Pré-candidata Maria Yvelônia busca romper com a polarização política em Valparaíso
18 maio 2024 às 12h20
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Em uma disputa polarizada por grupos políticos tradicionais, a assistente social e professora universitária Maria Yvelônia quer ser uma alternativa viável na disputa pela liderança do Poder Executivo municipal de Valparaíso de Goiás. Aos 46 anos, ela garante ter experiência política o suficiente para dar um novo rumo à cidade que a acolheu em 1997. Hoje, filiada ao Solidariedade, Yvelônia aposta no corpo a corpo com os eleitores para angariar votos.
A pré-candidata promete que, caso eleita, terá um secretariado composto por pessoas capacitadas. Para ela, a formação de um governo passa por um debate político partidário. Porém, essa discussão não impede que as indicações sejam técnicas, visando uma melhor gestão de cada pasta. Afirma ainda que a cidade passa por dificuldades, principalmente em áreas essenciais.
Formada pela Universidade de Brasília (UnB), Yvelônia atuou como coordenadora do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) em Valparaíso e como presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente. Recentemente, esteve à frente da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Humano e Social de Goiânia.
No âmbito nacional, entre outras funções, foi Coordenadora Geral de Medidas Socioeducativas e Programas Intersetoriais do Ministério da Cidadania, durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Nesta entrevista ao Jornal Opção Entorno, Yvelônia classifica o serviço de assistência social do município como insatisfatório e diz que é preciso investir em parcerias para melhorar o sistema público de saúde. Além disso, explica por que não conta com o apoio da deputada federal Lêda Borges (PSDB) para a sua pré-candidatura.
Paulo Henrique Magdalena – Como a senhora avalia a atual gestão em Valparaíso?
Maria Yvelônia – Avalio como uma gestão regular. O prefeito conseguiu dar andamento a algumas obras que estavam paradas, o que é positivo. Mas, do ponto de vista de infraestrutura e saúde, a cidade tem muitos desafios e a população sofre muito com isso.
Paulo Henrique Magdalena – Como a senhora acompanha a indefinição da escolha do candidato pelo prefeito Pábio Mossoró (MDB)?
Maria Yvelônia – Pela experiência que tenho e pelo fato de acompanhar a política partidária, digo que não é normal o que está acontecendo em Valparaíso. O atual prefeito é o primeiro a ser reeleito no município e é muito natural, nessas condições, que ele tenha clareza de quem é o candidato à sua sucessão. Geralmente, esse candidato é apresentado à população em torno de 2 anos. Portanto, o que vem acontecendo em Valparaíso é atípico. Mas acredito também que essa situação se deva a uma decisão feita lá atrás, de autorizar vários pré-candidatos.
Paulo Henrique Magdalena – Na última eleição, a senhora foi candidata a vice-prefeita da deputada Lêda Borges. Qual os motivos das duas não estarem compondo chapa desta vez?
Maria Yvelônia – Nós estávamos dialogando, mas houve uma decisão por parte dela sem me dar nenhuma justificativa. Até porque ela não deve nenhuma satisfação em relação a isso. A deputada decidiu retirar um vereador da base do prefeito e apresentá-lo como seu pré-candidato. Acredito que tenha achado melhor assim, até porque ela e o prefeito eram do mesmo grupo. A deputada ajudou na primeira eleição do Pábio, mas, em determinado momento, os dois romperam. Esta briga prejudica muito a cidade, pois já se tornou pessoal e não mais uma questão partidária.
Paulo Henrique Magdalena – A senhor se sente traída politicamente, pelo fato de Lêda Borges ter dado preferência ao vereador Zé Antônio (PL)?
Maria Yvelônia – Não me sinto assim. Acredito que isso é próprio do processo político. Tenho muita maturidade para entender que parlamentares com mandatos têm interesses que, por vezes, não incluem fortalecer lideranças que estão iniciando seu processo político.
Paulo Henrique Magdalena – Tendo em vista sua formação e experiência em assistência social, a senhora considera que essa área no município recebe a atenção necessária por parte dos gestores municipais?
Maria Yvelônia – Não recebe. A questão da segurança alimentar ainda é tratada de forma assistencialista. Não se percebe a existência de um programa de segurança alimentar. No atendimento de média e alta complexidade, também se vê claramente a dificuldade de atendimento a idosos e a pessoas vítimas de violência. A quantidade de servidores é insuficiente. Hoje, a Secretaria de Assistência Social possui apenas uma assistente social concursada, enquanto todos os outros têm vínculos empregatícios muito fragilizados, o que preocupa muito, em termos de continuidade do atendimento. Muitos serviços que a assistência social poderia prestar à população ficam prejudicados devido ao déficit de servidores. Além disso, há a questão da quantidade de equipamentos públicos. Atualmente, temos um município com 49 bairros, mas há apenas duas equipes de Conselho Tutelar, ambas localizadas no mesmo espaço físico, sem descentralização. A quantidade de equipamentos, como CRAS e CREAS, e de serviços de convivência não atende à demanda necessária. E eu desconheço a existência de um Centro Dia.
Paulo Henrique Magdalena – Qual estratégia pretende utilizar para popularizar sua campanha e seu nome perante os eleitores?
Maria Yvelônia – A minha principal estratégia é o contato direto com a população. Tenho feito agendas diuturnamente, de contato com lideranças, pessoas que são multiplicadoras. São pessoas que são respeitadas no município de Valparaíso. O nome Maria Yvelônia tem crescido por conta desse contato direto com a população.
Paulo Henrique Magdalena – Quais os seus projetos para fortalecer a educação e a saúde pública no seu mandato?
Maria Yvelônia – Nós temos tido ajuda do deputado federal Osmar Terra (MDB), que tem muita experiência no âmbito da saúde, assim como do secretário municipal de Goiânia, um médico muito renomado, o Pollara (Wilson Modesto Pollara). Eles estão ajudando a organizar o plano de governo da assistência social junto com uma pré-candidata nossa, que é da área da saúde. Hoje, o que se percebe é uma demanda por equipes de atendimento domiciliar, algo que não está tendo em Valparaíso, e precisamos aumentar o número de farmácias populares para descentralizar a entrega dos medicamentos. Nós temos, ainda, muitos casos de óbito por falta de UTI. Também é observada a necessidade de capacitação dos servidores e de investimento em parcerias com clínicas e laboratórios. Para fazer exames básicos como o de imagem, hoje, o paciente precisa se deslocar para Goiânia ou para Anápolis, o que repercute de forma muito ruim na vida da pessoa.
Paulo Henrique Magdalena – Em sua visão, quais são as principais demandas do município e como resolvê-las?
Maria Yvelônia – A primeira coisa é você investir e ter um secretariado técnico. Nós entendemos que o secretariado passa por uma discussão política e partidária. Porém, essa discussão não impede que as indicações sejam técnicas. Hoje, por exemplo, nós temos muita dificuldade na saúde, educação, cultura, esporte e lazer. A gente precisa, em Valparaíso, investir nos jovens, pensando nessa questão do primeiro emprego. Também devemos apoiar o setor produtivo. As empresas têm muitas dificuldades em se manter, principalmente no primeiro e segundo ano. É necessário pensar em programas de incentivo, além de projetos que ajudem a viabilizar um capital de giro para essas empresas. Também precisamos de meios para afastar os jovens da criminalidade, investindo no esporte e na cultura. E de forma acessível, para que os jovens realmente façam parte desse processo. Outra questão é que não há uma rodoviária interestadual em Valparaíso e há problemas na mobilidade interna. Temos ainda as enchentes em época de chuvas, as pessoas perdem seus bens, suas casas, seu comércio. Como que ninguém resolve essa situação? Não existe engenheiro, não existe um técnico que possa minimizar ou resolver essa situação. A gente precisa realmente colocar pessoas que são técnicas para solucionar os problemas. Como me especializei em gestão, quando olho um problema, penso em como resolvê-lo. A minha ideia com relação à Valparaíso é fazer gestão. São muitas áreas, muitas situações. Vamos precisar montar um plano de priorização, para definir as ações prioritárias para os primeiros cem dias. A população fica cansada nessa época de campanha, porque todo mundo promete sempre a mesma coisa e os mesmos problemas continuam. Eu acredito que está tendo muita politicagem e pouca gestão. Sou a única pré-candidata que o grupo tem certeza da sua candidatura. Porque os outros pré-candidatos dependem da decisão de terceiros. Estou fazendo uma pré-campanha e futuramente uma campanha apresentando um projeto de cidade.