Festa do Divino movimenta fé e cultura em Luziânia

07 junho 2025 às 18h20

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Luziânia se encheu de cores, fé e emoção com mais uma edição da Festa do Divino Espírito Santo. Celebrada com entusiasmo pelos moradores, a tradição — viva há mais de um século — transforma a cidade mais antiga do Entorno, com 278 anos de história. De tamanha importância para a comunidade, a celebração é feriado local e mobiliza gerações inteiras.
Desde cedo, as ruas foram tomadas por foliões e devotos com a tradicional bandeira vermelha do Divino. Os cortejos passaram por pousos nas casas dos fiéis, em momentos de oração e confraternização. O ponto alto da noite ocorreu às 19h30, em frente à Igreja Matriz, com a troca das bandeiras — cerimônia acompanhada por mais de 2 mil pessoas emocionadas. O encerramento foi marcado por um show de fogos que iluminou o céu por mais de 20 minutos.

Dina Queiroz, é uma das moradoras que vive a festa com intensidade. Para ela, é um momento sagrado de reconexão com a fé e com a família. “Representa renovar a nossa fé. Sentir a presença do Divino Espírito Santo no nosso coração é uma emoção muito grande”, afirma.
Ela destaca o momento mais marcante da celebração. “O encontro das bandeiras na porta da Igreja é, sem dúvida, o mais emocionante. Sempre vem acompanhado de muitas lágrimas”.
Dina também ressalta a importância de envolver os mais jovens. “Temos vários jovens que se dedicam. Muitos colocam os nomes no sorteio para serem foliões e trabalham voluntariamente durante os nove dias de festa”.
Carla Oliveira, acompanha os festejos com gratidão e vê na festa um período de bênçãos e preparação espiritual. “Os festejos em honra ao Divino Espírito Santo são a preparação para Pentecostes. É tempo de renovar a fé e agradecer pelas graças recebidas”, comenta.
Ela se encanta com a união entre as gerações que a celebração proporciona. “É um misto de fé, intimidade com Deus e encantamento. Ver crianças, jovens e idosos participando com tanta devoção é lindo demais”.
Para Carla, o valor da festa vai além das manifestações religiosas. “A procissão, as novenas, os leilões e o almoço comunitário fortalecem nossa fé e os laços com a comunidade”.
Quem também vive a festa de forma intensa é Marcos Melo. Membro de uma das famílias mais antigas da cidade, ele cresceu cercado pela devoção ao Divino e hoje faz questão de manter viva a tradição. “Minha família participa desde o início da festa, que começou por volta de 1753. Meu avô passou para meu pai, que passou para mim. E hoje meus filhos me acompanham”, conta, orgulhoso.
Entre memórias e milagres, Marcos relembra um episódio marcante. “Minha filha estava sofrendo com pedra nos rins, e meu pai disse que o Divino iria ajudar. No domingo de Pentecostes, ela expeliu a pedra. Isso fortalece nossa fé”.
Com brilho nos olhos, ele fala da nova geração que já cresce envolvida pela fé. “Ontem, meu primo levou o filho de 5 anos com a bandeirinha. Minha sobrinha-neta foi a imperatriz do Divino. Vamos passando esse amor de geração em geração”.
A Festa do Divino de Luziânia vai além dos cortejos. Inclui folias de rua, novenas, missas solenes, leilões, fogueiras, bingo, barracas de comidas típicas — com destaque para o famoso pão de queijo frito — e até leilão virtual. Os devotos também visitam órgãos públicos e comércios com a bandeira, em uma tradição que nasceu a partir do sonho de um padre.
As crianças participam ativamente e aprendem desde cedo a amar a festa. Outro atrativo são as cavalhadas, que voltaram a ser realizadas há dois anos e encantam moradores e visitantes no primeiro sábado do evento.
A celebração segue crescendo, unindo fé, cultura, tradição e a identidade de um povo que mantém viva, ano após ano, a chama do Divino Espírito Santo em cada canto de Luziânia.