No Entorno, candidatos fazem campanha por maior inclusão a pessoas com deficiência
23 setembro 2024 às 11h58
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Pessoas com deficiência representam cerca de 8,9% da população brasileira e a legislação, mais especificamente o Estatuto da Pessoa com Deficiência, instituído em 2015, resguarda o direito desses indivíduos de participarem da vida política e pública sem discriminação e em igualdade de condições com os demais.
Neste ano, 4.941 pessoas desse grupo populacional em todo o país – sendo 238 de Goiás – registraram sua candidatura a algum cargo eletivo, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Desse total, a maioria (55,04%) possui alguma deficiência física. Em seguida, vêm os candidatos com deficiência visual (25,53%) e auditiva (8,69%), outras deficiências (8,07%) e autismo (2,66%).
Busca por maior representatividade
Na disputa por um quarto mandato na Câmara Municipal de Cidade Ocidental, Daniel de Sousa Lima, conhecido como Danielzinho Lima (PSD), é cadeirante e considera que a representação de pessoas com deficiência ainda é pequena. “Em termos de quantidade, ainda podemos e devemos melhorar, já que, dentro de um universo de 400 mil candidaturas registradas, nossa representação é em torno de apenas 1%. E ocuparmos esses espaços é de suma importância, para que possamos ter um olhar voltado às necessidades do cidadão que precisa de leis e de ter os seus direitos garantidos plenamente”, afirma.
Quanto aos projetos de lei em prol da causa, Danielzinho obteve na Casa de Leis a aprovação da construção do Centro Municipal de Atendimento Educacional Especializado (CMAEE) para receber crianças com autismo e com grau elevado em algum tipo de deficiência, a presença de monitores nas salas de aula, a proibição de cobrança de taxa adicional em escolas privadas para crianças com deficiência e banheiros adaptados para todas as unidades de ensino no município.
“Por mais que possam ter pessoas que duvidem da capacidade de alguém que tenha qualquer tipo de deficiência, cabe a cada um que se encontra nessa condição, mostrar que é capaz. E eu tenho orgulho de exercer meu trabalho com dignidade. O vitimismo não faz parte do meu vocabulário”, ressalta.
Danielzinho chama a atenção para as dificuldades enfrentadas por esse grupo populacional. “Quando faço campanha, vejo que há pouca acessibilidade nas ruas. Muitos locais, sejam espaços públicos ou particulares, ainda precisam se adaptar”, observa.
Ações para inclusão
A pauta da inclusão de pessoas com deficiência é uma das bandeiras da campanha da professora de educação especial, Maria Helena Paulo (PP), que concorre ao cargo de vereadora em Novo Gama. Em 2017, ela fundou no município a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae), que atende pessoas com deficiência intelectual e múltipla, tanto na sede da instituição, quanto na casa dos beneficiários.
“Nossa luta cresce cada dia mais em defesa dos direitos dessa parcela da população. Hoje, as famílias conseguem ver os sinais de melhora pela inclusão social e existem várias atividades no município para mostrar e conscientizar a sociedade sobre o papel da instituição”, frisa Maria Helena.
Para a candidata, o preconceito e a discriminação ainda estão longe de acabar. “Porém, já podemos notar que as pessoas com deficiência e as famílias estão mais atentas aos seus direitos e lutando para defendê-los”, pontua. “Como profissionais da educação, precisamos nos conscientizar e nos sensibilizar para essa causa”, conclui.
Luta por direitos e respeito
Em Águas Lindas, o candidato a vereador Gilson do Bolo (Novo) colocou como uma de suas prioridades a causa das pessoas com autismo. Ele é pai de Gabriel, 8, e conhece bem as dificuldades que fazem parte da rotina de famílias de crianças atípicas. “Ele foi diagnosticado com transtorno do espectro autista (TEA) e epilepsia. Então, minha luta é para que as pessoas com autismo ou outra deficiência tenham os seus direitos resguardados”, frisa.
Entre os vários desafios, o candidato destaca a falta de estrutura na rede pública de saúde, de tratamento e de profissionais capacitados. “Não há atendimento especializado nesses casos em Águas Lindas e as famílias estão desamparadas”, alerta.
Segundo ele, o preconceito das pessoas em relação ao autismo ainda é muito grande. “Quando a gente vai aos locais ou em algum estabelecimento comercial, por exemplo, muitas pessoas não sabem lidar com quem tem essa condição. Portanto, um representante na Câmara de Vereadores é de extrema importância para promover a inclusão e dar voz às pessoas com TEA e outras deficiências”, reforça Gilson do Bolo.
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