Obras no Cavalhódromo de Pirenópolis seguem paralisadas

29 abril 2025 às 18h28

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As obras no Cavalhódromo de Pirenópolis seguem temporariamente suspensas devido à permanência de moradores nas proximidades. A liberação total da área, prevista no cronograma da intervenção, ainda não foi concluída, o que impede a continuidade dos trabalhos por motivos de segurança. A Secretaria de Estado da Infraestrutura (Seinfra), responsável pela obra, informou que a paralisação teve início antes da Semana Santa. As famílias que aguardavam compensação financeira já receberam o pagamento indenizatório. O processo de desocupação das residências segue em andamento. Segundo o engenheiro fiscal da Seinfra, Wendel Dias Batista, “a demolição da arquibancada principal foi realizada até a margem de segurança determinada, mas não pode prosseguir enquanto houver moradores nas proximidades”.
Sobre os resíduos da obra, Batista esclareceu que “o material proveniente das demolições anteriores das torres e da arquibancada menor foi tratado para ser reutilizado na montagem dos platôs, que darão altura para a demolição da arquibancada principal”. A equipe técnica estima que, após a desocupação completa, a mobilização das máquinas será retomada em até cinco dias. A etapa seguinte inclui a demolição remanescente da estrutura e o transporte dos materiais para destinação final, com previsão de conclusão em até 40 dias corridos.
A secretária de Estado da Cultura, Yara Nunes, afirmou: “Estamos acompanhando de perto todos os trâmites da obra para garantir que a realização das Cavalhadas seja segura e respeite as tradições pirenopolinas”.
Em contato com a reportagem do Jornal Opção Entorno, a Seinfra explicou que a desocupação dos imóveis é necessária por razões de segurança. “Dos 62 imóveis localizados nas imediações do Cavalhódromo, 16 têm estruturas frágeis e estão situados a cerca de 70 centímetros do muro de divisa que limita os terrenos. Estão, portanto, muito próximos da área a ser demolida.” Como a arquibancada foi construída em concreto armado, há risco de queda de entulhos e danos estruturais aos imóveis. Por isso, a desocupação desses 16 imóveis é considerada imprescindível para a continuidade das obras com segurança.

A secretaria também informou que toda a estrutura será demolida, sendo que parte já foi removida. A fase atual envolve a retirada das lajes internas da arquibancada principal, incluindo vigas verticais com cerca de 24 metros de altura e três metros de largura.
Em relação às indenizações, o Estado destinou quase R$ 5 milhões para compensar as famílias afetadas pela obra de requalificação do Cavalhódromo. Desse total, cerca de R$ 2,7 milhões foram depositados em juízo para cobrir danos eventuais aos imóveis, como rachaduras e quebras de telhado. “Esse valor será disponibilizado após a demolição, mediante avaliação por equipe técnica da Seinfra”, informou a secretaria. Nos casos em que os danos forem confirmados, o pagamento de aluguel e, se necessário, de lucros cessantes poderá ser prorrogado por até três meses, a fim de garantir tempo suficiente para os reparos.
Além disso, mais de R$ 1,1 milhão será destinado ao pagamento de aluguéis aos ocupantes dos imóveis que ainda precisam ser desocupados, no valor de R$ 3 mil por mês, por imóvel, durante quatro meses. Também estão previstos mais de R$ 1 milhão para compensação de lucros cessantes, ou seja, para cobrir perdas financeiras decorrentes da paralisação das atividades. A Seinfra destacou que está indenizando inclusive trabalhadores informais, como uma pessoa que produzia bolos em casa, com valores de R$ 3.750 mensais, por quatro meses, a partir da desocupação.
O valor total das obras de demolição e destinação final dos resíduos de construção é de quase R$ 2,5 milhões. A previsão da Seinfra é que a fase de demolição seja concluída até junho de 2025, mas o cumprimento desse prazo depende da desocupação completa dos imóveis ainda habitados.
Em nota enviada à reportagem do Jornal Opção Entorno, a Seinfra informou que, nesta fase da obra no Cavalhódromo de Pirenópolis, será realizada a demolição final da estrutura antiga, após a retirada dos moradores dos imóveis circunvizinhos. O espaço passará por uma transformação completa com a construção de um novo Cavalhódromo, projetado para oferecer funcionalidades modernas e maior integração com a cidade, promovendo uma utilização mais racional, inovadora e integrada do espaço.
“O novo Cavalhódromo representa um marco na requalificação urbana de Pirenópolis. Estamos transformando um espaço antes subutilizado em um equipamento público moderno, multifuncional e acessível, que atende tanto às demandas culturais quanto às necessidades cotidianas da população”, declarou o secretário de Estado da Infraestrutura, Adib Elias.

Importância Cultural
Realizadas há mais de 200 anos, as Cavalhadas de Pirenópolis são reconhecidas como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) desde 2010. A festividade, que integra a Festa do Divino Espírito Santo, encena batalhas entre mouros e cristãos, representando tradições religiosas e culturais herdadas da Península Ibérica. Além das encenações, a festa conta com a presença dos “mascarados”, personagens que percorrem as ruas promovendo brincadeiras e interações com o público, enriquecendo ainda mais o evento.
Impacto Econômico
As Cavalhadas têm grande impacto na economia local e estadual. Durante o evento, Pirenópolis recebe cerca de 25 mil turistas, movimentando setores como hotelaria e gastronomia. Segundo a presidente do Conselho Municipal de Turismo e vice-presidente regional da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH), Priscila de Jesus, as pousadas associadas à entidade ficam lotadas durante o período das festividades.
O Governo de Goiás reconhece a importância econômica das Cavalhadas e, por isso, tem aumentado os investimentos no Circuito das Cavalhadas. Em 2024, foram destinados R$ 4 milhões para a realização da festa em 15 municípios goianos — um aumento de 33,3% em relação ao ano anterior. Esses investimentos visam não apenas preservar a tradição cultural, mas também fomentar o turismo e impulsionar a economia local.
Cavalhódromo de Pirenópolis
Principal palco das encenações das Cavalhadas, o Cavalhódromo de Pirenópolis tem recebido atenção especial do governo estadual. Após um período de interdição, o espaço passou por reformas e recebeu investimentos significativos. Em 2023, foram anunciados R$ 30 milhões para a revitalização do local, com o objetivo de transformá-lo em uma arena multiuso capaz de abrigar diversas agendas culturais. As melhorias visam oferecer mais conforto e segurança ao público, além de impulsionar ainda mais o turismo e a economia da região.