Projeto Curumins: jiu-jitsu transforma vidas de crianças indígenas no DF

17 janeiro 2025 às 10h23

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Próximo ao Setor Noroeste, área nobre de Brasília, vivem diversas comunidades indígenas que enfrentam desafios diários. Foi pensando em oferecer mais oportunidades às crianças dessas comunidades, que o professor de jiu-jitsu Daniel Badke Lino desenvolveu o Projeto Curumins. “Eu sempre tive vontade de criar um projeto social que ajudasse crianças carentes. Quando percebi que muitas crianças indígenas da região noroeste não praticavam nenhuma atividade física, procurei o cacique para propor o trabalho e ele autorizou. Hoje, já estamos há um ano e meio desenvolvendo esse projeto e os resultados são incríveis”, explica Daniel, faixa-preta de jiu-jitsu e educador físico.
Conhecido como “arte suave”, o jiu-jitsu vai muito além de uma prática esportiva. Ele ensina disciplina, respeito e responsabilidade, ajudando as crianças a lidarem melhor com os colegas, professores e familiares. “É impressionante como o comportamento delas mudou. Elas estão mais focadas, disciplinadas e confiantes. Algumas até melhoraram no desempenho escolar e outras já competiram em campeonatos. Isso é algo que reforça a autoestima delas e mostra o quanto são capazes”, ressalta Daniel.

Transformação positiva
Kaon de Sousa Pires, pai de Yemi Kael, uma das crianças do projeto, percebeu uma transformação positiva no filho desde que ele começou a treinar. “Yemi era meio desfocado e não se interessava muito pelas coisas. Quando o professor Daniel chegou e convidou as crianças para participar, tudo mudou. Hoje, meu filho está mais concentrado na escola, mais educado e sonha em ser competidor. Ele até me diz: ‘Pai, um dia eu vou competir e ganhar medalhas’. Isso não tem preço”, declara.
Além disso, o jiu-jitsu tem reforçado valores importantes entre os pequenos praticantes. “Aqui em casa, sempre ensinamos o respeito, mas o jiu-jitsu reforçou isso ainda mais. Yemi aprendeu a respeitar os mestres, os mais velhos e até os colegas mais graduados. Esses valores que o esporte ensina são para a vida toda”, constata Kaon.

Crianças de várias etnias
O Projeto Curumins atende atualmente cerca de 50 crianças de diversas etnias indígenas, incluindo Kariri Xokó, Guajajara e Terena. “É muito bonito ver como o projeto uniu as crianças e suas famílias. Uma menina da etnia Terena, por exemplo, é uma verdadeira guerreira e também participa dos treinos com muita dedicação”, comenta Daniel.
Para custear as despesas inerentes à manutenção dessa iniciativa, Daniel utiliza recursos próprios e conta com o auxílio de amigos para oferecer lanches, brinquedos e roupas às crianças. “Nós recebemos algumas doações, mas nada fixo. Qualquer ajuda é muito bem-vinda, porque queremos continuar transformando vidas”, frisa.

Kaon, por sua vez, destaca que o Projeto Curumins não só ajuda no desenvolvimento das crianças, mas também fortalece a cultura indígena. “Ele é uma nova batalha para nós, uma luta pela evolução, e tem trazido valores e ensinamentos que reforçam nossos costumes. É algo que agradecemos de coração”, afirma.
Daniel conclui, enfatizando o impacto do projeto na vida das crianças: “O jiu-jitsu transforma. Ele ensina que, com foco e dedicação, somos capazes de superar desafios. Ver essas crianças se desenvolvendo, sonhando e acreditando em si mesmas é a maior recompensa. Sou muito grato a todos que nos apoiam e ajudam a fazer isso acontecer”.
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