Fotógrafo brasiliense expõe a Chapada para o mundo e conquista prêmio internacional
14 dezembro 2024 às 12h37
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Com mais de 160 prêmios conquistados, Marcio acumula um impressionante histórico de conquistas e já recebeu mais de US$ 60 mil em premiações. Entre os concursos de prestígio nos quais se destacou estão o International Garden Photographer of the Year (IGPOTY), International Landscape Photographer of the Year (ILPOTY), Nature’s Best Photography, Oasis Photo Contest, Sony WPA e HIPA. Em 2023 e 2024, fez história, ao vencer o Epson International Pano Awards (EIPA), sendo consagrado como VR Photographer of the Year por dois anos seguidos.
Seu trabalho já foi publicado em renomadas revistas especializadas, como Outdoor Magazine, BBC Wildlife, Sportdiver, Geo Magazine, Biographic, National Geographic e New Science. Ele também contribuiu para best-sellers como Night Vision (National Geographic) e Our Planet (Netflix). Em 2014, publicou um artigo pioneiro sobre fotografia panorâmica subaquática na revista Photoworld, a maior publicação de fotografia da China.
Marcio não apenas coleciona prêmios, mas também exibe suas obras ao redor do mundo. Suas fotografias já foram apresentadas em exposições individuais no Brasil e coletivas na Espanha, além de prestigiosas mostras de longa duração no Smithsonian National Museum of Natural History, nos Estados Unidos, e no Gasometer Oberhausen, na Alemanha.
Neste ano, ele conquistou um importante feito: venceu a categoria “Paisagens” no Nature’s Best Photography International Awards com uma foto deslumbrante da Chapada dos Veadeiros, batizada de “Fireworks”. A imagem, que combina a planta Sempre-viva – também chamada de “chuveirinho” – com um céu estrelado iluminado por lanterna, celebra a beleza do Cerrado e o talento do fotógrafo em levar o Brasil ao cenário mundial.
Nesta entrevista ao Jornal Opção Entorno, Marcio compartilhou detalhes sobre o processo criativo por trás da captura dessa imagem premiada e destacou a importância de valorizar o Cerrado, um dos biomas mais ameaçados do Brasil.
Paulo Henrique Magdalena – O que o inspirou a fotografar a Chapada dos Veadeiros e como escolheu o local específico para capturar essa imagem?
Marcio Cabral – Desde a adolescência, a Chapada dos Veadeiros tem sido um destino constante em minhas viagens. Este lugar deslumbrante, com sua vasta biodiversidade e paisagens espetaculares, sempre me ofereceu uma infinidade de cenários inspiradores. Ao longo dos anos, explorei muitos de seus recantos escondidos, cada um com sua beleza única. Um desses locais que me cativou foi este campo florido, especialmente encantador ao amanhecer. As pétalas das flores refletem a luz do sol, criando um efeito mágico, como se tivessem luz própria. Fotografar na Chapada dos Veadeiros é um privilégio.
Paulo Henrique Magdalena – Quanto tempo levou para planejar e executar essa fotografia? Houve algum desafio técnico ou ambiental durante a captura?
Marcio Cabral – Para esta fotografia específica, o planejamento levou alguns meses, observando o crescimento da florada e vários dias fotografando até conseguir a melhor luz. Além do vento, que pode causar borrões de movimento nas flores, havia o desafio de ter pouco tempo para capturar a cena perfeita. Outro desafio significativo foi encontrar o local ideal. Apesar de haver milhares de flores, as do primeiro plano precisavam se destacar e isso pode levar vários minutos até encontrar o ponto perfeito. Foi preciso sorte para que as nuvens não bloqueassem totalmente o sol, já que a ausência de nuvens não cria um céu tão rico quanto este, com nuvens vermelhas. Por isso, foi necessário visitar o local em vários dias até conseguir a luz perfeita.
Paulo Henrique Magdalena – Como foi o processo de decidir a intensidade, a direção e o foco da iluminação para destacar a foto?
Marcio Cabral – Decidir a intensidade, a direção e o foco da iluminação foi crucial para destacar a beleza do campo florido. A iluminação contra a luz foi escolhida para revelar o brilho dos chuveirinhos, que refletem a luz de maneira encantadora. Também foi necessário utilizar técnicas para equilibrar o brilho entre o céu e o primeiro plano, garantindo que ambos fossem destacados na composição final. O foco foi ajustado para capturar a nitidez das flores, realçando a profundidade e a dimensão da imagem.
Paulo Henrique Magdalena – Que emoções o senhor quis transmitir com essa fotografia e qual é o significado pessoal dessa imagem?
Marcio Cabral – Com esta fotografia, quis transmitir a serenidade e a beleza intocada da natureza ao amanhecer. A imagem evoca uma sensação de paz e contemplação, convidando o observador a apreciar a tranquilidade e a magia do momento. Além disso, quis transmitir o efeito de fogos de artifício, por isso nomeei a imagem de “Fireworks”. O formato e o brilho das flores lembram fogos amarelos no céu. Pessoalmente, esta imagem representa minha conexão profunda com a Chapada dos Veadeiros e meu amor pelo Cerrado brasileiro. É uma celebração da beleza natural e um chamado à preservação deste ecossistema único.
Paulo Henrique Magdalena – Como sua fotografia pode contribuir para a valorização e preservação do Cerrado, um dos biomas mais ameaçados do Brasil?
Marcio Cabral – Acredito que minha fotografia pode contribuir para a valorização e preservação do Cerrado ao aumentar a conscientização sobre sua beleza e fragilidade. Vencendo uma importante competição como esta e aumentando a divulgação do Cerrado, a fotografia alcança mais pessoas, sensibilizando-as para a necessidade de proteger este bioma. A fotografia tem o poder de conectar as pessoas à natureza e gerar um senso de responsabilidade para proteger esses ambientes ameaçados.
Paulo Henrique Magdalena – Qual foi sua reação ao saber da vitória no Nature’s Best Photography International Awards e como esse prêmio impactará sua carreira e próximos projetos?
Marcio Cabral – Fiquei extremamente emocionado e honrado ao saber da vitória no Nature’s Best Photography International Awards, o principal concurso de fotografia de natureza dos EUA. Este prêmio é um reconhecimento significativo do meu trabalho e uma validação dos esforços dedicados à fotografia da natureza. Já havia vencido este concurso em 2017 com uma imagem de Bonito. Desta vez, a imagem vencedora faz parte da capa da revista Nature’s Best Photography deste ano, o que aumenta ainda mais sua relevância e alcance. Esta vitória não só abre novas portas e oportunidades na minha carreira, permitindo-me expandir meus projetos e continuar a explorar e documentar as maravilhas naturais do mundo, como também ajuda a divulgar o Cerrado internacionalmente.
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