Na última semana, o Governo do Distrito Federal (GDF), por meio da Secretaria de Transporte e Mobilidade (Semob), assinou convênio com o Laboratório de Transportes e Logística (LabTrans) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), para revisão do Plano Diretor de Transporte Urbano e Mobilidade (PDTU) do DF. Com investimentos de R$ 7,8 milhões, o plano tem como objetivo definir as diretrizes e as políticas estratégicas para a gestão dos transportes urbanos ao longo dos próximos 15 anos.

Para atualizar o PDTU, técnicos do LabTrans, em parceria com a Fundação de Estudos e Pesquisas Socioeconômicas (Fepese), vão realizar pesquisas em cerca de 10 mil domicílios do Distrito Federal e de 13 municípios da Região Integrada de Desenvolvimento do DF e Entorno (Ride), para percepção do nível de satisfação dos usuários em relação ao transporte público coletivo.

Desenvolvimento em conjunto

De acordo com a Semob, participarão da atualização do plano as seguintes cidades da Ride, além do DF: Águas Lindas de Goiás, Alexânia, Cidade Ocidental, Cristalina, Cocalzinho, Formosa, Luziânia, Novo Gama, Padre Bernardo, Planaltina de Goiás, Santo Antônio do Descoberto, Valparaíso de Goiás e Cabeceira Grande.

Zeno Gonçalves: “A infraestrutura de transporte do Entorno é essencialmente conectada à nossa” (Foto: Renato Alves/ Agência Brasília)

“A nossa ligação com o Entorno é fundamental e deve fazer parte dessa modelagem do plano, até porque quase 60% da população economicamente ativa trabalha em Brasília e isso impacta diretamente sobre o nosso transporte e mobilidade”, afirma o secretário da Semob, Zeno Gonçalves. E complementa: “Nós temos que ter esse olhar especial com o Entorno, pois a infraestrutura de transporte da região é essencialmente conectada à nossa. Estamos comprometidos em desenvolver este plano em conjunto”.

Parceria com a SEDF-GO

A ideia, com o novo PDTU, é implementar um sistema de gestão compartilhada do transporte público da Ride, o que pode significar um marco histórico para a região, segundo avalia a titular da Secretaria do Entorno do DF (SEDF-GO), Caroline Fleury. “Os estudos serão feitos por instituições renomadas na área de transporte e, para toda política pública, é fundamental que tenhamos um bom diagnóstico para o desenvolvimento de projetos”, frisa.

Fleury também ressalta que não tem como pensar na mobilidade do DF sem olhar para as cidades circunvizinhas. O plano anterior já mencionava alguns municípios, mas de forma superficial. “Estamos colaborando com profissionais extremamente competentes do LabTrans e, o mais importante, estamos integrando este processo com o Entorno”, comenta. A secretária indicou o superintendente da Região Metropolitana do Entorno do DF, Fernando de Melo, para acompanhar o trabalho executado pelo LabTrans.

Caroline Fleury: “Os estudos serão feitos por instituições renomadas na área de transporte” (Foto: Divulgação)

Etapas da pesquisa

O PDTU é uma exigência do Estatuto da Cidade para municípios com mais de 500 mil habitantes. “Atuamos desde 1998 no desenvolvimento de trabalhos especializados nas mais diversas áreas de transporte, apoiando as três esferas de entes da federação”, diz o gerente técnico da LabTrans, Victor Caldeira, ao enfatizar a expertise da instituição responsável pelos estudos e atualização do plano.

Para ele, a revisão do PDTU é uma grande oportunidade para adaptar o transporte e mobilidade ao crescimento da capital e cidades vizinhas. “De 2010 a 2022, tivemos um crescimento de aproximadamente 10% na população e um incremento de 62% na taxa de motorização. É uma tendência nacional, mas o DF foi fortemente impulsionado pelo seu desenvolvimento e pela sua formação estrutural”, explica.

Victor Caldeira: “Será realizado o diagnóstico de cada um dos modos de deslocamento” (Foto: Divulgação)

Segundo o gerente técnico, o projeto incluirá levantamentos secundários e pesquisas de campo para subsidiar as etapas seguintes, dentre elas: pesquisa domiciliar de origem e de destino, pesquisas qualitativas e quantitativas no transporte público coletivo, levantamentos das condições gerais de passeios, sinalização, infraestrutura para ciclistas, entre outros. “Com base nessas informações e na avaliação do desempenho do PDTU vigente, será realizado o diagnóstico de cada um dos modos de deslocamento e eixos de avaliação dos transportes urbanos, de forma a permitir o estabelecimento de cenários futuros com propostas para a região do DF e Entorno”, detalha.

O convênio assinado prevê ainda a realização de quatro audiências públicas, além de oficinas de trabalho e temáticas regionalizadas para conhecer, principalmente, os padrões de deslocamento do DF e Entorno, as motivações de viagem e a escolha do transporte. “Os trabalhos serão conduzidos juntamente com o corpo técnico da Semob, atores e a comunidade local, de forma a construir um instrumento que abranja os anseios dos usuários e seja tecnicamente viável e adequado para sustentar o desenvolvimento local”, afirma Victor.

O LabTrans planeja finalizar até meados de agosto o levantamento de dados. Em maio de 2025, serão entregues as propostas de curto, médio e longo prazo. A expectativa é que até julho de 2025 seja concluída a consolidação dos documentos, para posterior envio da proposta à Câmara Legislativa do DF.