O Centro de Ensino em Período Integral (CEPI) Osvaldo da Costa Meireles, de Luziânia, está sendo representado pelas alunas Ana Luísa Mendes Barfknecht e Isadora Rodrigues Rapatoni na Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace) 2025.

O evento acontece esta semana no Campus da Universidade de São Paulo (USP) e vai até o dia 28 de março. O projeto, intitulado “Desenvolvimento e Caracterização de Bioplástico e Larvicida com a Utilização da Casca do Fruto Jatobá (Hymenaea stigonocarpa)”, foi orientado pela professora de Biologia Gabrielle Rosa Silva.

As estudantes destacaram à reportagem o processo e os desafios enfrentados durante o desenvolvimento do projeto. “Fomos motivadas devido à sua concentração de amido e fibra, essencial para a produção de um bioplástico resistente, e sua significativa atividade antioxidante, devido à presença de compostos fenólicos e flavonoides, que atuam na neutralização de radicais livres e na preservação do estresse oxidativo”, explicou Ana Luísa Mendes Barfknecht.

As alunas Ana Luísa Mendes Barfknecht, Isadora Rodrigues Rapatoni com a professora Gabrielle Rosa Silva

Ainda, segundo ela, a intenção foi promover a representação do bioma Cerrado em consonância com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU. Entre os maiores desafios enfrentados, Ana Luísa cita a falta de infraestrutura adequada para a produção dos itens propostos.

Já Isadora Rodrigues Rapatoni ressaltou a mudança de foco durante a pesquisa: “Inicialmente, nosso objetivo era desenvolver um perfume a partir da casca do jatobá, buscando valorizar e representar melhor o Cerrado. No entanto, durante as pesquisas, identificamos a presença de compostos fenólicos e flavonoides na casca, substâncias que, ao serem ingeridas por larvas, como as do Aedes aegypti, podem levar à sua erradicação. Esse achado nos fez reavaliar o projeto e direcioná-lo para a produção de um larvicida, que, além de reforçar a identidade do bioma, também teria um impacto positivo na saúde pública”.

O potencial sustentável do projeto também foi pontuado por Isadora, pelo fato de, segundo ela, oferecer uma alternativa natural ao uso de produtos químicos no combate às larvas do Aedes aegypti. “Além disso, nosso larvicida não apresenta riscos de contaminação ambiental, tornando-se uma opção mais segura para a fauna, flora e população”, salientou.

Aprendizado intenso

A professora de Biologia Gabrielle Rosa Silva falou sobre a experiência de orientar as estudantes: “Foi um processo de intenso aprendizado. Como o foco era em um projeto voltado aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável em âmbito mundial, elevar o nosso bioma Cerrado foi o mais desafiador. No final, temos um produto produzido com a matéria-prima encontrada somente no nosso bioma, o qual estamos representando na maior feira de ciências do Brasil”.

Ela também frisou o impacto da participação na Febrace na formação das alunas. “Quando se fala em futuro, fala-se em experiências e vivências no hoje. Participar das feiras de ciências é uma oportunidade ímpar de crescimento profissional e educacional para os estudantes”, ressaltou. “Somos nós, professores da educação básica, que temos as primeiras portas para o futuro”.

Incentivo à pesquisa

O diretor do CEPI, Valmir Gomes Silva, enfatizou o incentivo à pesquisa científica na escola. “Como gestor escolar, sempre acreditei em uma educação em que o estudante seja protagonista do processo de aprendizagem. Atuando na gestão de uma escola de período integral, identifiquei o espaço para promoção de eventos, como feiras de ciências locais e visitas a espaços que se destacam nesses processos científicos”.

Valmir Gomes Silva: “Seguimos acreditando no potencial da comunidade escolar”

Ele lembrou que o projeto tem suas raízes na feira de ciências do colégio. “Após esse movimento, em 2024, percebemos que havíamos plantado uma semente que precisava ser regada para germinar e crescer. Hoje, o projeto está na Febrace e sua origem vem deste movimento local e interno. Como gestor, presenciei esse despertar: vi estudantes que colocam suas ideias no papel, transformam seus espaços e, principalmente, transformam a si mesmos”.

Valmir também anunciou os planos para o futuro. “Em 2025, realizaremos a 2ª Feira de Ciências e Tecnologia, onde buscaremos parceiros e projetos para enriquecer e impulsionar a popularização da ciência. Seguimos acreditando no potencial da comunidade escolar, apoiando e incentivando projetos inovadores e garantindo aprendizagens significativas”, concluiu.

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