Segundo o Atlas da Violência dos Municípios 2024, Brasília ocupa a posição de segunda capital mais segura do país, ficando atrás apenas de Florianópolis (SC). O levantamento, conduzido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), traz um comparativo entre os 12 meses de 2024 e 2023. Embora a estatística seja positiva, a Região Administrativa (R.A.) do Plano Piloto ainda enfrenta o desafio de melhorar a sensação de segurança entre seus moradores e frequentadores. Já em outras regiões do Distrito Federal, dependendo da localidade, há grandes disparidades em relação ao nível de violência.

Ao se compilar os dados de todo o DF, as estatísticas mostram que o brasiliense está mais seguro, segundo informou, ao Jornal Opção Entorno, a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP-DF). Houve uma redução de 15,5% nos crimes contra o patrimônio, comparando-se os números de 2023 com os do ano anterior. Os roubos a transeuntes, por exemplo, diminuíram em 31,8%, enquanto os roubos de veículos apresentaram um decréscimo de 28,9%. Outros crimes também reduziram, como roubo em coletivo (-5,6%), em comércio (-25,6%) e em residência (-40%). Além disso, os furtos em veículos caíram 6,5%.

“Sabemos que a sensação de segurança da população depende da redução dos crimes patrimoniais. Estamos trabalhando para manter os índices criminais em trajetória de queda, para que todos possam se sentir mais tranquilos nas ruas da capital”, afirma o titular da SSP-DF, Sandro Avelar. Porém, de acordo com o secretário, a segurança deve ser resultado de um esforço coletivo. “A participação ativa da sociedade é essencial para que possamos avançar ainda mais e preservar a qualidade de vida do Distrito Federal”, pontua.

Redução de homicídios

Sandro Avelar: “Estamos trabalhando para manter os índices criminais em trajetória de queda” (Foto: Divulgação/SSP-DF)

Um balanço divulgado no início deste mês pelo órgão trouxe um dado importante: em 2024, o DF registrou o menor índice de homicídios dos últimos 48 anos. De acordo com o estudo, ocorreram 6,8 homicídios por 100 mil habitantes, bem mais baixo que os 14 a cada 100 mil registrados em 1977. O secretário destaca que os resultados são fruto de um trabalho conjunto entre as forças de segurança, o fortalecimento de políticas públicas que priorizam a proteção dos cidadãos e programas de prevenção, como o “Segurança Integral”, lançado pela pasta em 2023.

“A integração entre as forças de segurança pública e a cooperação com outros órgãos têm sido fundamentais para consolidar Brasília como referência nacional em segurança pública”, ressalta Avelar. “Mantemos diálogo constante com a população, por meio dos conselhos comunitários de segurança. Assim, conseguimos direcionar nossos recursos humanos e tecnológicos para as áreas mais críticas, atendendo os anseios da população”, acrescenta.

Realidades antagônicas

Policial militar monitora área próxima à Catedral de Brasília (Foto: Divulgação)

Ao se analisar cada Região Administrativa do DF, entretanto, é possível verificar realidades bastante antagônicas em relação ao nível de violência e constatar quais são as localidades mais e menos seguras a partir da compilação desses dados.

Entre os crimes violentos letais e intencionais – homicídio, latrocínio e lesão corporal seguida de morte –, a região do Varjão encerrou 2024 sem ocorrências do tipo e teve somente 10 casos de crimes contra o patrimônio, de acordo com o monitoramento desenvolvido pela Subsecretaria de Gestão da Informação da SSP-DF.

Outras regiões do DF que fecharam o ano sem crimes contra a vida foram Jardim Botânico, Candangolândia, Octogonal/Sudoeste, Arniqueira e Riacho Fundo I. Já nos delitos contra o patrimônio, foram contabilizados, respectivamente, 31, 34, 79, 85 e 180 casos.

Por outro lado, as regiões campeãs de atos criminosos letais e intencionais são Ceilândia (36 casos), Planaltina (18) e Taguatinga (15).

O Plano Piloto, por sua vez, contabilizou, em 2024, nove ocorrências entre homicídio, latrocínio e lesão corporal seguida de morte; e 3647 crimes contra o patrimônio, o que provavelmente explica o fato de, em alguns bairros, os brasilienses não parecerem ainda se sentir suficientemente protegidos.

É nesta situação que se encontra a moradora da Asa Norte, a advogada Cristina Ribeiro, 34 anos, que tem visto sua rotina mudar, devido à sensação de insegurança, principalmente ao sair à noite. “Eu sempre achei a Asa Norte um lugar seguro, mas ultimamente os roubos e furtos estão mais frequentes”, observa.

Videomonitoramento urbano

Daniel de Castro: “Nosso objetivo é assegurar que a comunidade se sinta protegida” (Foto: Eurico Eduardo/Agência CLDF)

A instalação de câmeras de videomonitoramento em pontos estratégicos tem sido uma medida central para intensificar a vigilância e prevenir crimes. Dentro das ações do Programa DF Mais Seguro, um dos principais pilares é o eixo “Cidade Mais Segura”, que tem como foco a criação de espaços urbanos com maior proteção para a população. Atualmente, há mais de 1.250 câmeras que monitoram 30 das 35 Regiões Administrativas do Distrito Federal, incluindo o Plano Piloto.

No entanto, para o deputado distrital Pastor Daniel de Castro (PP), é preciso ampliar essa vigilância. Ele é autor do projeto de lei 459/2023, que visa estender o videomonitoramento de segurança às praças públicas do DF. “Esses locais, que deveriam ser sinônimos de lazer e socialização, muitas vezes se tornam vulneráveis a práticas ilícitas. Nosso objetivo é assegurar que a comunidade se sinta protegida e que esses espaços sejam plenamente aproveitados”, frisa.

Segundo o parlamentar, o uso de câmeras tem se mostrado uma ferramenta eficaz, tanto na prevenção quanto na resolução de crimes. “Quando associado a ações estratégicas de policiamento, o impacto é ainda maior, promovendo uma redução significativa nas taxas de criminalidade”, avalia.

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