“Estamos tratando tudo com muita austeridade, dentro de um planejamento, para manter uma gestão saudável. Isso é cortar na carne, isso é apanhar na rede social, isso é ter pessoas julgando, mas nós vamos mostrar para todos que, com austeridade, compromisso e coragem, nós vamos avançar”, afirmou a prefeita.

Segundo ela, a situação encontrada na prefeitura foi caótica. “Imagine você deixar os servidores com as contas bancárias travadas porque o desconto do consignado foi feito no contracheque, mas o banco não recebeu. O banco bloqueou automaticamente novas movimentações e isso é um desrespeito com os trabalhadores”, denunciou.

Dívidas da gestão anterior

Segundo a nova administração, o levantamento financeiro apontou um déficit de quase R$ 278,2 milhões, dividido entre diversos compromissos pendentes. As dívidas gerais somam R$ 14.441.381,10, enquanto as despesas não processadas chegam a R$ 10.868.953,48 e as despesas não empenhadas totalizam R$ 1.138.866,48.

Além disso, a prefeitura acumula débitos com fornecedores, como a Construtora São Bento, que tem a receber R$ 1.765.454,00, e a Cooperativa de Transportadores de Formosa, com R$ 1.133.616,00. Há ainda pendências menores, incluindo um registro de apenas R$ 10 com a empresa Maria de Lourdes Jatobá.

A coletiva de imprensa desta segunda-feira foi transmitida ao vivo. Foto: Divulgação

Entre as dívidas fundadas, os valores são ainda mais expressivos. A Equatorial Energia tem a receber R$ 42,3 milhões, enquanto o Fundo de Previdência Social do Município de Formosa (FPS) acumula um débito de R$ 42,2 milhões. O município também deve R$ 28 milhões ao INSS, referente a parcelamentos, além de R$ 3,5 milhões à Receita Federal pelo Pasep e R$ 200 mil ao Fundo Nacional de Assistência Social. Somando essas obrigações, o total da dívida fundada chega a R$ 115 milhões.

Os precatórios, que representam dívidas judiciais já reconhecidas, somam R$ 136.548.080,65, elevando ainda mais o passivo municipal. Diante do cenário caótico, a prefeita destacou que a equipe econômica da prefeitura já iniciou negociações para minimizar os impactos do rombo financeiro.

“Nós renegociamos a dívida dos consignados porque precisamos garantir dignidade aos servidores públicos. Hoje, essa dívida gira em torno de R$ 700 mil e não é da nossa gestão, mas estamos resolvendo para que os funcionários não fiquem prejudicados”, explicou Simone.

Outro ponto abordado pela prefeita foi a convocação de guardas municipais feita pela gestão anterior, que teria ocorrido de forma irregular. “Até o dia 31 de dezembro, o ex-gestor convocou 140 guardas municipais em um concurso que o próprio Ministério Público apontou falhas. Os concursados não têm culpa, lutaram por isso, mas eu não posso ferir a Lei de Responsabilidade Fiscal. O que fizemos? Chamamos 20 para o curso de formação e vamos trabalhando dentro da realidade financeira do município para chamar os demais”, garantiu.

Corte na administração

Para equilibrar as contas, Simone anunciou um corte significativo na estrutura administrativa. “Reduzimos quase 30% dos cargos comissionados. Foi uma economia de mais de R$ 600 mil. Isso é austeridade. Precisamos enxugar a máquina pública sem deixar de lado o desejo da população por dignidade”, afirmou.

Apesar dos cortes, a prefeita garantiu que sua gestão está comprometida em buscar soluções para equilibrar as contas e garantir investimentos para a cidade. Entre as ações emergenciais já definidas, estão a reforma administrativa, recuperação da malha asfáltica, limpeza urbana, aquisição de medicamentos e mutirões nos bairros. “Temos que ser criativos, ousados e austeros. Não vamos ferir a Lei de Responsabilidade Fiscal, mas também não podemos deixar a população sem atendimento. Nossa gestão será de coragem para enfrentar os desafios e avançar”, concluiu.

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