Um problema antigo, que vem se agravando pela falta de ação concreta do poder público, é a grande voçoroca localizada ao lado do shopping Brasil Center, às margens da BR-040, em Valparaíso de Goiás. 

Segundo a gestora ambiental e mestranda em drenagem sensível à água pela Universidade de Brasília (UnB), Paloma Ludmyla Morais de Medeiros, o fenômeno, embora natural, tem sido drasticamente agravado por fatores antrópicos. “Em Valparaíso, muitas áreas verdes vêm sendo ocupadas sem planejamento. Na região da voçoroca, percebemos um crescimento significativo após a construção do shopping Paraíso Mega Center, sem qualquer estudo de impacto ambiental – apenas com um alvará simples que permitiu sua implantação”, explicou a gestora.

Paloma Ludmyla: “Tentar resolver isso apenas pela via judicial, tem sido moroso e ineficaz. Um consórcio regional seria uma das alternativas”

Entre os principais fatores ambientais e urbanos que contribuíram para o agravamento do problema, a especialista cita a retirada de vegetação nativa, o excesso de pavimentação sem infraestrutura adequada de drenagem de águas pluviais, ocupações em áreas de proteção ambiental e a ausência de projetos e planejamento urbano que permitam um crescimento organizado da cidade.

Paloma afirma que a situação já ultrapassa os limites de atuação do município. “O problema atinge não apenas Valparaíso, mas também, de forma direta, Cidade Ocidental, Luziânia e o distrito do Jardim Ingá. Como se trata de uma rodovia federal, as soluções precisam envolver o Governo Federal, o estado e os municípios. Tentar resolver isso apenas pela via judicial, tem sido moroso e ineficaz. Um consórcio regional seria uma das alternativas mais viáveis, permitindo a cooperação de todas as partes envolvidas”, avaliou.

Medidas emergenciais

Questionada sobre quais medidas emergenciais deveriam ser adotadas imediatamente, Paloma foi enfática: “O mais urgente é interditar a via marginal e impedir o acesso da população às margens da voçoroca. O solo está completamente instável e há risco real de novos desmoronamentos, com proporções imprevisíveis. Em 2022, infelizmente, uma pessoa perdeu a vida ao cair na erosão”, enfatizou.

Ela também defende a adoção de estratégias técnicas de curto e médio prazo, com foco na contenção imediata. “É necessário conduzir as águas pluviais para uma bacia de detenção, enquanto se elabora o projeto de estabilização da voçoroca com obras de engenharia. A situação é complexa e exige a participação de urbanistas, engenheiros, gestores ambientais e outros especialistas”.

Segundo a gestora, a situação é complexa e exige a participação de urbanistas, engenheiros, gestores ambientais e outros especialistas

Para conter o avanço da erosão a longo prazo e mitigar os impactos, ela defende ações estruturais e ambientais integradas. “Essa voçoroca já ultrapassou muitos limites que poderiam ter sido evitados com planejamento. Agora, o foco deve ser evitar que ela atinja a BR-040. O município precisa assumir sua autoridade política e buscar recursos financeiros para executar a recuperação da área. A alegação de que a área é particular não exime o poder público de agir”, pontuou.

Audiência com a Defesa Civil 

O deputado federal Célio Silveira (MDB) anunciou que o caso está entre suas prioridades. “Solicitamos uma audiência com o Secretário Nacional de Proteção e Defesa Civil, Wolnei Wolff. Estarei ao lado do prefeito Marcus Vinicius (MDB) para buscar soluções emergenciais que contenham os danos e garantam a segurança dos motoristas e moradores que trafegam nas proximidades da erosão”, afirmou o parlamentar.

Célio Silveira: “Estarei ao lado do prefeito Marcus Vinicius para buscar soluções emergenciais que contenham os danos”

O Jornal Opção Entorno vem acompanhando a situação de perto. À época de outra reportagem sobre o assunto, a prefeitura de Valparaíso, por meio de nota oficial, esclareceu que todas as medidas administrativas e judiciais necessárias já foram tomadas para solucionar o problema.

Ainda, segundo a Prefeitura, a área afetada é de propriedade privada e foi arrematada em leilão com a obrigação de recuperação ambiental, conforme previsto no Programa de Recuperação de Área Degradada (PRAD). Entretanto, os proprietários não cumpriram suas responsabilidades.

Atualmente, o local afetado está em processo de penhora, para que os imóveis sejam leiloados e os recursos arrecadados sejam utilizados na recuperação ambiental. A gestão municipal reforça que já tomou todas as providências cabíveis, tanto na esfera administrativa quanto na judicial.

Leia também:

Construção de Passarelas na BR-040 é tema de audiência no Ministério dos Transportes

E mantenha-se atualizado acompanhando as nossas redes sociais!