Natural de Formosa e herdeiro de uma linhagem familiar influente na região, Brasil Júnior é casado e pai de três filhos e três netos. Ele é filho do conceituado advogado Dr. Brasil Correia e da professora Beth Chaves, que desenvolve um trabalho social nas zonas rurais do município. Além disso, é sobrinho do ex-prefeito e deputado estadual Tião Caroço. Com negócios diversificados, o agronegócio é o carro-chefe de suas atividades. Somente em suas fazendas, emprega mais de 80 funcionários.

Outra característica do empresário é a boa relação com diferentes polos políticos. Apesar de ser de direita, ele mantém um bom diálogo com políticos de esquerda. Um exemplo disso foi o convite do ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, para participar da comitiva brasileira chefiada pelo Presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que foi à China em abril do ano passado.

Nesta entrevista ao Jornal Opção Entorno, Brasil deixa claro que será candidato à prefeitura e garante que não é um político, mas sim um gestor. Desta forma, ele pretende levar para o Executivo municipal suas habilidades de gestão para “organizar a casa”. Brasil fala sobre seus projetos para o município, abrangendo áreas como saúde, educação, infraestrutura e outras. Além disso, pontua que sua meta principal é gerar empregos para Formosa.

Paulo Henrique Magdalena – O senhor acredita que até abril sua candidatura à prefeitura será realmente confirmada ou ainda há muitos empecilhos que impeçam a confirmação de seu nome?

Brasil Júnior – Nenhum empecilho. Sou pré-candidato e vou ser candidato. Hoje o maior grupo político da cidade é o meu. Tenho o apoio do presidente da Câmara, vereador Mundim, meu amigo, de vários outros vereadores e de pessoal da segurança pública. A maior parte do agronegócio está comigo. Eu tenho uma relação muito boa também com o pessoal da zona rural e hoje eu sou o único candidato que tem acesso na elite e junto àqueles de menor poder aquisitivo. E é por esse pessoal que sou candidato. Eu quero mudar a vida deles.

Foto: Divulgação

Paulo Henrique Magdalena – Quais são suas principais motivações para concorrer ao Executivo?

Brasil Júnior – Falaram que eu deveria fazer um curso de oratória para virar prefeito. Eu respondi que não sou político. Eu sei trabalhar. Esta á a minha motivação. Eu quero que o povo me dê a oportunidade de trabalhar para eles. Um prefeito é meramente um funcionário público com tempo determinado. Se eu for bom, ficarei mais quatro anos; se eu for ruim, sairei de cena. Eu não aceito que vereador, prefeito, deputado e governador sejam chamados de autoridades. A autoridade para mim é o povo. É o enfermeiro, é o gari, é o professor. Eu quero ser prefeito, porque eu sei qual é o meu potencial. Eu sou o único que tem acesso à situação e à oposição. Na minha casa já vieram todos os pré-candidatos, a gente conversa e tem uma relação muito boa. Porque meu projeto é social. É para a cidade. A partir da hora em que eu começar a ter inimigo político, vai ser tornar um projeto pessoal, daí acabou a essência. Se meu adversário for bom, e eu ganhar a eleição, se eu vejo que ele tem a somar, vamos trabalhar juntos, vamos para o meu governo.

Paulo Henrique Magdalena – Os nomes do atual gestor e do ex-prefeito estiveram envolvidos no escândalo de fraude a licitações para locação de caminhões para o município, segundo investigações do Ministério Público. Como pretende lidar com casos suspeitos de corrupção?

Brasil Júnior – No dia em que eu iniciar meu mandato, quero montar um escritório para o Ministério Público e a OAB, a fim de que eles tenham 100% de acesso aos contratos da minha gestão. Vai ter fiscalização de um auditor da OAB e do Ministério Público. A intenção é criar um compliance público. Eu sou daqui, minha família é daqui, meus negócios todos são daqui, meus filhos e meus netos todos moram aqui. Eu quero terminar meu mandato e sair de cabeça erguida, sem ninguém me chamando de ladrão, de corrupto. E se eu fizer uma bobagem dessa, como vou fazer? Eu vou ter que continuar morando em Formosa o resto da minha vida. Nosso patrimônio é grande. Não tem como eu tirar o patrimônio daqui e ir para outro lugar.

Paulo Henrique Magdalena – Aliás, como avaliaria a gestão do atual prefeito?

Brasil Júnior – É uma boa gestão. O Gustavo só teve um problema. Ele focou demais num grupo muito pequeno. Havia pessoas muito boas do lado dele que podiam somar e eu acho que ele não trouxe para dentro do grupo.

Brasil Júnior e Roberto Naves, presidente estadual do partido Republicanos (Foto: Divulgação)

Paulo Henrique Magdalena – Quais medidas devem ser tomadas para promover a transparência e a prestação de contas na administração municipal?

Brasil Júnior – Fazer contratos lícitos, trabalhar dentro do que a lei permite e atuar em parceria com o Ministério Público e a OAB. É ter um controle interno eficiente com a ajuda desses órgãos. E tentar também fazer a parceria público-privada. Porque a prefeitura não é minha, mas do povo. O dinheiro que entra lá, precisa ser fiscalizado. A gente precisa dar as ferramentas para isso.

Paulo Henrique Magdalena – Caso se tornasse prefeito hoje, sua política seria de continuidade ou implementaria uma nova forma de gestão?

Brasil Júnior – É uma nova forma de gestão. Eu quero usar a máquina para trabalhar para o povo e focar na geração de empregos. Vou dar à população de Formosa dignidade, e dignidade se dá com emprego. Quero executar as coisas de forma bem empresarial, porque é a minha forma de gerir, é como eu cuido das minhas coisas. Sou um cara que cobro muito. A primeira coisa que farei quando eu começar o meu mandato, é rever toda a situação dos servidores públicos, porque eles precisam ser valorizados e são a engrenagem da “empresa”. Se eles forem valorizados e bem pagos, vão trabalhar com eficiência. E outra coisa: eu não vou aceitar que servidor público trate mal o formosense.

Paulo Henrique Magdalena – Quais são os seus projetos para melhorar a qualidade de vida dos cidadãos de Formosa?

Brasil Júnior – A primeira coisa é investimento. Formosa hoje é rica principalmente no agronegócio. Temos grandes empresas ligadas ao agro. Então, pretendo criar um conselho deliberativo. Vou chamar 50 pessoas de cada segmento, do grande empresário ao chefe do bairro, e a cada dois meses nós vamos sentar e discutir. Porque seria hipocrisia de minha parte falar que vou conseguir resolver sozinho os problemas de uma cidade com mais de 130 mil habitantes. Eu tenho que ouvir todas as classes e segmentos, e vou fazer um governo participativo. O melhor produto do Brasil nós temos aqui em Formosa, que é o povo formosense. Outro projeto é fazer um restaurante popular no município.

Paulo Henrique Magdalena – Como pretende lidar com os desafios atuais que a cidade enfrenta, como infraestrutura, educação e saúde?

Brasil Júnior – Na infraestrutura, a gente está precisando com urgência resolver a questão dos alagamentos e enchentes. Aqui chove e vira o caos. Teve um projeto muito bacana que foi vetado pelo Ministério Público, acionado por ambientalistas. Acho que precisa ser revisto e esse projeto tem que ser feito. Formosa sofre muito com isso e chegou ao ponto de calamidade, porque já está afetando vidas. Na saúde, o governador está investindo em um grande hospital estadual. Eu acho que vai ser inaugurado ano que vem. Então, com isso, vai haver uma grande mudança nessa área. Quero, ainda, investir muito na educação, mas não só na básica. Hoje, por falta de planejamento, parte do dinheiro do Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação) é desviado para outras coisas. Eu quero usar 100% desses recursos para investir nos professores, tecnologia e infraestrutura. E pretendo valorizar mais os professores, que são muito desvalorizados em Formosa.

Paulo Henrique Magdalena – Que tipo de medidas pretende implementar para promover o desenvolvimento econômico de Formosa e a geração de emprego e renda no município?

Brasil Júnior – Vou estruturar o setor de indústria, porque hoje lá não tem infraestrutura, não tem energia, esgoto ou internet. Quero ir atrás das empresas que estão aqui, bater na porta de cada uma e ajudar a melhorá-las, para que possam gerar mais emprego e renda. É preciso fazer parcerias, pegar o investidor e tratá-lo de forma diferente. A intenção é criar mais postos de trabalho. Se você gera empregos, você dá dignidade e acaba com um problema social. Assim, Formosa voltará a ter o protagonismo político que ela sempre teve.

O pré-candidato com o vereador Mundim (Pode), um de seus principais aliados (Foto: Divulgação)

Paulo Henrique Magdalena – Mesmo sendo de direita, o senhor tem uma boa aproximação com o PT. De que forma pretende trabalhar o diálogo com o Poder Legislativo, com o governo estadual e outras prefeituras, caso se torne prefeito?

Brasil Júnior – Eu fui o único formosense a ser convidado pelo ministro Carlos Fávaro para participar da comitiva brasileira que esteve na China. Antes disso, ele havia conversado muito comigo, porque queria alguém como eu, que fosse bem-sucedido e tivesse o respeito do pessoal de esquerda, mesmo eu sendo de direita. Hoje eu tenho um sócio que é de esquerda, o Mundim, que é um cara trabalhador, por quem tenho respeito e andamos juntos. Aliás, tenho vários amigos de esquerda, pois prezo pelo bom diálogo. Por que todos os pré-candidatos vêm, hoje, à minha casa? Porque eles sabem que sou respeitoso com todos e sou homem de palavra. Eu acho que o dia em que o homem perder a palavra dele, ele pode se enterrar. E se eu vou virar um gestor, se eu vou cuidar de uma cidade, eu não posso me dar ao luxo de ter um lado, direita ou esquerda, pois eu tenho que atender a todos.

Paulo Henrique Magdalena – Formosa é um importante polo turístico na região do Entorno. Que ações pretende implementar para fomentar o setor?

Brasil Júnior – Vou tentar uma parceria público-privada no Itiquira. Estou atrás de um escritório de um grande artista, um investidor. Pretendo também implementar um projeto – e tem verba do Ministério do Turismo para isso – para tornar a Lagoa Feia, que é linda, uma prainha com vários eventos. Além da Lagoa Feia e Itiquira, temos o Buraco das Araras, Buraco das Andorinhas e Cachoeira do Bisnau. O turismo gera dinheiro e fazer eventos gera dinheiro e empregos diretos. Isso movimenta a cidade.