O confronto ocorreu durante uma das atividades do Acampamento Terra Livre (ATL), a maior mobilização indígena do país. Segundo a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), cerca de 8 mil indígenas de diversas etnias participam da 21ª edição do evento, que tem como tema central: “Apib somos todos nós: em defesa da Constituição e da vida”.

A manifestação, que fazia parte da programação, ficou acalorada após um grupo de manifestantes avançar além do limite previamente acordado com as autoridades, aproximando-se do gramado do Congresso Nacional. O combinado, de acordo com nota da Câmara dos Deputados, era que os participantes se concentrariam até a Avenida José Sarney, antes da Avenida das Bandeiras.

Com o avanço inesperado, as Polícias Legislativas da Câmara e do Senado reagiram utilizando agentes químicos, como gás de pimenta, para conter a multidão e impedir a aproximação e entrada no Palácio do Congresso Nacional, segundo divulgou, em nota oficial, a Câmara dos Deputados. A Secretaria de Polícia do Senado informou que “a dissuasão foi realizada exclusivamente por meios não letais e a ordem foi restabelecida”.

Uso de artefato químico

A deputada federal Célia Xakriabá (PSOL-MG), que participava do ato, foi atingida por gás de pimenta durante o confronto. Logo após, a parlamentar se dirigiu à barreira policial, identificou-se como deputada e questionou o uso do artefato químico. Ela também relatou dores nos olhos em decorrência da exposição ao gás.

Para a deputada Célia Xakriabá, a ação da polícia “não foi coincidência, foi premeditada”

Nas redes sociais, a Célia Xakriabá publicou um áudio em que, segundo ela, um agente das forças de segurança do Distrito Federal profere a frase: “Deixa meter o cacete”. Para a deputada, a declaração representa uma “fala racista e violenta” e, em sua avaliação, a ação da polícia “não foi coincidência, foi premeditada. Já existia um plano de violência”.

Em nota, a Presidência do Congresso Nacional declarou que “reforça seu respeito aos povos originários e a toda e qualquer forma de manifestação pacífica. No entanto, é indispensável que seja respeitada a sede do Congresso Nacional e assegurada a segurança dos servidores, visitantes e parlamentares”.

A reportagem do Jornal Opção Entorno procurou a assessoria de imprensa da Polícia Militar do Distrito Federal para comentar o caso, mas, até o fechamento desta matéria, não obteve resposta.

O Acampamento Terra Livre ocorre anualmente na capital federal e tem como principais pautas a defesa dos direitos constitucionais dos povos indígenas, incluindo a demarcação de terras, a proteção de seus territórios e o acesso a políticas públicas.

Confira o vídeo:

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