A Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal (Secec) lançou o edital de chamamento público para a seleção de Organização da Sociedade Civil (OSC) que deverá, em parceria com a Secec, realizar as três próximas edições do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro (FBCB), referentes aos anos de 2024, 2025 e 2026. O investimento total será de R$ 9 milhões, com um orçamento de R$ 3 milhões para cada edição.

Tradição na capital federal, o FBCB ocorre há 59 anos, em período escolhido entre setembro e novembro, oferecendo oito dias de programação. Desta vez, a exibição será em formato híbrido, presencial e virtual. Considerado um dos mais importantes festivais de cinema do Brasil, o evento conta também com a participação de realizadores da Região Metropolitana do Distrito Federal – que inclui municípios do Entorno – e da Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno (Ride).

“O Festival de Brasília do Cinema Brasileiro é um dos grandes momentos da cultura não só do DF, mas de todo o país. Uma oportunidade única de reconhecer produtores, cineastas e agentes do audiovisual de todo o Brasil. Um movimento que fomenta a cultura não só do DF, mas também da nossa região do Entorno de Brasília”, afirma o secretário de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal, Claudio Abrantes.

Segundo ele, o FBCB é reconhecido para além das fronteiras do DF e do Brasil, tornando-o uma referência e grande vitrine para o setor do audiovisual. “Estamos trabalhando incansavelmente para ter um festival com uma gestão eficiente, com planejamento e transparência, o que tornará o nosso evento um grande sucesso, com a entrega que a sociedade e toda a comunidade cinematográfica e setor do audiovisual esperam e merecem”, frisa Abrantes.

Claudio Abrantes diz que o festival fomenta a cultura não só do DF, mas também do Entorno (Foto: Divulgação)

Cultura quilombola

A artista Marta Kalunga, muito conhecida na região da Chapada dos Veadeiros, moradora de Cavalcante, município da Ride, teve interesse em apresentar o seu trabalho, ao saber do lançamento do edital. “Ano passado, participei do festival como atriz. Nessas próximas edições, quero muito mostrar um filme da minha autoria”, salienta. “Esse evento é muito conhecido e nós também fazemos parte dessa história, mesmo morando um pouco distante. Estamos sempre em Brasília”, explica Marta, acrescentando que deseja um DF mais perto da população, em especial da cultura, que é tão rica e pouco divulgada, em sua opinião.

O filme “Marta Kalunga”, lançado em 2022 e protagonizado pela própria quilombola – que dividiu a direção com Lucinete e Thaynara Rezende –, alcançou visibilidade e reconhecimento notório, com os prêmios de melhor documentário, melhor direção, melhor atriz e melhor som no Festival Internacional de Cinema Ambiental (FICA) 2023. A produção recebeu, ainda, prêmio de Melhor Média-Metragem na V Mostra de Cinema Negro Adélia Sampaio, de Melhor Filme pelo júri popular e Melhor Fotografia na Mostra Clandestina 2022, além de menção honrosa na 7ª Cinebaru – Mostra Sagarana de Cinema.

Marta Kalunga: “Nós também fazemos parte dessa história” (Foto: Divulgação)

Marta produziu mais outros dois filmes no ano passado. O longa “Mátria Amada Kalunga”, em que ela também foi protagonista, conta a história pós-calamidade pública causada pela enchente do Rio Paranã em 2022: 27 mulheres quilombolas Kalunga compartilharam suas origens e o cotidiano depois da enchente. Já o curta “Meada Cor Kalunga” – com roteiro e direção de Marta – fala sobre a preparação das meadas de lã para o processo de tingimento na comunidade quilombola de Vão de Almas. O filme já foi exibido em mais de cinco festivais no Brasil. “Sempre falo que ninguém melhor do que nós, para contarmos as nossas histórias. Isso eu aprendi e repasso quando posso”, declara Marta, orgulhosa de sua trajetória e participação cultural como quilombola.

Evento democrático

A atriz e dançarina Eliana Carneiro, moradora do distrito de Olhos d’Água, em Alexânia, já teve seu trabalho apresentado em outras edições do festival, e considera o evento democrático. “O artista tem que ficar antenado nas datas de festivais e editais. Já tive apresentações que participei sendo exibidas no Cine Brasília e é uma emoção muito grande, quando se faz parte do elenco e da produção, de alguma forma”, relata a também pedagoga, contadora de histórias, palhaça, ilustradora e diretora de cinema e teatro.

A artista está há quase 29 anos à frente da Companhia Os Buriti – Teatro de Dança, que tem entre seus espetáculos mais marcantes “Blima” e “Cantos de Encontro”.

Eliana Carneiro: “O artista tem que ficar antenado nas datas de festivais e editais” (Foto: Divulgação)

Seleção dos filmes

O ator, diretor e produtor Frank Joseph, por sua vez, morador de Santo Antônio do Descoberto, procura sempre participar do evento, o qual considera um dos maiores festivais disponíveis para os realizadores, mas faz um questionamento quanto à seleção do material cinematográfico. “Há uma grande quantidade de filmes enviados, porém fica a dúvida sobre como eles são escolhidos, já que o tempo para avaliar parece pouco, para se assistir a tantas produções”, considera.

Frank já foi ator no filme “Cidadão Brazza”, o qual levou o prêmio de Melhor Filme Júri Popular em 2013, no FBCB, e diretor/produtor na web série “Pode Produção”, além de finalizar o longa metragem “Príncipe do Gueto”.

Frank Joseph considera o festival uma boa oportunidade, mas acha que há pouco tempo para avaliar as produções (Foto: Divulgação)

Inscrições até 20 de junho

O festival será realizado em formato híbrido, com exibições presenciais de filmes e outras atividades acontecendo tanto presencialmente quanto virtualmente, ou via canal de TV.

As OSCs interessadas têm até 20 de junho para submeter suas propostas, sendo que a seleção e o processo de contratação da OSC responsável por operacionalizar o festival em três edições consecutivas acontece até o dia 8 de agosto, com a assinatura de um Termo de Colaboração.

Para mais detalhes sobre o edital e informações sobre como participar, basta acessar o portal oficial da Secec.

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