O juiz Rafael Francisco Simões Cabral, da 2ª Vara Cível das Fazendas Públicas, de Registros Públicos e Ambiental da Comarca de Planaltina de Goiás, proferiu decisão em desfavor da empresa de transporte coletivo Amazônia Inter, a partir de ação impetrada pela Prefeitura de Planaltina.

A liminar em questão ordena que a operadora suspenda o sistema de integração implementado sem autorização prévia da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e da administração municipal, restabelecendo as rotas anteriores das linhas de ônibus.

Transtornos aos usuários

Na ação civil pública, a prefeitura, em nome do município, alega que a Amazônia Inter criou, de forma unilateral, uma espécie de “terminal rodoviário” no centro da cidade, onde os passageiros, que anteriormente “seguiam uma rota pré-determinada para cada linha, passaram a precisar trocar de veículo em um ponto escolhido pela empresa dentro do município”.

Acrescenta, ainda, que “a referida integração não foi precedida de qualquer comunicação oficial ao órgão da ANTT e nem ao município de Planaltina-GO, bem como o ponto de descida e reembarque dos passageiros foi escolhido unilateralmente pela empresa”. Assim, de acordo com a prefeitura, houve desrespeito ao art. 114, IV, da Lei Municipal 042/2021, e às resoluções 5.861/2019 e 6.033/2023, da ANTT.

Tal medida teria causado muitos transtornos aos usuários, colocando em risco a segurança viária, especialmente por conta do intenso tráfego no local e ausência de estacionamento para os ônibus.

Além da administração municipal, outros órgãos, como a Câmara de Vereadores e o Ministério Público de Goiás (MPGO) também solicitaram à operadora de transporte coletivo a voltar aos procedimentos anteriores à integração, resultando na recomendação nº 01/2024 da 5ª Promotoria de Justiça do Ministério Público em Planaltina.

Multa em caso de descumprimento

Em sua decisão, o magistrado determinou que a empresa deve se abster de alterar unilateralmente os itinerários/rotas que está legalmente obrigada a cumprir, “assegurando a continuidade do transporte coletivo semiurbano em todos os bairros (conforme realizado antes da integração), mantendo os itinerários dos ônibus de acordo com as linhas pré-estabelecidas pela Agência Nacional de Transportes Terrestres, bem como, o fim imediato da prática de integração atualmente realizada pela ré, até que seja formalmente autorizado pelas autoridades competentes”. Caso não obedeça à decisão, a empresa sofrerá pena de multa de R$ 10 mil por dia de descumprimento.

“Serviço de baixa qualidade”

Em nota nas redes sociais, o prefeito de Planaltina, Cristiomário Medeiros (PP), disse que “a empresa Amazônia não vinha atendendo dignamente a comunidade e presta infelizmente um serviço de baixa qualidade, sendo necessária a intervenção do Judiciário para evitar que os usuários corressem risco de não terem transporte público nos bairros em direção ao Distrito Federal”.

Cristiomário Medeiros: “Embaraço para a população” (Foto: Divulgação)

Já em entrevista ao Jornal Opção Entorno, ele explicou mais detalhadamente o imbróglio envolvendo o sistema de integração: “Isto causou um embaraço para a população, porque as pessoas estavam acostumadas a uma linha direta que saía da Rodoviária do Plano Piloto para os seus bairros, e a empresa escolheu um ponto no centro da cidade sem nenhuma estrutura e sem notificar previamente a prefeitura, para parar os veículos naquele local. Ali, os usuários do transporte tinham de aguardar por outro ônibus para chegarem ao destino. Para aqueles que não vinham de Brasília, cobravam o adicional de R$ 2,50”.

De acordo com o gestor, esse processo gerou dúvidas e muitas reclamações, principalmente quanto ao tempo de espera pelo transporte. “A partir do momento em que o Ministério Público fez uma recomendação para que a empresa suspendesse essa integração, o dono da operadora ameaçou parar o atendimento aos bairros, passando a ter linhas somente de rodoviária para rodoviária. Por conta disso, a prefeitura resolveu entrar com a ação”, conclui Cristiomário.

O Jornal Opção Entorno tentou entrar em contato com a Amazônia Inter, mas não houve atendimento às ligações. O espaço segue aberto, para que os responsáveis pela empresa possam se manifestar.

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