A Organização da Sociedade Civil Jaguaracambé desempenha um papel fundamental na conservação da biodiversidade do Cerrado, conduzindo estudos que identificam animais ameaçados de extinção, avaliam seus impactos e desenvolvem estratégias de conservação com animais encontrados nas unidades de conservação no DF e na Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno (Ride).

Por meio de intercâmbio científico e projetos de pesquisa, a equipe técnica da OSC, composta por especialistas em diversas áreas (pesquisadores, zootecnistas, biólogos e veterinários), utiliza o monitoramento por câmeras para estudar animais silvestres em seu habitat natural. Essa abordagem não invasiva permite que os pesquisadores compreendam padrões de movimento, hábitos alimentares e interações sociais, informações essenciais para a conservação.

Os estudos da Jaguaracambé contribuem significativamente para a compreensão das ameaças enfrentadas por espécies em risco de extinção, como a perda de habitat, fragmentação e caça ilegal. Esses dados são fundamentais para o desenvolvimento de estratégias eficazes de conservação, que visam proteger e recuperar populações animais vulneráveis.

Como é feito o monitoramento

O monitoramento de fauna é realizado em conjunto com o projeto de avaliação sanitária em unidades de conservação, como a Estação Ecológica de Águas Emendadas, em Planaltina; o Parque Nacional de Brasília; e a Área de Proteção Ambiental da Cafuringa, que fica na Chapada da Contagem, região administrativa de Sobradinho.

As armadilhas fotográficas, equipadas com sensores de movimento e calor, são dispositivos que registram imagens (fotos e vídeos) e permanecem ativas por vários dias, armazenando os arquivos em cartões SD. Esse método tem se mostrado eficiente nos estudos de mamíferos de médio e grande porte, permitindo a identificação precisa das espécies.

O equipamento é instalado em locais com maior probabilidade de registros da fauna presente, selecionados com base em indícios como fezes e pegadas. Ao permanecerem ativas por períodos prolongados, as armadilhas fotográficas captam imagens de animais que podem ser difíceis de observar diretamente, fornecendo informações valiosas sobre seus hábitos.

A precisão na identificação das espécies é um dos principais benefícios das armadilhas fotográficas. As imagens registradas permitem a análise de características morfológicas, como padrões de pelagem, tamanho e forma, facilitando a distinção entre espécies semelhantes. Além disso, as armadilhas podem ser usadas para monitorar indivíduos específicos, fornecendo dados sobre seus movimentos, comportamento e interações sociais.

A Estação Ecológica Águas Emendadas conta atualmente com 12 câmeras de monitoramento, chamadas de câmeras trap. Mas a expectativa é expandir e conhecer quais são as espécies existentes em outras unidades de conservação. Para isso, o Instituto Brasília Ambiental (Ibram) pretende adquirir mais 15 equipamentos fotográficos para serem instalados no Parque Ecológico dos Pequizeiros, em Planaltina, e na Área de Proteção Ambiental de Cafuringa, na região do Lago Oeste. Essa expansão do sistema de câmeras trap permitirá ampliar o conhecimento sobre a biodiversidade existente nessas áreas protegidas.