O avanço da inteligência artificial está acendendo um alerta para as eleições nas cidades do Entorno do Distrito Federal. A tecnologia, que pode criar vídeos, áudios e imagens com aparência real, vem sendo usada em todo o país para espalhar desinformação, principalmente em períodos de campanha. O medo é que isso também aconteça por aqui, interferindo na escolha do eleitor e prejudicando candidatos de forma injusta.

Entre os riscos, estão os deepfakes, montagens em que pessoas aparecem dizendo ou fazendo coisas que nunca aconteceram. Em um vídeo falso, por exemplo, um candidato pode ser mostrado prometendo algo que nunca disse ou envolvido em escândalos inexistentes. Áudios falsos também têm se espalhado com facilidade em grupos de mensagens, confundindo a população e colocando em dúvida a veracidade das informações.

Outro problema é o uso de mensagens criadas por IA para manipular grupos específicos de eleitores, com promessas ou alertas falsos, que apelam para o medo ou para a emoção. Essa prática, conhecida como microtargeting, pode afetar principalmente comunidades menores e áreas rurais do Entorno, onde o acesso à checagem de notícias é mais limitado.

A Justiça Eleitoral já vem se preparando para enfrentar o problema. Uma resolução aprovada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) proíbe o uso de conteúdos manipulados por inteligência artificial que prejudiquem ou favoreçam candidatos. Qualquer vídeo, imagem ou áudio criado com IA precisa conter aviso claro informando que se trata de material sintético. Caso contrário, o responsável pode responder por crime eleitoral, perder o registro de candidatura, ter o mandato cassado e ainda pagar multa.

Além dos candidatos, quem compartilha conteúdos falsos também pode ser punido. A Justiça Eleitoral tem poder para determinar a remoção imediata de postagens nas redes sociais e responsabilizar quem publicou o material. As plataformas digitais, como Facebook, Instagram e X (antigo Twitter), também podem ser obrigadas a apagar postagens e até pagar multas se não cumprirem as decisões.

A melhor forma de combater esse tipo de crime é com educação e informação. A recomendação é que o eleitor desconfie de vídeos ou áudios polêmicos que circulam em grupos, principalmente perto das eleições, e busque sempre conferir se a informação foi publicada por um veículo de imprensa confiável.

O uso irresponsável da inteligência artificial coloca em risco a verdade e o voto consciente. No Entorno do DF, onde o debate político costuma se espalhar rapidamente pelas redes, o alerta está aceso: quem tentar enganar o eleitor usando tecnologia pode acabar fora da disputa, e ainda responder na Justiça.