A paralisação de 12 horas dos enfermeiros do Distrito Federal, organizada pelo Sindicato dos Enfermeiros (SindEnfermeiro-DF), atingiu grande parte das unidades de saúde pública nesta quarta-feira (12). O movimento busca isonomia salarial, reestruturação da carreira e melhores condições de trabalho.

Segundo apuração, aproximadamente de 40% da categoria aderiu à mobilização, o que representa cerca de 2 mil enfermeiros da Secretaria de Estado de Saúde (SES-DF). Apesar da paralisação, várias unidades mantiveram ao menos um profissional de enfermagem para atender casos espontâneos e emergenciais.

A mobilização começou com uma carreata no Estacionamento 12 do Parque da Cidade, seguindo em direção ao Palácio do Buriti, onde o ato continua em frente à sede do Governo do Distrito Federal (GDF).

De acordo com o sindicato, a rede pública de saúde enfrenta um déficit superior a 1.800 enfermeiros, além da falta de insumos e estruturas hospitalares precárias.

“Tem hospital com metade da equipe de enfermagem faltando. Profissional dobrando plantão, sem material adequado, e sendo cobrado como se estivesse em plena condição de trabalho”, afirmou o presidente do SindEnfermeiro-DF, Jorge Henrique de Sousa.

Paralisação conta com boa adesão de profissionais. Foto: Divulgação

Uma enfermeira da rede pública, que preferiu não se identificar, descreveu o cenário como um verdadeiro “caos”. Segundo ela, há desvio de funções e favorecimento político na alocação de profissionais. “Eles tiram enfermeiros jovens da assistência e colocam no administrativo, a pedido de deputados e cargos superiores. Pra pessoa ganhar bem e trabalhar pouco, sabe… criando desigualdade entre nós e deixando a assistência desguarnecida”, relatou.

A profissional também criticou a falta de reposição de pessoal e a permanência de servidores afastados por longos períodos. “E eles não substituem enfermeiros que saem. Tem colegas que estão há três anos de atestado também… nunca foram afastados e contam na carga horária”, contou.

O movimento segue até o fim da tarde, e o sindicato afirma que novas paralisações não estão descartadas, caso não haja avanço nas negociações com o governo.