Casal de Pirenópolis é alvo de operação por comandar rede de tráfico
25 setembro 2024 às 17h41
COMPARTILHAR
Um esquema de tráfico interestadual de produtos derivados da maconha, comandado por um casal de Pirenópolis, no Entorno do Distrito Federal, foi desmantelado durante operação nesta terça-feira, 24, em Goiás e no DF. O bando, conforme a Polícia Civil brasiliense, fatura alto com a venda para todo o território brasileiro de protetores labiais e até produtos íntimos de maconha, como lubrificantes vaginais.
O gel feito voltado ao prazer sexual, inclusive, era divulgado nas redes sociais pelos criminosos, que prometiam “orgasmos múltiplos, “torpor” e sensação de “alcançar o nirvana”. Conhecido como “Xapa Xana”, o óleo rico em tetrahidrocanabinol (THC) era o carro-chefe da associação criminosa.
O esquema era chefiado pelo casal goiano desde 2018, de acordo com a PC-DF. Eles vendiam os itens a custos elevados, sendo que alguns passavam de R$ 900. O casal operava um grupo no WhatsApp como canal de comunicação direto com os usuários dos diversos tipos de drogas.
O grupo existia desde 2021 e contava com diversos perfis cadastrados com linhas telefônicas da capital do país. Por meio desse canal de diálogo, era possível receber catálogos de produtos e promoções dos itens à base de maconha. Com mais de 60 mil seguidores nas redes sociais, o bando distribuía em todo o território brasileiro.
Propagandas
Nas redes sociais, o grupo fazia propagandas dos lubrificantes a base de maconha, que tinha preços a partir de R$ 130 (frasco com cerca de 15 ml). Em uma das postagens, o grupo frisou que a substância era um produto “especializado para a região íntima rico em canabinoides. Ao aplicar diretamente na vagina, outros neurotransmissores são ativados e liberados no nosso corpo, em especial o óxido nítrico”.
Além de supostamente garantir orgasmos múltiplos, o lubrificante, de acordo com o casal de traficantes, promovia o suposto tratamento da região íntima. “Nosso lub das deusas, perfeito e sem defeitos. É feito com flores da cannabis orgânica. Além de estimular a área íntima, promovendo orgasmos incríveis, ele pode ser usado para tratar fissuras e ressecamento vaginal”, afirmou outra propaganda.
Segundo as investigações, o grupo exercia ilegalmente a medicina e praticava curandeirismo, anunciando supostas curas e colocando pessoas e animais em perigo. A rede criminosa ainda fabricava e fornecia produtos comestíveis à base de cogumelos alucinógenos (psilocibina) e maconha, sem autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
A rede criminosa estaria ainda prescrevendo as drogas até mesmo para animais de estimação. O grupo, inclusive, remeteu a droga para uma médica veterinária do DF.
Chocolates e brownies
De acordo com a Cord, a quadrilha, inclusive, oferecia entorpecentes adicionados a alimentos, tais como chocolates e brownies. Batizada como Aruanda, a operação teve apoio da Polícia Civil de Goiás (PCGO) e dos Correios.
Foram cumpridos dois mandados de prisão preventiva e quatro de busca e apreensão no DF e nas cidades de Anápolis (GO) e Pirenópolis (GO). Dois alvos da operação foram presos em flagrante.
Os investigados responderão pelos crimes de exercício ilegal da medicina, curandeirismo, charlatanismo, tráfico de drogas interestadual, associação para o tráfico e disseminação de espécies que possam causar dano à agricultura, à flora e aos ecossistemas. Em caso de condenação, podem ser sentenciados a até 39 anos de prisão. (Pedro Moura)
Leia também:
Prisões são realizadas em municípios do Entorno por homicídio de prefeito e tráfico de drogas