Equipes do Ministério da Saúde e da Organização Panamericana de Saúde (OPAS), em parceria com a Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO), realizam a Oficina de Novas Tecnologias, Estratificação de Risco e Assistência para o Enfrentamento da Dengue.

O evento acontece na Escola do Futuro Luiz Rassi, em Aparecida de Goiânia, e conta com a participação de profissionais das áreas de controle de vetores, de vigilância epidemiológica e de assistência de vários municípios da Região Metropolitana do Entorno, como Águas Lindas, Formosa, Luziânia, Novo Gama e Valparaíso. Todas essas cidades estão entre as 14 prioritárias no Estado de Goiás, devido ao elevado número de casos e de mortes em decorrência da dengue.

O principal objetivo é oferecer capacitação a quem trabalha diretamente no enfrentamento das arboviroses, a fim de reduzir os óbitos de doenças vetoriais, especialmente de novembro a abril.

O treinamento contou com a presença de agentes de saúde de vários municípios, entre eles, cinco do Entorno (Foto: Iron Braz/ SES-GO)

Tecnologias baratas e eficazes

O treinamento promovido pela SES-GO apresenta aos agentes de saúde tecnologias eficazes no controle dos focos de Aedes aegypti, como é o caso da borrifação residual intradomiciliar, estações disseminadoras de larvicidas e o Projeto de Armadilhas de Oviposição (ovitrampas), que já se encontra em funcionamento em 10 municípios goianos, devendo se disseminar a outras localidades em breve.

Equipe de Águas Lindas: André Damião com a diretora técnica da Atenção Básica, Dayane Gomes, e a coordenadora técnica de Vigilância em Saúde, Táfani Teles (Foto: Divulgação)

Segundo André Damião, coordenador municipal de endemias de Águas Lindas, cidade que mais sofreu com o surto mais recente de dengue em Goiás, as ovitrampas trazem como vantagem o fato de serem uma tecnologia barata e eficiente. “É muito simples o funcionamento. Trata-se basicamente de um frasco escuro e, nele, vem uma paleta de madeira, onde inserimos uma solução atrativa. Ao invés de matarmos o mosquito adulto, que é muito mais difícil, nós vamos pegar os ovos, coletá-los e eliminá-los”.

As ovitrampas são colocadas nas casas dos moradores e monitoradas semanalmente. Em laboratório, é possível identificar a quantidade de ovos na paleta e, assim, ver quais localidades estão mais infestadas.

Ovitrampas: tecnologia de baixo custo que será implementada no Entorno (Foto: Divulgação)

André destaca que, em Águas Lindas, essas novas metodologias, como as ovitrampas, serão certamente implementadas. Além disso, está em produção um vídeo institucional, com depoimentos de famílias que perderam parentes para a dengue e agentes dando orientações sobre como cada pessoa pode contribuir para a eliminação dos focos em suas casas. “É um vídeo impactante, mas necessário”, avalia.

Trabalho em conjunto

A enfermeira Adriana Motta, diretora da Vigilância Epidemiológica de Luziânia, também participa da oficina e relata que estão sendo abordados três eixos de atuação: a estratificação, que faz o mapeamento das áreas de maior risco; o bloqueio vetorial; e a atenção básica. “Estes três setores precisam trabalhar em conjunto”, frisa.

Adriana Motta com Marcus Vinícius e Erlan Conceição, todos de Luziânia: setores trabalhando em conjunto (Foto: Divulgação)

Ela lembra que os esforços no combate às arboviroses devem ocorrer o ano inteiro, envolvendo não apenas as secretarias municipais de Saúde. “Tem que envolver outras pastas, como a de desenvolvimento urbano e educação; o Ministério Público e, principalmente, a sociedade”, ressalta.

Medidas preventivas

Para Júlio Campos, superintendente de Atenção à Saúde de Novo Gama, a oficina promovida pela SES-GO sinaliza que o governo de Goiás está se antecipando ao problema, agindo de forma preventiva. “Com isso, podemos fortalecer nossas ações, no sentido de evitar um outro surto de dengue e demais arboviroses”, salienta.

Campos, que já foi secretário municipal de Saúde, conta que Novo Gama tem realizado constantes capacitações dos profissionais, a começar pelos médicos até os recepcionistas das unidades, para identificar precocemente pacientes com suspeita de dengue e evitar, assim, o agravamento da doença. “Também estamos utilizando drones, para encontrar com mais facilidade os focos do mosquito em residências, apartamentos e calhas. E vamos seguir com essa medida, agora que as chuvas estão se intensificando”, conclui o superintendente.

Ações com as prefeituras e o Distrito Federal

Segundo a superintendente de Vigilância em Saúde da SES-GO, Flúvia Amorim, além dessa oficina em Aparecida de Goiânia, diversas medidas já foram implementadas ao longo desse ano após o controle do último surto em todo o estado, já em preparação ao próximo período chuvoso. “Em maio de 2024 retomamos a supervisão mensal das ações de controle de vetores realizadas pelos municípios, verificando a situação das visitas domiciliares para identificação e eliminação de criadouros do Aedes aegypti. Com esta ação, realizada pelos técnicos de endemias das Regionais de Saúde da SES, mesmo durante a campanha eleitoral, houve a mobilização das equipes de endemias dos municípios e foram realizadas as capacitações presenciais para os Agentes de Combate às Endemias (ACE’s) e Agentes Comunitários de Saúde (ACS) sobre o controle ambiental e químico de vetores”, detalha.

Flúvia Amorim: “Dez minutos por dia são o suficiente para limpeza dos quintais e eliminação dos criadouros” (Foto: SES-GO)

Flúvia afirma ainda, que foram adquiridas pela SES-GO peças de reposição para manutenção corretiva e preventiva das bombas costais cedidas aos municípios, e das bombas de UBV veiculares (fumacê), estando os equipamentos em condições de funcionamento para ações de bloqueio e controle químico das regiões e bairros dos municípios onde houver aumento da notificação de casos, com o início do período chuvoso no estado.

Ao ser questionada sobre as parcerias com as prefeituras do Entorno para o enfrentamento da dengue e outras arboviroses, ela esclareceu que, desde o dia 16 de outubro está ocorrendo um evento promovido pelo Ministério da Saúde, com a participação da equipe de controle de vetores da Suvisa, técnicos das Regionais de Saúde e municípios prioritários, para o desenvolvimento de ações de controle do Aedes aegypti e combate à dengue no Estado de Goiás. “Além das ações que serão estabelecidas no evento em referência, estamos preparando campanha publicitária de mobilização da população do estado sobre as medidas de prevenção das arboviroses nos domicílios”, informa Flúvia. “Para os municípios do Entorno do DF, estamos trabalhando em parceria com a Subsecretaria de Vigilância em Saúde da SES-DF, numa articulação interestadual para o desenvolvimento de ações conjuntas de controle das arboviroses. Importante lembrar que a participação da população é fundamental. Dez minutos por dia são o suficiente para limpeza dos quintais e eliminação dos criadouros”.

Por fim, a superintendente destaca que a vacinação é essencial. “É importante para a saúde pública, porque a dengue pode ser uma doença grave, e a imunização torna-se uma fundamental estratégia contra a doença. As vacinas estão disponíveis para faixa etária de 6 a 16 anos”, finaliza.

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