Atendimento terapêutico gratuito para a população do Entorno
28 novembro 2023 às 17h24
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Municípios do Entorno do Distrito Federal oferecem aos seus moradores, de forma gratuita, diversos serviços na área de saúde mental. Uma das unidades a disponibilizar esse tipo de atendimento é o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) em Águas Lindas de Goiás e inclui, entre outros, tratamentos para transtorno obsessivo compulsivo, depressão, esquizofrenia, transtorno afetivo bipolar, ansiedade e prevenção ao suicídio.
De acordo com o coordenador do CAPS Reviver, Aluísio Santos Viana, nas segundas, terças e quintas são realizados 16 acolhimentos diários para adolescentes e adultos. Já a quarta-feira é reservada ao público infantil. “Os clientes são recebidos por um de nossos colaboradores, preenchem um cadastro e, na sequência, passam por atendimento junto a um profissional de nível superior, momento que chamamos de acolhimento. Caso haja necessidade, o paciente é encaminhado ao consultório para atendimento médico”, detalha.
Ainda, de acordo com o coordenador, a meta para 2024 é atingir mensalmente 780 atendimentos por psicólogos e 704 por médicos.
Várias especialidades
Outro município a oferecer gratuitamente tratamentos em áreas como psicologia, psiquiatra e neuropediatra é Valparaíso de Goiás, por meio do Centro de Referência em Reabilitação (CRRV).
“O local disponibiliza, ainda, atendimentos em outras especialidades, como ortopedia, fisioterapia, fonoaudiologia e assistência social, além de beneficiar a população com reabilitação funcional, proporcionando o retorno do indivíduo às suas atividades diárias”, diz a coordenadora do CRRV, Mayrla Torres.
O atendimento no Centro depende de laudo médico vindo de profissionais das Unidades Básicas de Saúde (UBS). A cada mês são encaminhados cerca de 600 pacientes.
O pequeno Pedro, 6 anos, autista nível 3 de suporte, é uns dos beneficiados pelos serviços do CRRV. Desde 2019, a criança é atendida por neuropediatra e faz acompanhamento em grupo com fonoaudiólogo e psicólogo, segundo relata a mãe, a dona de casa Débora Rodrigues. “A vantagem é que todos os atendimentos são realizados em um único lugar e são de qualidade”, elogia. “Meu filho está sendo muito bem assistido”.
Porém, faz uma ressalva: “A demanda de pacientes é enorme e ainda não há profissionais suficientes. Sugiro que haja maior valorização dos terapeutas em Valparaíso, para que eles tenham interesse em trabalhar no CRRV”.
Terapia comunitária
Bem próxima ao Entorno, a região administrativa do Gama, no Distrito Federal, disponibiliza o projeto Terapia Comunitária Integrativa, no Centro de Ensino Médio 01 (CEM 01). A iniciativa foi criada em parceria com a Secretaria de Saúde do DF.
A vice-diretora da escola, Mírian Fiuza Braga, diz que o embrião do projeto veio da psicóloga e terapeuta comunitária Doralice Oliveira. “Ela criou o 1º Curso de Terapia Comunitária Integrativa voltado para a educação, com o intuito de formar professores e orientadores da Secretaria de Educação no Gama, Santa Maria e UnB”, relata.
Durante o processo terapêutico, que ocorre uma vez por semana, os estudantes do CEM 01, todos entre 15 a 18 anos, se reúnem numa roda de conversa, debaixo de árvores. “Os alunos adoram esse momento. Eles escolhem o tema da roda, falam sobre aquilo que mais os inquieta e incomoda, e suas dores”, diz a vice-diretora.
Não há julgamentos, nem sermão, muito menos conselhos. “Na roda se fala em primeira pessoa e há uma importante troca de experiências. Pessoas que viveram algo parecido contam como fizeram para lidar com o problema”, afirma.
Aluna do primeiro ano do Ensino Médio no CEM 01, Ester Rodrigues da Silva, 17, participa há pouco tempo do projeto, mas já percebeu efeitos bastante positivos. “Eu não conseguia conversar ou desabafar com alguém. Mas no momento em que cheguei à roda de terapia, vi aquelas pessoas compartilhando seus problemas e então compartilhei os meus, algo que tinha muita dificuldade”, destaca.
Já Maria Fernanda Oliveira, 16, também do primeiro ano, é frequentadora cativa da terapia comunitária. “Às vezes você está muito irritada, sob pressão, com várias coisas na sua cabeça, mas quando você chega e vê todos se abrindo, dá vontade de contar os problemas”, diz. “A gente aprende muito com as pessoas, pois elas aprendem a nos ouvir e a gente a ouvi-las também”, conclui.