Deslizamento no Lixão de Padre Bernardo volta a preocupar autoridades e moradores
14 novembro 2025 às 09h32

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A Secretaria de Meio Ambiente do Estado de Goiás (Semad) investiga um novo desmoronamento no Lixão de Padre Bernardo, registrado na quarta-feira (12). O órgão teme que o episódio possa agravar ainda mais a contaminação no Córrego Santa Bárbara, já comprometido pelo primeiro acidente ocorrido em 16 de junho de 2025.
De acordo com a pasta, 3 mil toneladas de resíduos cederam após uma intervenção que buscava reduzir a produção de chorume no local. A suspeita é de que o processo tenha provocado uma sobrecarga e contribuído para o colapso.
O gerente de emergências da Semad, Maj. Sayro Reis, explicou que a pilha de resíduos — que tinha 25 toneladas — estava sendo movimentada e coberta com terra com o objetivo de diminuir o volume de chorume e a presença de vetores. “Dentro desse processo, talvez de uma sobrecarga, que irá ser analisado pelos técnicos da Semad, o motivo que teve esse deslizamento ”, afirmou.
Além disso, o gerente reforçou a posição do órgão sobre o destino do material deslocado. “Esse material, ficou preso na grota, muito longe do Córrego Santa Bárbara, que continua limpo, mas com altos índices de poluição por conta do primeiro acidente ocorrido em junho de 2025.”
A Semad destaca que, apesar de o novo deslizamento não ter atingido diretamente o córrego, o local segue instável e com risco de novos eventos. “Se chover muito numa área sem cobrimento, pode aumentar a quantidade de chorume e ter risco de novos deslizamentos”, alertou Sayro.
O lixão permanece interditado. Apenas funcionários da empresa Ouro Verde e técnicos da Semad podem entrar na área. A equipe do Jornal Opção Entorno tentou acesso ao local nesta quinta-feira (13), mas não foi autorizada. Imagens aéreas feitas por drone revelaram caminhões e tratores movimentando resíduos e reforçando áreas de contenção.
Desde o primeiro colapso, a Ouro Verde — responsável pela construção do lixão em área de preservação ambiental — já foi multada em R$ 37,5 milhões.
População relata cheiro forte, moscas e doenças
Moradores do entorno afirmam que vêm enfrentando problemas desde o primeiro desmoronamento. Uma comerciante relatou. “Afeta porque, tem tido assim, muita mosca, e da primeira vez que estourou, o mal cheiro do lixão ficou bem forte. Veio até pra cá, uma área comercial e distante do lixão.”
Ela conta que, após o primeiro acidente, houve registros pessoas com mal-estar, incluindo falta de ar e hospitalizações. “Muita mosca, o pessoal ficando doente, uma colega nossa foi parar no hospital. Com falta de ar e tudo.”
O Maico, outro morador da região, que estava acompanhado da esposa e da filha de colo, relatou problemas na qualidade da água no bairro Ouro Verde: “Às vezes parece que, vem amarelada”. Perguntado se a água tem aspecto de suja, o jovem confirma que sim.
Morador da região há mais de cinco anos, afirma que a situação vem se agravando com os recentes incidentes. Ele confirma episódios de diarreia e vômito relacionados ao consumo. “Tem sim casos isolados, mas muitas pessoas acham até normal esses sintomas”, desabafa.
O que diz a Ouro Verde
A empresa informou em nota que está adotando todas as medidas necessárias para garantir a estabilidade da área e que “dessa vez não houve impacto ambiental e que não há risco estrutural para o local e o entorno dele.”
A empresa afirma ainda que, desde o desabamento de 16 de junho de 2025, reforçou a contenção das pilhas, ampliou o sistema de drenagem e revisou processos operacionais.
Prefeitura cobra medidas não cumpridas
A reportagem foi até a sede do governo municipal, tentou contato com o prefeito Joseleide Lázaro (UB) e com a secretária municipal de Meio Ambiente, Daiana Monteiro Cavalcante, mas não obteve resposta devido ao expediente reduzido da prefeitura.
Em nota, o município explicou que recebeu o comunicado da Ouro Verde informando o deslizamento. Segundo o texto, o material deslocado estava em processo de cobertura para instalação de drenos de gás e chorume e “não atingiu o córrego, e está retida no dique que foi instalado anteriormente para esse fim.”
A prefeitura afirmou que vai cobrar providências urgentes, especialmente o esvaziamento das lagoas de chorume, consideradas de risco iminente de rompimento por técnicos da prefeitura em vistorias anteriores.
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