Realizado pelo Governo de Goiás, por meio da Secretaria de Estado da Cultura (Secult-GO), o Circuito das Cavalhadas recebeu este ano recursos da ordem de R$ 4 milhões para celebração em 15 municípios: Santa Cruz de Goiás, Posse, Jaraguá, Pirenópolis, Luziânia, Palmeiras de Goiás, Hidrolina, São Francisco de Goiás, Crixás, Santa Terezinha de Goiás, Pilar, Corumbá, Cidade de Goiás, Niquelândia e Silvânia. O festejo acontece sempre entre maio e outubro. Desta vez, quem abre o evento, no dia 11 de maio, a partir das 15h, é a única cidade do Entorno do Distrito Federal presente no Circuito, Luziânia, que retomou a tradição no ano passado, após um hiato de 17 anos.

Vale lembrar que as primeiras Cavalhadas do Estado de Goiás aconteceram justamente no Arraial de Santa Luzia, hoje Luziânia, no ano de 1751, unindo elementos teatrais, históricos, culturais e religiosos. A ideia dessa tradição é reviver artisticamente as batalhas medievais entre cavaleiros cristãos e mouros ocorridas entre os séculos IX e XV, com direito a trajes típicos, inclusive para os cavalos que participam da encenação. Há, ainda, a presença dos Mascarados, que representam o povo saindo às ruas e promovendo algazarras.

Foto: Divulgação

Identidade cultural

Para a titular da Secult-GO, Yara Nunes, o festejo caiu no gosto do povo e se consolidou em todo o estado. “Falar do Circuito das Cavalhadas é falar de um dos eventos culturais mais importantes e tradicionais de Goiás. Elas são a expressão viva da nossa história, da nossa fé e da nossa cultura, transmitidas de geração em geração por meio da arte, da música e da fé”, ressalta.

Segundo Yara, o Circuito ganhou um significado ainda mais especial com a volta, em 2023, de Luziânia ao roteiro oficial. “A cidade, que tem uma rica tradição das Cavalhadas, se junta a Pirenópolis, outro município goiano que se destaca pela beleza e grandiosidade de sua festa”, destaca. E acrescenta: “A presença de ambos os municípios no Circuito reforça o compromisso do Governo de Goiás em preservar e fortalecer essa manifestação cultural, que é tão importante para a identidade do nosso povo”.

Yara Nunes: “Expressão viva da nossa história” (Foto: Divulgação)

Em Pirenópolis, município da Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno (Ride), as Cavalhadas ganharam, de fato, uma dimensão bastante significativa, tornando-se a mais expressiva do país. “A festa é de extrema importância para nossa cidade e para o Estado de Goiás”, afirma o prefeito da cidade, Nivaldo Melo. “É um evento que faz parte da nossa tradição histórica e não celebra apenas a nossa cultura e identidade, mas também promove o turismo e fortalece a nossa economia local. É um momento de orgulho e união, em que os nossos laços se fortalecem e nossa história ganha vida”.

Resgate de uma tradição

Já em Luziânia, uma das responsáveis por reviver a antiga tradição foi a procuradora-geral do município, Carla Moreira Oliveira, que participou da retomada do festejo com o apoio do Padre Silvino Caixeta, pároco do Santuário de Santa Luzia. “De imediato, acionei a pasta da Cultura, na pessoa do ex-secretário Tiago Machado, e iniciamos as tratativas para que tudo se concretizasse”, relata a procuradora-geral. E complementa: “Assim, em 4 de junho de 2023 aconteceu o resgate das Cavalhadas de Luziânia, que são fundamentais não apenas como uma forma de preservar um patrimônio cultural valioso, mas também como uma oportunidade para as comunidades locais terem a chance de se reconectar com suas raízes históricas e reafirmar sua própria identidade cultural”.

Paralelamente, o evento traz como benefício ganhos para a economia local, principalmente com a maior movimentação do comércio, além de promover o turismo cultural e oferecer oportunidades para artistas e artesãos, já que todas indumentárias são confeccionadas à mão.

Diego Sorgatto: “Resgatamos nossa tradição, história e cultura” (Foto: Divulgação)

O prefeito de Luziânia, Diego Sorgatto, reconhece a importância da retomada da festa. “A bela encenação da batalha entre mouros e cristãos já não era realizada na cidade há 17 anos e em 2023 conseguimos resgatar a nossa tradição, história e cultura. Uma realização que me enche de orgulho e felicidade, e que marca a volta das Cavalhadas para sua primeira casa em Goiás”, celebra Diego.

Festa entre gerações

Neste elo entre o passado e o presente, gerações se unem para manter viva a tradição. O cavaleiro mais antigo de Luziânia, Nilson Florentino Meirelles, 61, é um exemplo. “Das Cavalhadas antigas, seis retornaram. O meu filho, Wallysson Soares Meirelles, de 35 anos, é o rei e eu sou o embaixador. E há mais quatro cavaleiros, entre mouros e cristãos”, conta ele, ao detalhar os personagens da encenação. “Estamos ansiosos. Os treinos já vão começar e hoje mesmo fui até a fazenda para ver os cavalos. São animais muito bem cuidados e dóceis”.

Foto: Divulgação

Segundo ele, trata-se de uma tradição que passa de pai para filho. “Espero que eu participe por pelo menos mais 15 anos”, declara Nilson. Seu neto, Davi Gomes Meirelles, 7, também já se habitou ao festejo e participa como cavaleiro-mirim. Esta sintonia familiar poderá ser conferida pelo público no dia 11 de maio, a partir das 15h, quando brasões reais exibidos em bandeiras e guerreiros a cavalo vestidos em sofisticados trajes coloridos entrarão em campo para uma grande batalha medieval no Ginásio Poliesportivo José de Araújo Leite, na Avenida Dr. João Teixeira. A entrada é gratuita.