Por Márcio Aguiar*

Em Goiás, a liderança desgastada de Marconi Perillo exemplifica a derrocada de uma legenda que não conseguiu se renovar e se torna cada vez mais irrelevante.

Marconi Perillo governou Goiás por quatro mandatos, acumulando conquistas e polêmicas. Embora tenha desfrutado de momentos de protagonismo, sua liderança se tornou um peso para o PSDB. Insistindo em um modelo político ultrapassado e desconectado das demandas atuais, Marconi afundou sua imagem e a do partido. O resultado eleitoral nas eleições municipais de 2024 foi mais uma prova disso. Alianças articuladas por ele fracassaram. Um exemplo foi a candidatura da ex-vice-prefeita de Luziânia, Diretora Ana Lúcia (PSDB), que amargou um terceiro lugar, mostrando o descrédito do partido no estado.

A região do Entorno de Brasília, o segundo maior colégio eleitoral de Goiás, é um exemplo emblemático do fracasso da liderança de Marconi Perillo. Por anos, ele percorreu municípios como Santo Antônio do Descoberto e Águas Lindas de Goiás com promessas de investimentos em infraestrutura que nunca se concretizaram. Ele retornava a cada quatro anos, repetindo as mesmas promessas vazias, e desaparecia após as eleições. Esse ciclo criou uma desconfiança generalizada na região, que agora rejeita veementemente esse tipo de “golpe político”.

O impacto dessas promessas não cumpridas foi devastador. A população do Entorno, que já vive em situação de vulnerabilidade social, ficou ainda mais desamparada. Essa insatisfação acumulada contribuiu para a rejeição massiva do PSDB e do próprio Marconi Perillo. Em um cenário eleitoral em que o Entorno decide resultados, perder o apoio dessa região é um erro estratégico fatal.

Sendo assim, a derrota de Marconi na eleição ao Senado em 2022 foi o recado mais claro de que seu tempo passou. Goiás não deseja mais lideranças que representem práticas ultrapassadas e promessas sem resultados. Insistir em se candidatar ao governo em 2026 seria um erro estratégico para ele e para o PSDB, que arrisca afundar ainda mais sua reputação.

De outra maneira, política moderna exige conexão com as necessidades da população, transparência e renovação. O personalismo e o modelo de liderança centralizadora de Marconi não encontram espaço nesse cenário. Goiás quer uma nova política, com lideranças que apresentem soluções reais e estejam alinhadas às demandas do presente.

O declínio do PSDB em Goiás reflete o cenário nacional. Um partido que já foi protagonista agora busca fusões com outras legendas para evitar a extinção. Sem renovação, ideias ou lideranças que dialoguem com o eleitorado, o PSDB sob a presidência nacional de Marconi, caminha para um fim melancólico.

A história do PSDB e de Marconi Perillo está marcada por conquistas, mas também por erros que foram cobrados pelas urnas. Goiás e o Brasil exigem uma política renovada, e aqueles que não souberem se adaptar serão deixados para trás. Para Marconi, a insistência em um modelo ultrapassado de liderança pode significar o fim de sua carreira política, bem como a ruína definitiva de um partido que já foi grande, mas que hoje vive apenas das lembranças de um passado distante.

*Márcio Aguiar Cientista político, consultor em comunicação e marketing político