Se você olhasse a parada de sucesso musical no Brasil durante os anos 1960, veria que todos os artistas amados pelo público estavam na tela da TV Record. A emissora entrou no ar em 27 de setembro de 1963 pelo Canal 7 em São Paulo. Seu dono era Paulo Machado de Carvalho.

A Record tinha em seu elenco (o “casting” como se dizia na época) os maiores nomes da música brasileira. Não era apenas sucesso por ser querido pelo público ou liderar as vendas de discos. Era sucesso por causa da música de qualidade, porque era bom demais, porque estava revolucionando a MPB.

Quer um exemplo? Elis Regina e Jair Rodrigues apresentavam o programa “Fino da Bossa”. A “Jovem Guarda” mostrava Roberto, Erasmo e Wanderléa com rock e canções adocicadas de amor. Wilson Simonal vinha com seu limão, limoeiro no “Show em Si Monal”.

A Record foi a emissora dos festivais da canção. Se o artista de sucesso não tinha programa no Canal 7, ele participava da competição musical. Caetano Veloso e Gilberto Gil fizeram apresentações memoráveis nos festivais da Record, mas o programa deles “Divino, Maravilhoso” era na Tupi. Edu Lobo, vencedor do festival de 1967, conta no documentário “Uma noite em 67”, que o público levava muito a sério a disputa musical. Tinha gente que apostava em quem venceria e quando encontrava o cantor dizia “Olha, não me perde esse festival porque apostei uma grana em você”.

O AI-5 foi demolidor. No final de 1968, muitos artistas saíram do Brasil para fazer turnê lá fora e fugir da repressão do governo. Nos anos 1970, a Globo consolidava sua liderança e desbancava a Record contratando os artistas do momento. O Canal 7 entrou em crise. Silvio Santos comprou uma parte das ações. No final dos anos 1980, a Record foi vendida para Edir Macedo.

Ah, como eu queria ver a Record no seu apogeu. A Jovem Guarda, os festivais, Simonal, Fino da Bossa. O jeito é contentar com o que sobrou das imagens de arquivo.