Desmatamento cai 29% no Cerrado, mas seca ainda preocupa
25 julho 2024 às 18h20
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O desmatamento no Cerrado caiu 29% no primeiro semestre de 2024, em comparação com o período homólogo. Os dados foram divulgados pelo Sistema de Alerta de Desmatamento do Cerrado (SAD), desenvolvido pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam).
Segundo os dados, a área afetada nos primeiros meses foi de 3,470 km², equivalente a mais de duas vezes o tamanho da cidade de São Paulo. Um dos estados que mais teve queda no desmatamento foi Goiás. No período, houve redução de 59% no desmatamento no Estado.
Mesmo com a queda, a tendência é que a perda de vegetação cresça no segundo semestre, devido ao período de seca que segue até meados de outubro. Estados como Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia representam 77% do desmatamento do Cerrado.
“A gente não tem elementos ainda para, de fato, afirmar que o desmatamento no Cerrado diminuiu este ano”, diz a pesquisadora e coordenadora do SAD Cerrado, Fernanda Ribeiro.
A estatística oficial é do sistema Prodes, elaborado Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Os dados de 2024 desta plataforma ainda devem ser divulgados.
Os cinco municípios com mais área desmatada em km² são: Balsas (MA) (107,8); Ponte Alta do Tocantins (TO) (94,2); Alto Parnaíba (MA) (64,5); São Desidério (BA) (63); e Uruçui (PI) (62,9).
Para Fernanda, há questões que dificultam o controle do desmatamento no bioma. “A gente tem a questão da regularização fundiária, que é um problema no Cerrado; tem os vazios fundiários, que não estão em nenhuma categoria na legislação, não estão regularizados; e até o próprio Cadastro Ambiental Rural (CAR), que não está completo no Cerrado. A questão da regularização fundiária é o principal dificultador, atrelado também as políticas (insuficientes) de combate e controle”, explica.
Amazônia
Segundo os dados, o desmatamento na Amazônia também caiu neste ano. A queda, segundo observado pelo SAD do Imazon, foi de 36%, o menor desmatamento desde 2017. Porém, os próximos seis meses são os mais preocupantes para o bioma.
“O período mais seco do calendário do desmatamento ocorre entre os meses de maio a outubro. Historicamente, os valores são mais altos durante esses meses porque o clima propicia a prática do desmatamento”, detalha Larissa Amorim, pesquisadora do Imazon. (Luan Monteiro)
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