A greve dos professores e orientadores educacionais do Distrito Federal segue sem previsão de encerramento. Em assembleia realizada nesta segunda-feira (16), a categoria decidiu manter a paralisação, que já dura duas semanas.

Diante do impasse, o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) se propôs a atuar como mediador entre o movimento grevista e o Governo do Distrito Federal. A iniciativa, considerada inédita, foi recebida de forma positiva pelos profissionais da educação e pelos dirigentes do Sindicato dos Professores do DF (Sinpro-DF).

Segundo o Sinpro, a mediação do TJDFT garante que os acordos firmados sejam formalizados e tenham força jurídica, o que aumenta a confiança da categoria no processo. “O que resolverá nossa greve é uma proposta concreta do governo”, afirmou a diretora do sindicato, Márcia Gilda. “Queremos a reestruturação da carreira, recomposição salarial, nomeação de todos os aprovados, novo concurso público e a regularização do repasse do INSS dos professores contratados temporariamente”, completou.

A greve também gerou repercussão entre entidades representativas de outras categorias. A Federação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Judiciário Federal e Ministério Público da União (Fenajufe) divulgou nota de repúdio às declarações do governador do DF sobre o movimento grevista dos professores. A entidade classificou as falas como desrespeitosas e reforçou a legitimidade das reivindicações dos educadores.

A Fenajufe vem a público manifestar repúdio à fala do governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, em desfavor dos professores e orientadores educacionais da rede pública de ensino, em greve deste o dia 2.

Na última quarta-feira (11), em tom ameaçador, o governador da capital federal disse em rede nacional que vai manter o corte de ponto dos profissionais em greve e que “vai ver quantos dias eles vão aguentar”, reafirmando, em total desprezo pelas reinvindicações, que “reajuste salarial, só no próximo ano”.

Prometendo não retroceder da decisão, Ibaneis Rocha acrescentou que não vai “governar para sindicatos” e que a greve dos professores é abusiva, em clara postura antissindical.

A declaração do mandatário do GDF evidencia abuso de poder, despreparo com a gestão pública e fere o direito de greve garantido pela constituição federal (CF 88), ao menosprezar as reivindicações legítimas da categoria.

As palavras proferidas pelo governador desrespeitam não apenas a categoria dos educadores, mas a classe trabalhadora como um todo. Ignorar suas demandas e desqualificá-los publicamente é uma afronta aos profissionais e à sociedade, que reconhece a dedicação e o compromisso desses profissionais com a educação de qualidade e a arte de ensinar.

É preciso dizer que a liberdade sindical do Brasil é protegida e foi ratificada na Convenção nº 98 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), cujo objetivo é garantir sindicalização e atuação dos trabalhadores e trabalhadoras, bem como a negociação coletiva.

A educação é um pilar fundamental para o desenvolvimento da sociedade, e os professores desempenham um papel crucial na formação das futuras gerações. É inadmissível qualquer manifestação que venha descaracterizar o trabalho exercido por eles e por elas.

Nesse sentido, a Fenajufe repudia essa e qualquer outra manifestação de descaso e negligência com as servidoras e servidores de qualquer segmento, em especial, da educação que buscam valorização da carreira, melhores salários e respeito.

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