Cerca de 500 mil passageiros utilizam diariamente o transporte entre Goiânia e os municípios circunvizinhos, pagando uma tarifa de R$ 4,30, congelada desde 2019 graças ao subsídio mantido pelo Governo de Goiás em conjunto com as prefeituras da capital goiana e de Senador Canedo, Trindade, Aparecida de Goiânia e Goianira. Para entender como funciona esse modelo bem-sucedido, o Grupo de Trabalho do Transporte do Entorno do DF (GT do Entorno) esteve em Goiânia e pôde ver in loco como é possível garantir um transporte eficiente sem penalizar o bolso do usuário.

O coordenador-geral de Concessões Rodoviárias do Ministério dos Transportes Anderson Bellas, que também está à frente do GT, reconhece que o sistema de gestão compartilhada proposto pelo Estado de Goiás para a região realmente funciona e é um exemplo para o país. “Essa distribuição de competências que reúne operação, fiscalização e esse consórcio de empresas é interessante e traz uma capacidade de aumento de ganho, de tecnologia e serviço para os usuários que os outros sistemas do país têm dificuldade de implementar”, avaliou.

Em busca de uma tarifa justa

A situação do transporte semiurbano do Entorno do DF, por sua vez, ainda é um imbróglio difícil de resolver. Em fevereiro, o reajuste de 8,5% elevou o preço da tarifa em até R$ 11, no trajeto de municípios até Brasília. O GT propõe que também haja na região do Entorno um consórcio, neste caso envolvendo três entes: Distrito Federal, Governo de Goiás e Governo Federal. Os três dividiriam a conta para bancar o subsídio e dar um alívio no bolso do passageiro. No entanto, a proposta ainda encontra muita resistência do Governo Federal, mesmo sendo de sua alçada o transporte interestadual.

Essas questões foram discutidas em Goiânia, durante reunião de integrantes do GT no gabinete do secretário-geral de Governo, Adriano da Rocha Lima, que também é presidente da Câmara Deliberativa do Transporte Coletivo (CDTC). Ele lembrou que a ideia do consórcio na Região Metropolitana de Goiânia deu certo principalmente por conta da Lei Complementar 169, no final de 2021, regulamentando a política de subsídio ao transporte. “Conseguimos criar um novo sistema de governança que traz mais eficiência e proporciona qualidade ao serviço, permitindo a realização de investimentos, como, por exemplo, a compra de ônibus elétricos e a reforma dos terminais e abrigos de ônibus”, exemplificou.

A secretária de Estado do Entorno, Caroline Fleury, que participou do encontro, reforçou que seria preciso um sistema similar para atender a população que precisa se mover diariamente entre Brasília e cidades vizinhas. “Precisamos de um transporte com preço justo e que ofereça qualidade para o usuário. Por isso estamos buscando esse consórcio, para que essas decisões, como agilidade no serviço, integração, organização nos horários do ônibus e, ainda, o barateamento do preço da passagem com o subsídio, também sejam replicadas lá”, salientou.

O GT do Entorno conferiu as instalações da central de controle operacional (Foto: Edinan Ferreira)

“Queremos copiar o que está dando certo”

A comitiva do GT do Entorno teve ainda a oportunidade de verificar dados específicos sobre a gestão do sistema e conferiu as instalações da central de controle operacional, de onde é possível monitorar o serviço de transporte em tempo real.

Por último, o grupo conheceu o Terminal Paulo Garcia, inaugurado há cerca de 1 ano e que integra o corredor BRT Norte-Sul. O local se destaca pela infraestrutura, com câmeras de segurança, bicicletário, carregadores de celular e painéis com informações sobre linhas de ônibus em tempo real, entre outros itens. “O projeto é audacioso e queremos copiar o que está dando certo”, concluiu o subsecretário de Operações da Secretaria de Mobilidade do Governo do Distrito Federal, Márcio Antônio de Jesus.