Deputado fiscaliza aterro sanitário no Entorno após denúncias de irregularidades

03 outubro 2025 às 15h19

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O coordenador da Frente Parlamentar pela Erradicação dos Lixões em Goiás, deputado estadual Clécio Alves (Republicanos), realizou, na última quinta-feira (2), uma visita técnica ao Aterro Sanitário Ouro Verde, localizado em Padre Bernardo, no Entorno do Distrito Federal. A ação faz parte de uma série de fiscalizações conduzidas pela Assembleia Legislativa do Estado para apurar denúncias de problemas no descarte de resíduos.
Moradores da região apresentaram imagens aéreas que indicariam despejo irregular de lixo, inclusive material retirado de áreas atingidas por um desmoronamento. Segundo relatos, esse resíduo estaria sendo levado para outros pontos sem o devido tratamento. Durante a vistoria, o parlamentar chegou a ser barrado por uma advogada da empresa responsável, que alegou se tratar de propriedade particular. Mesmo assim, a inspeção ocorreu diante do caráter público da questão.
No local, foi constatada a interdição do aterro em razão da execução de um plano de emergência. A medida foi adotada após o desmoronamento registrado em 18 de setembro, quando centenas de toneladas de lixo deslizaram para o Córrego Santa Bárbara e, em seguida, para o Rio do Sal. O episódio foi classificado como grave pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad).
De acordo com o deputado, a frente parlamentar vai elaborar um relatório técnico a ser encaminhado ao Ministério Público de Goiás, à Semad e à Delegacia de Repressão a Crimes Ambientais. Ele defendeu ações imediatas: “Vamos cobrar a retirada do chorume que está correndo a céu aberto, mas que isso seja feito de forma correta e transparente”.
O funcionamento do aterro já vinha sendo questionado desde 2021, quando o Ministério Público estadual e federal ajuizou ações contra a unidade, que operava em área de preservação permanente e sem licença ambiental. Mesmo após autuações e embargos aplicados pela Semad, liminares judiciais garantiram a continuidade da operação.
Moradores relatam prejuízos acumulados ao longo dos anos. O produtor rural Milton Luís de Oliveira disse ter perdido 14 cabeças de gado por consumo de água contaminada, enquanto o vizinho perdeu 61 animais. “Entramos com processo contra esse lixão. Aqui criávamos galinhas, peixes e gado, mas perdemos tudo. Essa briga já dura oito anos. Nunca poderia funcionar aqui, porque não passa de um lixão a céu aberto”, relatou.
A chacareira Rosilelda Ataíde também descreveu dificuldades no dia a dia: “O mau cheiro é constante, tem muita mosca, rato e barata. Até meu poço artesiano parou de funcionar. Hoje dependo da Saneago, que traz água uma vez por semana. Eu sonhava em criar porcos e galinhas, mas agora só me restou um cachorro. Isso é muito triste”, desabafou.
A Frente Parlamentar reforçou que seguirá acompanhando o caso e cobrando providências. Para o deputado, a situação não pode mais se repetir em Goiás. “Não é admissível que em pleno 2025 ainda tenhamos lixões funcionando dessa forma. Vamos continuar fiscalizando, ouvindo a população e exigindo responsabilidade ambiental e social”, concluiu.