Saber ler uma placa a caminho de casa, para muitos, pode ser algo banal, mas para Maria Ferreira dos Santos, de 73 anos, é motivo de grande orgulho. “Eu estava com minha filha, consegui juntar as palavras e li: ‘Lava jato’. Foi a maior alegria”, conta. Maria é um dos 15 idosos que fazem parte do projeto Oficina de Letramento do Centro Integrado de Assistência Social do Jardim ABC, na Cidade Ocidental (GO).  

Após uma vida dedicada a cuidar dos filhos e netos, ela decidiu que era hora de cuidar de si mesma e começou a frequentar a oficina: “Eu só assinava o meu primeiro nome, porque não conseguia escrever o meu nome completo. Hoje eu consigo”, orgulha-se.

Maria Ferreira dos Santos se sente orgulhosa de tudo o que aprendeu (Foto: Divulgação)

Mudança de vida

O projeto tem apenas seis meses; porém, mesmo em pouco tempo, já fez diferença na vida de quem participa. Cleide Nunes da Costa, 65, mãe de quatro filhos – a caçula tem 7 anos –, frequenta a Oficina de Letramento desde julho. “Antes eu não sabia ensinar o dever da escola para os meus filhos e precisava pedir para outras pessoas me ajudarem. Agora eu ensino a minha filha mais nova”, comemora.

A Oficina de Letramento tem como objetivo a alfabetização básica, como explica a secretária de Assistência Social e Cidadania da Cidade Ocidental, Rosaléa Rodrigues. “O projeto visa trazer o básico da alfabetização para quem não teve oportunidade de estudar no tempo certo”, afirma.  

A secretária ressalta que ter um espaço de letramento somente para os idosos ajuda no convívio mútuo e no estímulo a quem deseja continuar estudando, pois vários deles sentiam vergonha de não saber ler e escrever. “Muitos têm medo de não dar conta de aprender e o projeto trabalha isso, mostrando que é possível”, pontua.

Rosaléa destaca, ainda a recuperação da autoestima e a superação da depressão entre as pessoas da terceira idade, por meio desse aprendizado. “Tudo é realizado de forma pedagógica, com músicas e brincadeiras, além de desenhos para trabalhar a coordenação motora”, detalha.

Cleide Nunes da Costa: “Agora eu ensino minha filha mais nova” (Foto: Divulgação)

Alunos aplicados

O vocábulo “letramento” significa induzir o indivíduo a ter capacidade de aprender a ler e escrever, fazendo com que ele consiga interagir em sociedade, com segurança sobre o que aprendeu.

É o caso dos idosos beneficiados pelo projeto. “O horário da oficina é das 8h às 12h, todas as segundas e quartas-feiras. No entanto, eles chegam aqui às 7h30min e ficam conversando sobre o que aprenderam na aula anterior”, conta, empolgada, a coordenadora do Centro Integrado de Assistência Social – bairro Jardim ABC, Soenis Meireles.

Professora Renata e Rosaléa Rodrigues: idosos encaram o aprendizado com responsabilidade

De acordo com a coordenadora, a participação dos idosos é voluntária, sem obrigatoriedade de frequência diária. Todavia, eles encaram o aprendizado com o mesmo senso de responsabilidade de um aluno aplicado em sala de aula de uma escola tradicional. “Eles têm a preocupação de avisar, quando não podem vir à aula. Mas nem precisariam fazer isso, pois aqui é uma oficina”, explica, ao elogiar a dedicação dos idosos no projeto. 

Para participar da Oficina de Letramento, basta se dirigir até o Centro Integrado de Assistência Social – bairro Jardim ABC – na Cidade Ocidental, ou entrar em contato pelo telefone: (61) 3605-3695.