O agronegócio em Goiás, especificamente na Região Metropolitana do Entorno (RME), tem um mercado muito aquecido e com boas remunerações no setor. Vale destacar que, de acordo com dados do Instituto Mauro Borges de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (IMB), o Estado de Goiás empregou mais de um milhão de pessoas no agronegócio em 2023, atingindo o maior patamar nos últimos 11 anos. Já no Entorno, o IMB constatou o impacto significativo do agronegócio na região, que teve saldo positivo da balança comercial de R$ 526,5 milhões em 2023. Destacam-se, por exemplo, cidades como Cristalina, que tem a maior área irrigada da América Latina, estando também entre as grandes produtoras de sorgo e soja do estado.

Diante desse potencial, é necessário formar gestores e mão de obra qualificada, para o uso de tecnologias e ferramentas gerenciais aplicadas ao agro e integrando conhecimentos estratégicos das áreas de administração, economia e engenharia de produção. Instituições de ensino superior têm oferecido formações na área, em especial em Gestão do Agronegócio, a fim de preparar novos profissionais para esse mercado em franca ascensão.

De gestores a empreendedores

É o caso, por exemplo, do curso de Gestão do Agronegócio da Universidade de Brasília (UnB), Campus Planaltina, considerado “fundamental para o país e, principalmente, para a região do DF e Entorno”, segundo avalia o gestor do agronegócio Alberto Santos, formado na unidade da UnB de Planaltina em 2011, sendo também Mestre em Meio Ambiente e Desenvolvimento Rural (2016), além de pesquisador, consultor e professor. “Em termos de geração de empregos, os cursos na área têm proporcionado diversas oportunidades, inclusive em empresas de insumos, nas empresas rurais e prestadoras de serviços técnicos de gestão da produção”, observa, acrescentando que recém-formados podem, ainda, continuar se especializando e participar de programas de trainee em multinacionais de insumos agropecuários ou em grandes agroindústrias, além de também se tornarem assistentes de projetos de empresas e instituições públicas ou privadas.

De acordo com ele, os graduados na área têm se destacado como gestores, analistas de crédito rural, professores e pesquisadores, bem como empreendedores rurais focados em tecnologias de produção, apoiando o desenvolvimento do setor. “Gestores do agronegócio têm um papel determinante para ajudar os produtores do Entorno do DF a investirem em ferramentas e práticas de gestão que propiciem maior sustentabilidade e inteligência de mercado aos negócios rurais”, afirma Alberto Santos.

Reconhecimento e boa remuneração

Em um projeto recente, realizado em parceria entre a UnB – campus Planaltina – e o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), oito recém-formados foram inseridos como gestores em diferentes propriedades rurais do DF e Entorno. Segundo o doutor Jean-Louis Le Guerroué, professor do curso de bacharelado em Gestão do Agronegócio no campus Planaltina, existe um bom mercado de trabalho e com bom reconhecimento e remuneração. “Quem é criativo, dedicado e focado na área será absorvido para os melhores postos. Sobretudo no DF, em instituições públicas, bancos e entidades de classe do setor; e em regiões do Entorno, em agroindústrias, empresas de insumos e propriedades rurais”, aponta Jean-Louis.

Jean-Louis Le Guerroué: oportunidades em empresas e instituições públicas (Foto: Divulgação)

Em pesquisa realizada pela coordenação do curso no ano de 2020, com aproximadamente 125 egressos, foi possível identificar que 90% deles estavam empregados ou realizando especialização em áreas técnicas do setor agropecuário, seja em cursos técnicos ou de pós-graduação. “Outro destaque é que 25% deles estavam atuando como profissionais de nível superior no setor público. O que revela a vocação para o serviço público no DF. Foi possível observar também que os egressos do curso estão empreendendo, seja como produtores rurais, como técnicos de campo ou atuando no ramo alimentício como donos ou consultores de bares e restaurantes”, demonstra o professor Jean-Louis.

Carreira de sucesso

Rômulo Santos Cipriano, 31, formou-se em Gestão do Agronegócio no campus de Planaltina, e acredita que essa qualificação foi fundamental para o sucesso da sua carreira. “O curso abriu meus olhos para uma atuação mais eficiente em todas as fases da produção agrícola. A graduação nos fornece um suporte teórico, mas a vivência prática proporcionada pelo programa de residência agrícola contribuiu significativamente para meu desenvolvimento profissional”, relata.

Rômulo Cipriano conseguiu uma rápida colocação no mercado de trabalho (Foto: Divulgação)

Segundo ele, o programa de residência foi realizado logo após a graduação e consistia em gerir uma propriedade rural. “Ao término do projeto, recebi uma proposta para continuar trabalhando no local e já estou há 3 anos como administrador. Estou totalmente satisfeito com minha carreira e todo o caminho que percorri até aqui”, conta. E acrescenta: “Dentro do setor leiteiro, área em que atuo, assim como em outras cadeias produtivas, identifico como gargalos a falta de mão de obra qualificada, insumos elevados e a falta de poder de barganha, principalmente quando os produtores não têm poder de decisão quanto ao preço do produto”.

Moldando o futuro

A área acadêmica também é uma excelente opção de carreira para os estudantes do setor. Ex-aluna do curso da UnB de Planaltina, Kamila Lopes da Costa Silva, 29, diz estar realizada como tutora EAD. Formada em 2016, ela conta que seu interesse pelo agronegócio começou no decorrer da graduação. “Eu não tinha o sonho de cursar Gestão do Agronegócio, mas devido a minha situação na época, não poderia ir para o Plano Piloto fazer faculdade. Resolvi pesquisar, então, o que estava sendo oferecido na UnB em Planaltina e fiquei interessada nas disciplinas do curso. Depois disso, acabei participando das atividades de monitoria e iniciação científica, e tive contato com professores de excelência”, detalha. “Percebi que um mundo de oportunidades estava se abrindo, como estágio em empresas de excelência no agro, além da vivência e experiência na parte acadêmica, o que foi moldando meu futuro profissional”, complementa.

Kamila Silva optou pela área acadêmica e diz que os profissionais precisam sempre se atualizar (Foto: Divulgação)

Posteriormente, Kamila ingressou no Mestrado em Agronegócio, também na UnB. “Comecei a trabalhar com educação no agronegócio e estou bem satisfeita. Mas continuo me desenvolvendo, pois o mercado de trabalho é bem dinâmico e o profissional de qualquer área precisa estar sempre atento às mudanças e se atualizando”, ressalta a jovem, que atualmente trabalha em uma instituição privada de ensino voltada a graduações no setor do agronegócio.

Para obter mais informações sobre o curso de Gestão do Agronegócio na Faculdade UnB Planaltina, basta preencher o formulário no link a seguir: https://forms.gle/qA7vVkNW9D9GMK6SA

Produção e sustentabilidade

Jales Chaves: “A renda de muitas cidades hoje é baseada principalmente no agronegócio” (Foto: Divulgação)

Além da UnB, instituições como a Universidade Federal de Goiás (UFG) e a Universidade Estadual de Goiás (UEG) também oferecem cursos de graduação, pós-graduação e mestrado na área. “Nosso estado é agrícola e o DF e o Entorno são grandes produtores de grãos e fibras. Isso tem gerado, no ponto de vista social, empregos e desenvolvimento nas cidades, incluindo a construção de vias entre outras grandes obras, que são necessárias tanto para a produção, quanto para o escoamento desses grãos”, avalia o coordenador do curso de Agronomia da UEG/Unidade Universitária Palmeiras de Goiás, Jales Chaves. “A renda de muitas cidades hoje é baseada principalmente no agronegócio”, complementa.

Ele lembra que o agro em Goiás traz grande impacto no PIB do estado e do país, mas frisa que a questão ambiental não pode ser deixada de lado. “Se não pensarmos na sustentabilidade, teremos, em curto prazo, dificuldade em continuar produzindo”, conclui.