Fenômenos sobrenaturais rondam a Igrejinha de Santo Antônio
23 outubro 2024 às 11h59
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Um casal e um grupo de jovens entoam suas orações no interior de uma construção simples, que remonta ao século XVIII. À frente, o altar e bancos dispostos em fileira, como de praxe no interior de qualquer templo católico. Na decoração, um vaso de flores sobre a mesa, que passa despercebido aos olhares e preces dos fiéis. Mas a cena, a princípio trivial, ganha, de repente, ares de um filme de suspense. O vaso parece ganhar “vida” e voa a metros acima do chão, como uma marionete nas mãos do titereiro. A mesa também flutua, mas a poucos centímetros do solo. As preces são logo interrompidas e todos se esvaem rapidamente do interior, assustados. Mais tarde, uma pessoa se dispõe a voltar ao local e tudo é encontrado exatamente como estava no início, sem qualquer dano material.
Essas e outras histórias misteriosas, como portas que se abrem e fecham sem causa aparente e ventiladores que ligam “sozinhos”, foram relatadas pelo Padre Marcelo José Vieira Jr., reitor do Santuário de Santo Antônio do Descoberto, a partir de depoimentos dos próprios fiéis ao frequentarem a histórica igrejinha de Santo Antônio, no município de Santo Antônio do Descoberto, no Entorno do Distrito Federal.
Uma ossada encontrada abaixo do altar durante a reforma da Igrejinha, em 2016, mas levada de lá para Goiânia, para fins de análise, pode ser a causa dos estranhos acontecimentos, na avaliação do sacerdote. O material foi devolvido ao templo somente nesta terça (22) pela manhã.
Entenda o caso
Na época, a notícia do achado dos ossos, que apresentavam um brilho incomum e inesperado, chamou, é claro, a atenção dos moradores, que espalharam rapidamente a notícia. Porém, como na velha brincadeira do telefone sem fio, “cada conto aumenta um ponto”. “Primeiro disseram que o padre achou ossos brilhantes; outros, que o padre achou ossos de diamante; ou até ossos de ouro”, relembra Padre Marcelo, acrescentando que havia um mito sobre um suposto tesouro composto de pedras de ouro e enterrado pelos antigos escravos no interior da Igrejinha.
Dali a pouco veio a imprensa e até o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), que queria saber mais sobre aquele verdadeiro achado arqueológico. Porém os resultados do material analisado em Goiânia, pela Fundação Aroeira, foram inconclusivos.
“Levaram os ossos, mas não me devolveram. Então, começaram a ocorrer muitas coisas, de portas se abrindo e coisas flutuando. Intuí que pudesse ser a falta dessa ossada”, conta Padre Marcelo. “Fui atrás desses restos mortais em Goiânia, mas não quiseram me entregar, pois, para isso, deveria ser cumprido um protocolo. Depois, estabeleceram algumas regras para devolução e criamos o ambiente da forma que o Iphan pediu: fizemos uma escavação, revestimos com concreto, para não haver infiltração. Colocamos, então, tijolinhos de barro e uma tampa de vidro com iluminação indireta. Agora, quem for à Igrejinha, vai poder visualizar esses ossos, que acabaram fazendo parte da história da cidade”, afirma o sacerdote.
Para ele, os fenômenos sobrenaturais podem ter sido ocasionados por almas do purgatório. “Penso que, pelo fato de pessoas estarem ali sepultadas, as almas do purgatório, aquelas que estão precisando de oração, muitas vezes podem estar pedindo as preces da gente. Então rezemos por elas, para que alcancem o descanso eterno”, frisa.
Ele relata, ainda, que a Igrejinha chegou a ser invadida diversas vezes por pessoas em busca do “ouro” supostamente escondido pelos escravos, mas, em sua visão, os acontecimentos trazem uma resposta mais espiritual do que científica. “Enquanto o povo às vezes valoriza o metal, porque tem o seu brilho, o que brilhou verdadeiramente foi o ser humano que está diante de Deus. A maior riqueza não é o ouro que possuímos, mas as pessoas que estão ao nosso lado, que amamos e nos amam de verdade”, reflete.
Confira, no vídeo a seguir, a ossada encontrada em 2016 com aspecto brilhante:
Relíquias de Santo Antônio
Na mesma data em que a ossada retornou à Igrejinha, coincidentemente chegaram ao município fragmentos de ossos de Santo Antônio de Pádua, o padroeiro da cidade. A relíquia foi trazida para o Santuário de Santo Antônio pelo frei franciscano Rafael Pinheiro Normando, que mora em Assis, na Itália.
Na ocasião, foi realizada uma cerimônia de bênção na Igrejinha, seguida de carreata rumo ao Santuário de Santo Antônio, entronização da relíquia e missa. A celebração contou com a presença de autoridades, como o prefeito do município, Aleandro Caldado (UB), e a prefeita eleita Jessica do Premium (UB). “Frei Rafael foi incumbido de conseguir, em Pádua, essa relíquia de primeiro grau, que ficará aqui de forma permanente. É uma concessão que foi dada ao Santuário por causa da sua expressão e devoção popular”, conclui Padre Marcelo.
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