Por Márcio Aguiar*

Neste domingo, 6 de outubro, eleitores de várias cidades brasileiras, incluindo o Entorno do Distrito Federal, irão às urnas para escolher seus representantes municipais. Estas eleições carregam um peso especial em um contexto de polarização política, em que o discurso de ódio e as fake news se tornaram armas poderosas nas mãos de candidatos que buscam manipular a opinião pública.

Desse modo, um dos elementos que mais permeiam o debate eleitoral é o chamado “voto útil”. Muitos eleitores, movidos pela ideia de que suas escolhas individuais podem ser desperdiçadas ao votar em um candidato menos competitivo, acabam optando por votar em nomes mais populares, independentemente de suas reais preferências políticas. Essa prática, que se repete a cada ciclo eleitoral, é o reflexo de um mito perigoso: o de que o voto deve ser estratégico, em vez de genuíno.

Embora o voto útil seja frequentemente promovido como uma maneira de evitar a vitória de um candidato indesejado, ele, na verdade, pode enfraquecer a democracia. Ao direcionar votos para candidatos que não refletem os valores ou interesses reais dos eleitores, essa estratégia distorce os resultados, reduz a diversidade de representação e pode favorecer projetos políticos que não atendem às necessidades da população.

Em última análise, o “voto útil” é uma armadilha que tira do eleitor o poder de expressão plena de suas convicções e contribui para a perpetuação de um ciclo de mediocridade política, em que se vota no “menos pior”, em vez de se lutar por uma real transformação.

Outro fator que tem manchado o processo eleitoral é o uso indiscriminado de fake news. Candidatos que, ao invés de promoverem debates construtivos e apresentarem propostas concretas, recorrem à desinformação e a ataques pessoais para fragilizar seus adversários. Essa estratégia, além de rasteira e antidemocrática, empobrece a qualidade do debate público, gerando uma população desinformada e desorientada.

As fake news têm o poder de moldar narrativas e de criar percepções equivocadas, que influenciam diretamente a escolha dos eleitores. Pior ainda, elas promovem a descrença nas instituições democráticas, ao alimentar a ideia de que todos os candidatos são corruptos ou inadequados para o cargo. O resultado é um eleitorado que, ao invés de ser estimulado a participar de um debate saudável, acaba se afastando ainda mais da política, alimentando o ciclo de desconfiança e polarização.

Para o Entorno do Distrito Federal, uma região de importância estratégica, o resultado das eleições municipais pode ser decisivo para o futuro crescimento econômico e social. Com uma população crescente e desafios complexos em infraestrutura, segurança e saúde pública, os municípios do Entorno precisam de lideranças comprometidas com o desenvolvimento sustentável e com a criação de políticas públicas que reflitam as necessidades da comunidade local.

O crescimento do Entorno está intimamente ligado à capacidade de seus representantes em formar alianças sólidas com os governos estadual e federal, além de buscar investimentos em áreas essenciais, como mobilidade urbana, educação e saúde. O cenário político que se desenha para o Entorno no pós-eleição pode ser determinante para o avanço ou o retrocesso dessas pautas, e é por isso que os eleitores devem estar atentos a promessas vazias e àqueles candidatos que se utilizam de táticas desleais, como fake news e ataques.

Em resumo, as eleições municipais de 6 de outubro são mais do que uma simples escolha de nomes; elas são uma oportunidade para reafirmar o compromisso com a democracia e com o progresso da sociedade. O mito do voto útil e o uso de fake news são obstáculos que o eleitor precisa superar para garantir que sua voz seja realmente ouvida e representada. Para o Entorno do Distrito Federal, o futuro está em jogo, e o caminho para o crescimento depende das escolhas feitas agora.

Vote consciente!

*Márcio Aguiar – Cientista político, consultor em comunicação e marketing político

Leia também:

Assédio eleitoral: ameaça à democracia e aos direitos trabalhistas