Coordenada pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública, a campanha visa ampliar o número de perfis genéticos de familiares coletados e, consequentemente, a chance de identificação de indivíduos desaparecidos.

Na região do Entorno, as famílias podem procurar um dos três postos de coleta nos municípios de Águas Lindas, Formosa e Luziânia (confira os endereços no final da matéria). Em cada um desses locais, equipes da Polícia Técnico-Científica estarão à disposição para atender os familiares, realizando recolhimento de amostras biológicas e atendimento à população para consultas e registros de ocorrência de desaparecimento. A coleta do material genético é simples e não invasiva, feita por meio de células da mucosa oral ou a partir de uma gota de sangue do dedo.

Coleta em Luziânia

A auxiliar de autópsia e responsável pela mobilização em Luziânia, Camila Otto, falou como a obtenção de material genético pode auxiliar nas investigações de casos de desaparecimento. “Após a coleta, o material será enviado para a Goiânia, processado e colocado no banco de perfis genéticos. Uma vez no banco, os dados serão confrontados digitalmente com o banco de DNA de cadáveres não identificados de todo o estado e Brasil. Quando localizados pelo banco, automaticamente, o sistema fará a identificação e confirmação da identidade”, explica Camila.

Camilla Otto: “Após a coleta, o material será enviado para a Goiânia, processado e colocado no banco de perfis genéticos”

Ela enfatiza, ainda, que existe uma ordem de preferência dos familiares para a coleta de material biológico: “A ordem de preferência é que sejam os pais biológicos, os filhos biológicos e o outro genitor, seja ele o pai ou a mãe e os irmãos biológicos da pessoa desaparecida, preferencialmente filhos do mesmo pai e da mesma mãe. Também é interessante que o material do ente desaparecido seja encaminhado, como escova de dente, cortador de unha ou mesmo um dente, ou um cordão umbilical que tenha sido guardado”.

Mais de 700 desaparecidos

De acordo com dados do Governo Federal, mais de 23 mil pessoas desapareceram em Goiás entre os anos de 2017 e 2024, uma média de nove desaparecimentos por dia. “Somente neste ano, já foram contabilizadas 2.224 ocorrências deste tipo. Deste total, 1.016 pessoas foram localizadas, sendo que 37 estavam sem vida, e outras 700 ainda seguem desaparecidas, segundo dados do relatório do Observatório de Segurança da SSP”, afirma o coordenador da Sessão de Pessoas Desaparecidas da SPTC-GO, Antônio Maciel.

Antônio Maciel: “Somente neste ano, já foram contabilizadas 2.224 ocorrências deste tipo”

Ele atenta para a importância de se registrar um Boletim de Ocorrência (BO) comunicando o desaparecimento de uma pessoa. Porém, é também fundamental informar caso alguém tenha sido encontrado. “Com apoio da Polícia Civil, vamos entrar em contato com as pessoas que fizeram ocorrência para ver se aquele ente retornou, porque, se não der baixa no boletim, ele continuará constando no sistema como desaparecido. A gente precisa chegar no número real e essa mobilização também tem esse objetivo”, explica Antônio.

As três etapas do programa

Por fim, o coordenador da SPTC esclarece que a Mobilização Nacional de Identificação de Pessoas Desaparecidas está organizada em três etapas e vai utilizar técnicas de identificação genética e papiloscópicas: “A primeira fase vai até 30 de agosto, onde serão coletadas amostras de DNA de familiares de desaparecidos. Na segunda fase, o foco estará na coleta de DNA e impressões digitais de pessoas vivas não identificadas. Já a terceira fase é a coleta das impressões digitais do passivo que existe nos Institutos Médico Legal (IML), pois várias pessoas são enterradas como ignoradas porque, naquele momento do óbito, não foi possível identificação e, em tese, estão desaparecidas para familiares”, conclui.

Pontos de coleta no Entorno

Águas Lindas

14ª CRPTC/PA – Posto de Atendimento de Polícia Técnico-Científica de Águas Lindas

End.: Rua Amazonas, Qd.69, Setor 09-P, Parque da Barragem

Tel.: (61) 3613-0270

Formosa

3ª CRPTC – Coordenação Regional de Polícia Técnico-Científica de Formosa

End.: Avenida Celso Caldeira Nunes, Quadra 92 Lotes 02 a 04, Parque Laguna II

Tel.: (61) 3631-7240

Luziânia

14ª CRPTC – Coordenação Regional de Polícia Técnico-Científica de Luziânia

End.: Avenida Brasil, Área Especial, s/n – Setor Leste

Tel.: (61) 3601-3374 / (61) 99853-5077 (WhatsApp)

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