Mulheres se destacam na segurança pública do Entorno
11 março 2024 às 13h02
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A força de segurança pública do Estado de Goiás conta atualmente com o efetivo de quase 3 mil mulheres. Na Polícia Militar de Goiás (PMGO) são 1.249 e, em formação, 139 policiais militares femininas. Já na Polícia Civil de Goiás (PCGO) há 1.455 mulheres de um total de 3.799 policiais civis.
Segundo Murilo Polati, delegado-geral adjunto da PCGO, houve incremento no efetivo feminino, principalmente nas Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (Deam), uma realidade que também se reflete nas unidades policiais do Entorno. “Isto faz uma grande diferença. A mulher vítima se sente mais segura em prestar informações para uma policial, seja ela agente, escrivã ou delegada”, pontua.
Delegacia Humanizada
Em Águas Lindas de Goiás, quem comanda a Deam é a delegada Tamires Teixeira, que recebe uma grande demanda de casos relacionados à violência doméstica. “É um desafio enorme, mas é um trabalho importante, que nos aproxima da comunidade”, afirma. E acrescenta: “Quando o atendimento é feito por homens, muitas vezes a vítima se sente constrangida. Só uma mulher vai verdadeiramente conseguir se colocar no lugar da outra”.
Já em Luziânia, existe o projeto da “Delegacia Humanizada”, desenvolvido pela agente civil e psicóloga Elfrasia Oliveira Campos. “É uma delegacia que atende vítimas de violência doméstica e crime sexuais de uma forma diferente, com preceitos psicológicos”, explica. “Nós temos aqui uma sala de psicologia, que eu implantei. Além disso, fizemos um convênio com uma faculdade, que nos oferece alguns psicólogos estagiários. Realizamos um trabalho bem bacana junto a essas vítimas”, avalia.
Embora esteja há 22 anos na PCGO de Luziânia, a agente salienta que ainda é um desafio atuar na segurança do Entorno do Distrito Federal, já que é, segundo ela, uma das localidades com maior incidência de crimes em Goiás. “Para mim, é uma honra e, ao mesmo tempo, uma grande responsabilidade fazer parte da força policial na região”, considera.
Assistência às vítimas
A Polícia Militar também realiza um trabalho junto às vítimas de violência doméstica, como comunica a comandante do Batalhão Maria da Penha da PMGO, Dyrlene Seixas Santana. Há 18 anos na corporação, ela destaca o esforço realizado em benefício da população feminina de Goiás. “Cerca de 4 mil mulheres assistidas pela PMGO têm medida protetiva. São vítimas de violência doméstica, as quais são acompanhadas de perto pelas patrulhas no interior do estado. Fazemos visitas nas residências”, afirma.
Nessas ocasiões, segundo Dyrlene, os homens ficam responsáveis pela retaguarda e segurança no atendimento, dando suporte. Mas o contato direto com as vítimas é feito por policiais femininas.
Soldado da 11ª Companhia Independente de Polícia Militar (CIPM) de Santo Antônio do Descoberto, a policial Jéssica Desidério Alves realiza esse trabalho de patrulha desde 2019, prestando atendimento a mulheres que sofrem de violência doméstica. “Nós somos essenciais na segurança pública, principalmente nessas questões”, observa. “Conseguimos uma proximidade maior com as vítimas, resultando em acolhimento”.
Jéssica ressalta que sente orgulho em fazer parte da corporação. “Sei da minha capacidade; desafios encontramos todos os dias, de pessoas que, por algum motivo, duvidam de nossa competência. Sinto-me honrada em pertencer à PMGO, de lutar para combater a criminalidade. Isso mostra que podemos chegar aonde a gente quiser”, frisa.
Ressocialização de detentos
O Poder Judiciário, por sua vez, também tem em suas fileiras mulheres que se destacam por iniciativas as quais vêm trazendo reflexos positivos na segurança pública. É o caso da juíza Cláudia Andrade, de Águas Lindas de Goiás, responsável pelo projeto “Trilhando um Novo Caminho”. A ação é realizada em parceria com o Ministério Público, a Secretaria de Políticas Alternativas Penais e a prefeitura local.
O programa é voltado a condenados em regime fechado, os quais têm a oportunidade de trabalhar na restauração dos bens públicos da cidade e ganhar um salário mínimo, valor revertido para seus familiares. Os detentos entram no programa de forma voluntária e ficam o tempo que desejarem. O objetivo é que possam ser reeducados e reinseridos na sociedade. “A cada três dias de trabalho, o preso tem remição de um dia de pena. Ele sai do presídio para trabalhar em uma obra pública e convive com as pessoas, ainda que fique nas fitas de contenção. E então ele começa a refletir sobre a possibilidade de voltar a ser um cidadão. Ao mesmo tempo, há um sentimento de justiça na sociedade, ao ver um detento trabalhando”, analisa Cláudia Andrade.
Para a magistrada, não basta apenas estar em um tribunal e julgar: é preciso ir além de suas funções. “Na minha concepção, proferir decisões e sentenças é somente meu ofício, mas, como juíza, sinto que tenho um papel mais amplo, de ser uma agente de transformação social”, conclui.