Por Márcio Aguiar*

As campanhas eleitorais se baseavam em dados limitados, coletados por métodos tradicionais, como pesquisas de campo e entrevistas, que frequentemente careciam de precisão e agilidade. A capacidade de prever tendências eleitorais era restrita, o que tornava a tomada de decisões mais arriscada e, muitas vezes, ineficaz.

Contudo, com a chegada das eleições de 2024, esse cenário mudou radicalmente. O uso massivo de tecnologias de dashboard, capazes de cruzar dados de fontes diversas como o TSE, TRE, IBGE, DataSUS, entre outras, trouxe uma nova era de precisão e eficiência para as campanhas eleitorais. Essas ferramentas aumentam a assertividade das previsões, ao passo que também contribuem para o barateamento das campanhas, permitindo que estratégias sejam ajustadas em tempo real com base em dados concretos.

Dessa forma, as ferramentas tecnológicas permitem uma análise detalhada do eleitorado, segmentando-o com base em critérios específicos, como demografia, histórico de saúde, e até comportamento eleitoral em eleições passadas. Isso possibilita uma alocação mais eficiente dos recursos, focando as ações de campanha nos grupos de eleitores mais relevantes para determinado candidato ou partido. Com menos desperdício de recursos em táticas genéricas, as campanhas podem ser mais assertivas, focando em mensagens direcionadas e em regiões estratégicas, o que resulta em uma significativa redução de custos.

Além disso, essas tecnologias são uma ferramenta poderosa para as equipes de marketing e estratégia política. Os dashboards oferecem uma visualização clara e instantânea de como as campanhas estão performando em diferentes segmentos do eleitorado. Ao integrar dados de pesquisas de intenção de voto com informações socioeconômicas e de saúde pública, por exemplo, essas ferramentas permitem que as equipes ajustem suas abordagens rapidamente, respondendo a mudanças nas preferências dos eleitores ou a novos acontecimentos políticos.

Com dados mais precisos e atualizados, as campanhas podem adaptar suas mensagens e estratégias em tempo real, otimizando a comunicação com os eleitores e aumentando as chances de sucesso nas urnas. Além disso, a capacidade de monitorar a eficácia das ações em tempo real, permite uma gestão mais ágil e eficaz dos recursos, evitando gastos desnecessários e maximizando o retorno sobre o investimento.

Do ponto de vista da ciência política, essas ferramentas modernizam o processo eleitoral e transformam a maneira como as campanhas são planejadas e executadas. A democratização do acesso a esses dados e a facilidade de interpretação proporcionada pelos dashboards criam um novo paradigma, em que até mesmo candidatos com menos recursos podem competir de forma mais justa, usando a tecnologia a seu favor para otimizar suas campanhas.

Entretanto, a utilização dessas ferramentas traz consigo desafios éticos e legais. A privacidade dos dados dos eleitores deve ser rigorosamente protegida e é essencial que a tecnologia seja usada de maneira a fortalecer, e não manipular, o processo democrático.

Portanto, as eleições de 2024 marcam o início de uma nova era na política brasileira, em que a tecnologia se torna uma aliada indispensável para campanhas mais assertivas, eficientes e econômicas. À medida que essas ferramentas se consolidam, a ciência política ganha novas dimensões, oferecendo insights mais profundos e precisos sobre o comportamento eleitoral. O futuro das campanhas eleitorais está intrinsecamente ligado à capacidade de utilizar dados de maneira ética e eficaz, garantindo que a democracia continue sendo o alicerce fundamental de nosso sistema eleitoral.

*Márcio Aguiar – Cientista político, consultor em comunicação e geomarketing político

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