Operações contra facções chegam ao Entorno do DF e expõem avanço do crime organizado na região
18 novembro 2025 às 14h41

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O Ministério Público de Goiás deflagrou nesta terça-feira (18/11) a Operação Cifra Vermelha, que mira uma rede de lavagem de dinheiro ligada ao Comando Vermelho. A ação, realizada pelo Gaeco em parceria com o COD da Polícia Militar, também alcança cidades do Entorno do Distrito Federal, região onde o avanço de facções tem motivado uma sequência de operações nos últimos anos.
A Operação Cifra Vermelha cumpriu 13 mandados de busca e apreensão e 7 mandados de prisão. Foram sequestrados mais de R$ 28 milhões e veículos pertencentes aos investigados. A investigação, iniciada há um ano, apontou que integrantes da facção atuavam no tráfico de drogas e criavam empresas de fachada para esconder e movimentar grandes quantias de dinheiro.
Entre os alvos está um casal que, segundo o MP, liderava o núcleo financeiro da facção. Eles teriam usado até contas bancárias abertas em nome dos filhos adolescentes, de 12 e 14 anos, para movimentar depósitos feitos por criminosos ligados ao Comando Vermelho. Um contador, suspeito de criar as empresas falsas, também foi preso.
Com a apreensão de documentos e aparelhos eletrônicos, o MP busca identificar novos núcleos financeiros espalhados pelo estado. As promotoras e promotores do Gaeco lembram que a operação faz parte de uma série de ações para desarticular facções em Goiás, entre elas Sintonia Goiás, Família, Irmandade do Crime, Honoris Criminis, Mensageiro, Sintonia do Entorno, Laço Oculto e Vigília, muitas delas com alvos no Entorno do DF.
Outras operações no Entorno
A presença de facções na região não é novidade para as equipes de investigação. Em 10 de maio de 2023, foi deflagrada a Operação Sintonia Goiás, com 70 mandados de prisão e 38 de busca e apreensão contra integrantes de uma facção que atuava em várias cidades goianas, incluindo Planaltina, Formosa e Novo Gama, todas no Entorno. Até as 10h daquele dia, 56 suspeitos haviam sido presos.
Já em 21 de março de 2024, a Operação Honoris Criminis teve como alvo advogados suspeitos de repassar recados do PCC em unidades prisionais. As ordens judiciais foram cumpridas em Anápolis, Valparaíso de Goiás e também no Distrito Federal. Segundo o MP, as mensagens tinham o objetivo de interferir na rotina dos presídios e incentivar denúncias falsas sobre maus-tratos para obter vantagens internas.
Em 16 de janeiro deste ano, a operação Sintonia do Entorno atingiu diretamente cidades próximas ao DF. Foram 17 mandados de prisão e busca e apreensão em Águas Lindas, Santo Antônio do Descoberto, Valparaíso, Novo Gama, Luziânia e outros municípios. A investigação teve início com provas enviadas pelo Ministério Público de São Paulo e apontou o crescimento da facção na região.
No dia 1º de outubro, a Operação Laço Oculto alcançou Planaltina de Goiás. Uma advogada foi investigada por repassar mensagens entre um preso da unidade prisional da cidade e integrantes da facção em liberdade. Documentos e telefones foram apreendidos.
Já em 22 de outubro, a Operação Vigília avançou sobre presídios de Planaltina, Santo Antônio do Descoberto, Formosa e outras unidades. Também houve diligências no complexo da Papuda, no DF. A ação teve como base informações obtidas nas operações Sintonia e Sintonia do Entorno, indicando que criminosos continuavam dando ordens mesmo após serem presos.
O Gaeco aponta que Goiás, pela localização estratégica, rota usada para distribuição de drogas que seguem para outros estados e até para outros continentes, tornou-se um território de interesse de facções. Por isso, o trabalho conjunto entre MP, polícias e órgãos de segurança tem sido constante para impedir a expansão desses grupos, principalmente no Entorno do Distrito Federal, área onde se concentra grande parte dos alvos.
