Incêndio em lixão de Padre Bernardo persiste e coloca população em risco

25 junho 2025 às 14h57

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Desde a tarde de terça-feira (24), técnicos da Secretaria de Meio Ambiente de Goiás (Semad), com apoio do Corpo de Bombeiros, trabalham para controlar focos de incêndio no lixão de Padre Bernardo, onde uma pilha de lixo desmoronou no último dia 18. A área atingida pelas chamas é de difícil acesso e fica entre o topo e o fundo da grota por onde os resíduos deslizaram.
Com inclinação de cerca de 45 graus, o terreno apresenta risco de novos desabamentos. Há também a suspeita de que o fogo esteja se propagando por debaixo da superfície, o que dificulta o controle. Apesar do cenário desafiador, a empresa Ouro Verde, responsável pelo local, afirmou ser possível conter as chamas em poucas horas, antes que o incêndio se alastre para outras partes do lixão. O plano foi considerado viável pelo Corpo de Bombeiros.
A Semad reforçou o alerta para que a população não acesse a área isolada devido aos riscos à segurança. Apenas equipes técnicas estão autorizadas a circular no local. “A área continua instável, e o fogo dificulta ainda mais o trabalho. Estamos atuando para conter os danos ambientais e proteger a população”, informou a secretaria.
Saúde em alerta
A Prefeitura de Padre Bernardo, por meio da Secretaria Municipal de Saúde, acompanha de perto as condições das famílias que vivem nas imediações do lixão. Agentes comunitários de saúde realizaram visitas às residências da região para orientar os moradores. Em casos específicos, médicos foram acionados para avaliar possíveis sintomas de exposição a gases tóxicos ou à água contaminada do córrego Santa Bárbara.
Apesar da contaminação, a prefeitura informou que o córrego não é utilizado para abastecimento público, sua água é destinada apenas a atividades como agricultura e piscicultura. O abastecimento das casas é feito pela bacia do Descoberto, que não foi afetada.
Segundo a secretaria, análises em 13 amostras de água — sete delas coletadas nas proximidades do lixão — não apresentaram risco à saúde. “Estamos monitorando de perto e temos equipe médica no hospital local pronta para atender qualquer emergência”, afirmou a pasta.
Semad cobra ações efetivas da empresa
Na noite de terça-feira (24), a Semad concluiu a análise do plano emergencial apresentado pela empresa Ouro Verde. Embora o documento reconheça os principais riscos e proponha algumas soluções, a secretaria classificou a resposta como “inércia operacional”, criticando a falta de medidas concretas já implementadas.
Entre as ações que deveriam ter sido adotadas de imediato, segundo o órgão ambiental, estão: contratação de especialistas, análises da água e instalação de placas de sinalização. “A urgência exige atitude. Não adianta apenas planejar no papel”, destaca o parecer da Semad.
Outras medidas exigidas incluem o esvaziamento das lagoas de chorume, que correm risco de rompimento, e a instalação de sensores para monitorar a movimentação do solo. Técnicos da Semad também criticaram a proposta da empresa de aplicar cal para reduzir o mau cheiro, alegando que faltam detalhamento técnico e comprovação de eficácia.
O órgão ainda apontou falhas na comunicação com a comunidade. A empresa informou que fará visitas domiciliares e distribuirá boletins informativos, mas a secretaria enfatizou que essas ações deveriam ter sido iniciadas logo após o acidente.