As obras no Cavalhódromo de Pirenópolis seguem temporariamente suspensas devido à permanência de moradores nas proximidades. A liberação total da área, prevista no cronograma da intervenção, ainda não foi concluída, o que impede a continuidade dos trabalhos por motivos de segurança. A Secretaria de Estado da Infraestrutura (Seinfra), responsável pela obra, informou que a paralisação teve início antes da Semana Santa. As famílias que aguardavam compensação financeira já receberam o pagamento indenizatório. O processo de desocupação das residências segue em andamento. Segundo o engenheiro fiscal da Seinfra, Wendel Dias Batista, “a demolição da arquibancada principal foi realizada até a margem de segurança determinada, mas não pode prosseguir enquanto houver moradores nas proximidades”.

Sobre os resíduos da obra, Batista esclareceu que “o material proveniente das demolições anteriores das torres e da arquibancada menor foi tratado para ser reutilizado na montagem dos platôs, que darão altura para a demolição da arquibancada principal”. A equipe técnica estima que, após a desocupação completa, a mobilização das máquinas será retomada em até cinco dias. A etapa seguinte inclui a demolição remanescente da estrutura e o transporte dos materiais para destinação final, com previsão de conclusão em até 40 dias corridos.

A secretária de Estado da Cultura, Yara Nunes, afirmou: “Estamos acompanhando de perto todos os trâmites da obra para garantir que a realização das Cavalhadas seja segura e respeite as tradições pirenopolinas”.

Em contato com a reportagem do Jornal Opção Entorno, a Seinfra explicou que a desocupação dos imóveis é necessária por razões de segurança. “Dos 62 imóveis localizados nas imediações do Cavalhódromo, 16 têm estruturas frágeis e estão situados a cerca de 70 centímetros do muro de divisa que limita os terrenos. Estão, portanto, muito próximos da área a ser demolida.” Como a arquibancada foi construída em concreto armado, há risco de queda de entulhos e danos estruturais aos imóveis. Por isso, a desocupação desses 16 imóveis é considerada imprescindível para a continuidade das obras com segurança.

A demolição da arquibancada não pode prosseguir enquanto houver moradores nas proximidades. Foto: Gabriel Carneiro

A secretaria também informou que toda a estrutura será demolida, sendo que parte já foi removida. A fase atual envolve a retirada das lajes internas da arquibancada principal, incluindo vigas verticais com cerca de 24 metros de altura e três metros de largura.

Em relação às indenizações, o Estado destinou quase R$ 5 milhões para compensar as famílias afetadas pela obra de requalificação do Cavalhódromo. Desse total, cerca de R$ 2,7 milhões foram depositados em juízo para cobrir danos eventuais aos imóveis, como rachaduras e quebras de telhado. “Esse valor será disponibilizado após a demolição, mediante avaliação por equipe técnica da Seinfra”, informou a secretaria. Nos casos em que os danos forem confirmados, o pagamento de aluguel e, se necessário, de lucros cessantes poderá ser prorrogado por até três meses, a fim de garantir tempo suficiente para os reparos.

Além disso, mais de R$ 1,1 milhão será destinado ao pagamento de aluguéis aos ocupantes dos imóveis que ainda precisam ser desocupados, no valor de R$ 3 mil por mês, por imóvel, durante quatro meses. Também estão previstos mais de R$ 1 milhão para compensação de lucros cessantes, ou seja, para cobrir perdas financeiras decorrentes da paralisação das atividades. A Seinfra destacou que está indenizando inclusive trabalhadores informais, como uma pessoa que produzia bolos em casa, com valores de R$ 3.750 mensais, por quatro meses, a partir da desocupação.

O valor total das obras de demolição e destinação final dos resíduos de construção é de quase R$ 2,5 milhões. A previsão da Seinfra é que a fase de demolição seja concluída até junho de 2025, mas o cumprimento desse prazo depende da desocupação completa dos imóveis ainda habitados.

Em nota enviada à reportagem do Jornal Opção Entorno, a Seinfra informou que, nesta fase da obra no Cavalhódromo de Pirenópolis, será realizada a demolição final da estrutura antiga, após a retirada dos moradores dos imóveis circunvizinhos. O espaço passará por uma transformação completa com a construção de um novo Cavalhódromo, projetado para oferecer funcionalidades modernas e maior integração com a cidade, promovendo uma utilização mais racional, inovadora e integrada do espaço.

“O novo Cavalhódromo representa um marco na requalificação urbana de Pirenópolis. Estamos transformando um espaço antes subutilizado em um equipamento público moderno, multifuncional e acessível, que atende tanto às demandas culturais quanto às necessidades cotidianas da população”, declarou o secretário de Estado da Infraestrutura, Adib Elias.

As Cavalhadas de Pirenópolis são reconhecidas como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil pelo Iphan. Foto: Divulgação

Importância Cultural

Realizadas há mais de 200 anos, as Cavalhadas de Pirenópolis são reconhecidas como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) desde 2010. A festividade, que integra a Festa do Divino Espírito Santo, encena batalhas entre mouros e cristãos, representando tradições religiosas e culturais herdadas da Península Ibérica. Além das encenações, a festa conta com a presença dos “mascarados”, personagens que percorrem as ruas promovendo brincadeiras e interações com o público, enriquecendo ainda mais o evento.

Impacto Econômico

As Cavalhadas têm grande impacto na economia local e estadual. Durante o evento, Pirenópolis recebe cerca de 25 mil turistas, movimentando setores como hotelaria e gastronomia. Segundo a presidente do Conselho Municipal de Turismo e vice-presidente regional da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH), Priscila de Jesus, as pousadas associadas à entidade ficam lotadas durante o período das festividades.

O Governo de Goiás reconhece a importância econômica das Cavalhadas e, por isso, tem aumentado os investimentos no Circuito das Cavalhadas. Em 2024, foram destinados R$ 4 milhões para a realização da festa em 15 municípios goianos — um aumento de 33,3% em relação ao ano anterior. Esses investimentos visam não apenas preservar a tradição cultural, mas também fomentar o turismo e impulsionar a economia local.


Cavalhódromo de Pirenópolis

Principal palco das encenações das Cavalhadas, o Cavalhódromo de Pirenópolis tem recebido atenção especial do governo estadual. Após um período de interdição, o espaço passou por reformas e recebeu investimentos significativos. Em 2023, foram anunciados R$ 30 milhões para a revitalização do local, com o objetivo de transformá-lo em uma arena multiuso capaz de abrigar diversas agendas culturais. As melhorias visam oferecer mais conforto e segurança ao público, além de impulsionar ainda mais o turismo e a economia da região.