A relação entre natureza e o ser humano nem sempre costuma acontecer de forma harmoniosa. Nesse sentido, o turismo, a principal atividade econômica dos municípios da Chapada dos Veadeiros, torna-se um desafio aos gestores públicos. O atual prefeito de Alto Paraíso, Marcus Adilson Rinco (UB), sabe bem disso e tem nas mãos a missão de conciliar o desenvolvimento econômico à preservação ambiental.

Durante esse período seco, a combinação de fatores climáticos, ambientais e humanos favorece a ocorrência de incêndios florestais no Cerrado. A Chapada dos Veadeiros, por exemplo, é um ponto de grande atenção. Em outubro de 2017, um incêndio de grandes proporções atingiu a área, destruindo cerca de 35 mil hectares de vegetação.

Nesta entrevista ao Jornal Opção Entorno, Rinco detalha as ações executadas na região, com foco na preservação ambiental da Chapada. Além disso, destaca quais são os desafios enfrentados na implementação de políticas ambientais.

Marcus Rinco com os prefeitos Carlinhos do Mangão (Novo Gama) e Cristiomário Medeiros (Planaltina), e o deputado estadual Lincoln Tejota (UB) (Foto: Divulgação)

Paulo Henrique Magdalena – Como as atividades turísticas estão impactando o meio ambiente na Chapada dos Veadeiros?

Marcus Rinco – Não deixa de impactar. Porque, primeiro, há uma grande quantidade de turistas, e onde as pessoas passam, deixam seus rastros. Então, existe uma quantidade significativa de estradas e trilhas que dão acesso aos atrativos. E isso reflete no meio ambiente, porque precisamos passar a máquina com mais frequência para arrumar e facilitar esse acesso. Além disso, há uma grande preocupação, principalmente nessa época, com a questão do fogo. O turista, normalmente, pode deixar coisas que causam incêndio, como uma bituca de cigarro, por exemplo.

Paulo Henrique Magdalena – Quais medidas, por parte da prefeitura, estão sendo tomadas para preservar a biodiversidade da Chapada dos Veadeiros?

Marcus Rinco – Bom, existe a questão dos resíduos sólidos, do lixo. Com o aumento de pessoas na cidade, há um grande aumento na quantidade de lixo. Nós estamos tomando algumas atitudes. Em relação ao fogo, temos uma parceria com o Corpo de Bombeiros, e durante todo o período seco eles desenvolvem o programa Cerrado, em que uma equipe fica de plantão do mês de julho até o mês de novembro. Para minimizar esses outros impactos, a prefeitura tem que incrementar seus serviços de coleta de lixo, limpeza da cidade e manutenção das estradas. E isso gera um custo muito grande para o município. Implementamos uma taxa de conservação ambiental, em que o turista paga uma taxa de R$ 20, que dá direito a ele ficar no município por até sete dias. E essa taxa tem que ser investida para a conservação e preservação do meio ambiente.

Paulo Henrique Magdalena – Como as comunidades locais estão envolvidas nas iniciativas de conservação ambiental da Chapada dos Veadeiros?

Marcus Rinco – A comunidade de Alto Paraíso é muito heterogênea e eclética. Existem muitas ONGs e pessoas envolvidas com a questão do meio ambiente. Em relação ao incêndio, há brigadas voluntárias, que os cidadãos participam e se colocam à disposição para ajudar no controle e combate a incêndios. Além disso, há um trabalho de conscientização para a coleta seletiva do lixo, que está começando agora.

O prefeito de Alto Paraíso com o secretário-geral de Governo, Adriano da Rocha Lima, e o chefe de gabinete do governador Ronaldo Caiado, Alex Godinho, durante evento de lançamento do Novo PAC, na Alego (Foto: Divulgação)

Paulo Henrique Magdalena – Como a gestão do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros está lidando com o problema dos incêndios florestais?

Marcus Rinco – O Parque Nacional conta com uma equipe treinada e preparada para ações de prevenção e combate aos incêndios florestais. Então, há uma equipe especializada nesse trabalho.

Paulo Henrique Magdalena – Quais são os desafios enfrentados na implementação de políticas ambientais na Chapada dos Veadeiros?

Marcus Rinco – É uma dificuldade mesmo de ação. Muitas vezes, as pessoas não têm consciência de que pequenas ações podem evitar esses problemas ambientais. É um trabalho de conscientização que precisa ser feito constantemente e os resultados estão aparecendo. Comparado a outras regiões, já temos uma consciência ambiental muito grande. Muitas pessoas estão envolvidas em nosso programa e apoiam essa preocupação com a preservação ambiental.

Paulo Henrique Magdalena – Como o governo estadual está apoiando a proteção ambiental na Chapada dos Veadeiros?

Marcus Rinco – Tem a presença constante da Semad, a Secretaria de Meio Ambiente, com ações nessa área de preservação. A fiscalização também acontece sempre. Nós temos um problema muito grande, que é o parcelamento irregular do solo. Nas áreas rurais, ainda há uma atribuição do estado para a Secretaria de Meio Ambiente, que lida com essa questão. Não chega a ser loteamento, mas são terrenos vendidos em parcelas menores que o permitido para a área rural. E isso, como não pode ser registrado de forma adequada, é um grande problema que enfrentamos. O ambiente sofre muita pressão, devido a esses parcelamentos irregulares.

Marcus Rinco com o senador Vanderlan Cardoso (PSD) (Foto: Divulgação)

Paulo Henrique Magdalena – Como os avanços tecnológicos estão sendo utilizados para a conservação da Chapada dos Veadeiros?

Marcus Rinco – Há diversas ações em relação a incêndios, utilizando aviões e equipamentos, sempre com a atuação do Corpo de Bombeiros e do programa Pé de Fogo. A tecnologia tem avançado nessas questões de combate.

Paulo Henrique Magdalena – Qual é a sua visão para o futuro da Chapada dos Veadeiros em termos de conservação ambiental?

Marcus Rinco – Nós precisamos trabalhar em ações de preservação. Caso contrário, com a presença crescente do ser humano, esses problemas só tendem a aumentar. Temos que investir em ações de conscientização e combate às ações nocivas ao meio ambiente. Eu quero vê-lo cada vez mais bonito. E não acho que ele vai acabar em 30 anos. Estamos implementando e temos a intenção de implementar ações nesse sentido. A Chapada é um lugar muito procurado, tanto como destino de moradia, quanto por pessoas que querem viver lá. Então, precisamos ter esses cuidados.

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