A questão da mobilidade urbana nas cidades circunvizinhas ao Distrito Federal tem ganhado destaque com iniciativas voltadas à melhoria do transporte público coletivo. Isto inclui desde adoção de políticas públicas para integrar a região com um plano de mobilidade eficiente, até a gratuidade do transporte. Entre as ações que já estão em prática, o Tarifa Zero de Luziânia, implementado pelo prefeito Diego Sorgatto (União Brasil), se destaca.

O programa, iniciado no final do ano passado, já contabiliza mais de três milhões de passagens gratuitas, impactando diretamente a qualidade de vida dos cidadãos do município. “Antes do Tarifa Zero, Luziânia vivia um caos no transporte público. Hoje, com ônibus novos e zero custo para a população, conseguimos mudar esse cenário, beneficiando também a zona rural”, explica Sorgatto.

Diego Sorgatto: “É possível democratizar o transporte público e, ao mesmo tempo, promover uma economia significativa para as famílias” (Foto: Divulgação)

A política de zerar as tarifas aos usuários, adotada em Luziânia, tem chamado a atenção de outros prefeitos da região. Sorgatto ressalta que houve diálogos com gestores de outros municípios, além de secretários estaduais interessados em replicar o modelo. “O Tarifa Zero de Luziânia foi destaque até em eventos internacionais, mostrando que é possível democratizar o transporte público e, ao mesmo tempo, promover uma economia significativa para as famílias”, acrescenta.

Em Santo Antônio do Descoberto, a prefeita eleita Jessica do Premium (União Brasil) também propôs a implementação de passagens gratuitas no município a partir de 2025, quando assumir o cargo. Sua proposta segue o exemplo do programa bem-sucedido de Luziânia, reforçando a tendência de expansão da gratuidade no transporte público dentro da RME.

Tarifas subsidiadas

No entanto, Valparaíso segue um caminho diferente. O prefeito eleito Marcus Vinicius (MDB) não colocou o Tarifa Zero como proposta em sua campanha. Em vez disso, ele planeja a implementação de um transporte pago, mas com tarifas acessíveis e serviços mais eficientes. “Antes de pensarmos em tarifa zero, precisamos fazer o transporte funcionar de maneira adequada”, argumenta Marcus. “Valparaíso ainda tem um transporte público muito precário, e minha prioridade é colocar em operação um serviço com 15 linhas e 32 ônibus, garantindo tarifas justas para a comunidade”.

Marcus Vinicius: “Antes de pensarmos em tarifa zero, precisamos fazer o transporte funcionar de maneira adequada” (Foto: Divulgação)

Enquanto Luziânia aposta na gratuidade para todos e Santo Antônio do Descoberto deseja seguir a mesma política na próxima gestão, Valparaíso busca um modelo que combine tarifas subsidiadas e eficiência operacional, permitindo a gratuidade apenas para grupos prioritários, como gestantes, idosos e estudantes. Essa diferença de abordagem reflete as realidades distintas de cada cidade, mas todas estão focadas em melhorar a mobilidade e a qualidade de vida de seus cidadãos.

Plano de integração

Segundo a titular da Secretaria de Estado do Entorno do Distrito Federal (SEDF-GO), Caroline Fleury, os projetos de mobilidade são parte de um plano mais amplo de integração dos 11 municípios da Região Metropolitana do Entorno (RME). De acordo com ela, “as políticas públicas buscam integrar a região para que todas as cidades tenham o mesmo desenvolvimento, respeitando suas vocações e necessidades específicas”.

Caroline Fleury: plano de integração dos municípios (Foto; Divulgação)

Fleury também comenta sobre os desafios e avanços que podem ser esperados para a RME. Ela explica que o estado está em diálogo com universidades e órgãos técnicos para desenvolver um plano de mobilidade intermunicipal robusto. “Estamos buscando avançar em um consórcio e governança que permitam a integração das linhas de transporte entre os municípios, considerando também a necessidade de um plano de mobilidade interestadual para conectar o Entorno ao Distrito Federal”, frisa a secretária.

Independentemente de como cada prefeitura pretende contribuir para solucionar uma das questões que mais impactam a qualidade de vida dos moradores da região, é fato que o futuro da mobilidade no Entorno dependerá da capacidade dos gestores em conciliar esses diferentes modelos e necessidades, sempre com o intuito de oferecer o melhor serviço à população.

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