Circo e cultura popular agitam a tarde deste domingo, em Planaltina
20 julho 2024 às 10h17
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Neste domingo (21), o Complexo Cultural de Planaltina, no Distrito Federal, será palco do Festival Cerrado Circense, evento que promove e valoriza a arte circense brasileira, além de democratizar o acesso à cultura popular. A população poderá conferir oficinas de dança popular, teatro, circo e capoeira angola, com espetáculos de palhaçaria, malabarismo, equilibrismo, pirofagia, acrobacias de solo e, ainda, shows de bandas locais.
Segundo o titular da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do DF (Secec), Claudio Abrantes, o festival foi contemplado na categoria “Meu Primeiro FAC”, no ano passado, sendo a primeira vez que está sendo executado. “Isto só reforça o nosso compromisso de, cada vez mais, dar oportunidade e espaço às diversas vertentes culturais do DF”, explica. “Planaltina é um dos grandes berços da nossa cultura, a população é sempre muito participativa e tenho certeza de que será mais um grande evento importante para toda a comunidade”, garante o secretário.
Identidade multicultural
A ideia do festival surgiu ano passado, quando a secretaria, junto ao Fundo de Apoio à Cultura (FAC), lançou o edital de seleção para projetos culturais. “Essa identidade multicultural do projeto dialoga muito com a diversidade das minhas referências e interesses no mundo artístico”, destaca a diretora artística do evento, Luara Campanatti. “O circo e a cultura popular são duas coisas que, por si sós, são muito plurais. Além disso, a cena artística e cultural do Distrito Federal é muito rica e diversa, permeando essa pluralidade de variadas artes que se agregam. Então, levar esse intercâmbio de diversas modalidades artísticas para o nosso evento é uma grande alegria”, complementa.
O Cerrado Circense leva para a periferia os legados da tradição e da contemporaneidade do circo. “Vejo uma importância muito grande no contato artístico com o público de Planaltina. Um dos pontos cruciais da nossa ideia de realizar o projeto nessa Região Administrativa, foi justamente a descentralização do acesso à cultura, já que em Brasília a gente lida com a concentração regional das atividades culturais no Plano Piloto, que possui uma urbanização bastante segregadora e elitista, influenciando na concepção indigna do que é o acesso à arte e quem possui esse acesso”, reflete Luara.
Para ela, a democratização e universalização do acesso à cultura pode ser uma prática transgressora e de muitos frutos positivos, já que a arte, em sua opinião, tem o poder de transformar realidades e impulsionar novos hábitos, experiências e sonhos. “Além disso, o acesso à cultura e lazer é um direito social básico que faz parte da constituição e do exercício da cidadania de toda e qualquer pessoa, contribuindo diretamente para o desenvolvimento pessoal e coletivo de uma comunidade”, afirma a diretora artística do festival.
Modalidades circenses
O processo de escolha das atrações veio tanto da admiração pelo trabalho dos artistas, como também do desejo de difundir a visibilidade de talentos locais, que executam um trabalho tão potente. “A minha gama de experiências e envolvimentos ao longo dessa trajetória artística me fez cruzar caminhos com diferentes figuras atuantes da cultura aqui do DF, o que ampliou a minha rede de referências e inspirações e me fez estar atenta ao grande potencial que o trabalho dessas pessoas carrega, desejando levar essa produção ao conhecimento de mais gente”, revela Luara, que também irá se apresentar como o grupo Varieté Circense.
Essa trupe contará com quatro atrações, sendo números breves e que trazem variadas modalidades do circo, como equilibrismo, palhaçaria, pirofagia e acrobacias. “Apresentarei o meu número de pirofagia ‘Sacra Brasa’, em que mostro as técnicas de engolir fogo, contato do fogo com a pele e truques com bambolês de fogo, com o acompanhamento de um grande saxofonista ao vivo”, adianta Luara. O grupo conta também com Caísa Tiburcio, Marcos Davi e João Aguiar.
Coco e maracatu
Considerada pela população brasiliense como personalidade elementar para a composição da cena sociocultural, Martinha do Coco vai encerrar o festival, com sua apresentação sempre dançante e animada. “Será um show com muita alegria e muita cultura popular. Vou colocar o público para dançar, com ritmos de coco e maracatu”, anuncia Martinha. Para ela, será muito gratificante fechar o evento em Planaltina. “Levar tanta diversidade cultural para as cidades satélites e Entorno, é fundamental para contribuir para o fortalecimento cultural das comunidades”, frisa a cantora, compositora e mestra Griô da cultura popular.
Nascida em Pernambuco, Martinha do Coco mudou-se para Brasília aos 17 anos e, desde então, é moradora do Paranoá. A partir das raízes olindenses, desenvolveu um estilo musical melódico e inconfundível, conhecido por “Coco do Cerrado”. A artista foi homenageada pela Câmara Legislativa do DF, em 2019. E recebeu a Medalha do Mérito Distrital da Cultura Seu Teodoro em 2022, na reabertura do Museu do Catetinho. “Sinto-me honrada por esse reconhecimento todo dos meus trabalhos culturais. É uma felicidade”, conta Martinha, que sempre abre rodas de encantamento por onde passa, marcadas pelo bom humor e por reflexões filosóficas que sempre provoca.
Arte do encontro
As oficinas programadas para o festival também levam o público a estar mais perto do universo circense, como é o caso da “Vivência imersiva de técnica muscular para o ator”, que será ministrada por Flávio Café. Segundo ele, durante as oficinas, as pessoas se conectam a talentos que nem sabiam que tinham. “É um ator que antes só atuava, de repente se sente à vontade para cantar, dançar e tocar instrumentos. E o oposto também acontece: circenses que se aventuram a interpretar, músicos que descobrem que podem interpretar”, relata. “Percebo que tudo isso lhes apresenta um novo universo de possibilidades artísticas”.
Para ele, o circo é uma atividade cultural que, como todas as artes cênicas, traz uma característica de suma importância para o desenvolvimento humano: a presença. “O circo é a arte do encontro, é preciso que estejamos presentes, comunicando e se afetando, para que esta arte aconteça”, define Flávio Café.
SERVIÇO
Festival Cerrado Circense
Dia 21 de julho, das 14h às 20h
Local: Complexo Cultural de Planaltina (Avenida Uberdan Cardoso, St. Administrativo, lote 2)
Entrada franca
Programação
14h – Oficina Fundamentos da Parada de Mão – Louise Aldrigues
16h – Oficina Vivência imersiva de técnica muscular para o ator – Flavio Café
18h – Varieté Circense – Caísa Tiburcio, Marcos Davi, João Aguiar e Luara Campanatti 19h – Martinha do Coco
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