pela Câmara por meio de dispensa de licitação. O contrato, no valor mensal de R$ 53 mil, poderia chegar a mais de R$ 500 mil até o fim da gestão. À época, a Câmara informou que colaborava com as investigações e que o processo seguia dentro da legalidade.

Ao final da investigação, o Ministério Público concluiu que a contratação sem concurso público não era um ato isolado da atual gestão, mas uma prática antiga na Câmara, que já vem sendo revista pela atual presidência. Diante da ausência de elementos que configurassem ilícito, o MP recomendou o arquivamento do caso, o que foi acatado pela Justiça. O juiz determinou em 23 de agosto de 2025, o encerramento do processo por falta de justa causa, sem prejuízo de nova investigação, caso surjam novas provas.