Recentemente empossado como presidente da FIEG, André Rocha assume a liderança da entidade para o biênio 2025-2026 com propostas sólidas não só para todo o conjunto dos municípios do Estado de Goiás, mas também, especificamente, para o Entorno do Distrito Federal, onde a federação atua desde 2004 por meio de instituições como o Sesi, Senai e Instituto Euvaldo Lodi – Núcleo Regional Goiás (IEL Goiás).

Em seu discurso de posse, André enfatizou a importância da indústria como motor do desenvolvimento no estado e estabeleceu, entre suas metas, a modernização do setor e a instalação de novas escolas do Sesi e Senai para a qualificação de novos profissionais. Inclusive, o Entorno já dispõe de uma unidade em Luziânia desde o final de 2024, fato considerado um marco para a região, na opinião do presidente da FIEG.

Para ele, não só Luziânia, como também municípios como Cidade Ocidental e Valparaíso, têm condições favoráveis para, futuramente, virem a se tornar polos industriais. Uma das ações da FIEG nesse sentido é o fomento aos Arranjos Produtivos Locais (APLs), que podem servir de base para a instalação de indústrias na região.

Nesta entrevista ao Jornal Opção Entorno, André Rocha detalha a atuação da FIEG nas cidades adjacentes ao Distrito Federal e revela os projetos para desenvolver uma infraestrutura industrial nessas localidades.

Luciana Amaral – Atualmente, qual a abrangência da atuação da FIEG no Entorno do Distrito Federal?

André Rocha – A Federação das Indústrias do Estado de Goiás (FIEG) tem uma presença estratégica no Entorno do Distrito Federal, atuando de forma integrada por meio do Sesi, Senai e IEL Goiás. Com unidades operacionais e programas voltados à educação, capacitação profissional e inovação, o Sistema FIEG atende diretamente municípios como Luziânia, Valparaíso de Goiás, Novo Gama, Cidade Ocidental e Águas Lindas de Goiás. O foco é proporcionar suporte ao setor industrial local, promovendo qualificação da mão de obra, inovação tecnológica e fortalecimento do associativismo.

Atualmente, nossa atuação na região se dá, especialmente, por meio do Sesi e do Senai. Além da recém-inaugurada Escola Sesi e Senai em Luziânia, o Sistema Indústria, considerando a presença de diversas indústrias na região, mantém núcleos integrados do Sesi e Senai nos municípios de Águas Lindas, Novo Gama e Valparaíso, com atividades coordenadas pela Faculdade Senai Roberto Mange, em Anápolis. Além disso, nossas ações alcançam outros municípios do Entorno por meio da oferta de cursos profissionalizantes desenvolvidos em unidades móveis.

A FIEG está presente na região desde 2004, levando em consideração seu potencial. A atuação começou com ações móveis (itinerantes) e, posteriormente, integrou o Programa Arranjo Produtivo Local (APL), tendo o Senai como agente em apoio à iniciativa do Ministério da Integração Nacional. Atualmente, o Senai atua nos municípios de Luziânia, Pirenópolis, Cristalina, Águas Lindas, Valparaíso de Goiás, Cidade Ocidental, Novo Gama, Planaltina e Santo Antônio do Descoberto.

No âmbito do IEL Goiás, o Sistema FIEG possui, também em Luziânia, a Unidade Regional do Leste e Nordeste Goiano, com abrangência de 40 municípios, incluindo todas as cidades goianas que integram Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno (RIDE-DF).

O presidente da FIEG com o governador Ronaldo Caiado (UB) e a primeira-dama Gracinha Caiado (Foto: Divulgação/FIEG)

Luciana Amaral – Quais projetos a FIEG tem em vista para incentivar o estabelecimento de indústrias na região?

André Rocha – A FIEG continuará apoiando os Arranjos Produtivos Locais (APLs), que já promoveram uma verdadeira revolução em cadeias produtivas, com impacto direto na qualificação da mão de obra, geração de emprego e renda, além do crescimento das indústrias já instaladas. Esses APLs também servirão de base para novas indústrias que desejarem se estabelecer na região.

O Entorno do DF conta com incentivos próprios, como a RIDE-DF, que promove a cooperação entre os governos federal, distrital, estadual (Goiás e Minas Gerais) e municipal. Apesar dos desafios, a RIDE-DF é um mecanismo essencial para integrar e desenvolver economicamente a região, reduzindo a dependência dos municípios em relação ao DF.  A RIDE é gerida pelo Conselho Administrativo da RIDE (Coaride) e a FIEG acompanha de perto as oportunidades e tendências vocacionais de cada município, priorizando cadeias produtivas estratégicas.

No campo da educação profissional, as soluções oferecidas incluem iniciação profissional, aperfeiçoamento, qualificação, aprendizagem industrial, habilitação técnica e pós-graduação, conforme as metodologias do Senai.

Além disso, a FIEG atua como parceira estratégica em programas que incentivam o desenvolvimento industrial no estado e, consequentemente, no Entorno do DF, como:

• Brasil Mais Produtivo – Executado pelo Senai Goiás, o programa ajuda micro, pequenas e médias empresas a aprimorar a gestão, inovar processos e reduzir desperdícios, aumentando a produtividade e a competitividade.

• ProGoiás – Programa de incentivos fiscais do Governo de Goiás para atrair e expandir indústrias no estado. A FIEG auxilia na divulgação e orientação sobre os benefícios e adesão ao programa.

• Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste (FCO) – Linha de crédito para projetos produtivos na região. A FIEG presta consultoria e suporte técnico para facilitar o acesso das empresas a esses recursos.

• Produzir – Embora o programa tenha sido substituído pelo ProGoiás, a FIEG mantém participação no conselho deliberativo e acompanha iniciativas remanescentes, como Comexproduzir, Logproduzir e Progredir.

• AgreGO – Projeto do Governo de Goiás para desenvolvimento industrial, no qual a FIEG contribui com estudos, propostas e soluções para atração de novos negócios e investimentos.

No âmbito do IEL Goiás, temos o Observatório da FIEG, que fornece dados para subsidiar estudos de viabilidade para todos os segmentos produtivos. Outra iniciativa é o Programa de Desenvolvimento de Cadeia (PDC), com potencial de representar o diferencial para promover um salto qualitativo e quantitativo. O programa considera critérios vocacionais e ainda as necessidades de desenvolver fornecedores para as indústrias na região. O objetivo é apoiar o fortalecimento das cadeias produtivas da indústria na região, induzindo o desenvolvimento de elos faltantes, o aperfeiçoamento das cadeias de suprimento, a qualificação de fornecedores e o fortalecimento dos elos já existentes.

André Rocha com o vice-governador Daniel Vilela (MDB) | Foto: Divulgação/FIEG

Luciana Amaral – A FIEG realizou uma parceria com a prefeitura de Luziânia para a implementação de uma Escola Sesi Senai, a qual foi inaugurada no final de 2024. Esta é uma aposta da FIEG no potencial do Entorno do DF, quanto à formação de mão de obra qualificada nas indústrias?

André Rocha – Sim, sem dúvida. A Escola Sesi Senai de Luziânia representa um marco na qualificação profissional da região. A unidade foi projetada para atender às demandas do setor produtivo. Entretanto, atuamos na região desde 2004, por meio de ações móveis do Senai nas cidades de Luziânia, Pirenópolis, Cristalina, Águas Lindas, Valparaíso de Goiás, Cidade Ocidental, Novo Gama, Planaltina e Santo Antônio do Descoberto. De lá para cá, o Sistema Indústria expandiu sua atuação na região com a implantação, em 2007, do Núcleo de Educação Profissional Senai Luziânia, construído em parceria com a prefeitura municipal – que foi o primeiro passo para a criação da moderna Escola Sesi e Senai no município.

Instalada em área de 15 mil metros quadrados cedida pela prefeitura do município, o novo estabelecimento de ensino é a maior unidade integrada das instituições do Sistema Indústria no interior de Goiás, ocupando quase 11 mil metros quadrados de área construída e capacidade inicial para matricular mais de mil alunos por ano.

A atuação abrange desde o Ensino Fundamental até o Ensino Médio, além de Educação de Jovens e Adultos (EJA), com destaque para a EJA Profissionalizante e a metodologia de formação robótica Lego e programação para docentes.

No campo da educação profissional, as soluções oferecidas deverão contemplar todas as metodologias de expertise do Senai, como iniciação profissional, aperfeiçoamento, qualificação, aprendizagem industrial, habilitação técnica e pós-graduação.

Paralelamente, temos também a atuação do IEL Goiás, com os Programas de Jovem Aprendiz e de Estágio, além de iniciativas nas áreas de Estratégia e Organização, Transformação Digital, Educação Executiva, Sistemas de Gestão e Gestão da Inovação. Imagine a força de uma organização de abrangência nacional que tem como missão transformar a vida das pessoas e impulsionar o desenvolvimento do Brasil. Essa é a oportunidade que o IEL, trabalhando por um estado favorável ao desenvolvimento da indústria, traz para ajudar jovens a construírem carreiras de sucesso e empresas avançarem em gestão organizacional.

Luciana Amaral – Há outras iniciativas nesse sentido previstas na região voltadas à qualificação e geração de emprego e renda?

André Rocha – As ações de formação profissional ganharam reforço com a recente implantação do programa Profissionaliza Goiás, criado pelo governo do estado, por meio da Secretaria Estadual de Educação (Seduc-GO), em parceria com o Senai. A iniciativa visa ampliar os índices de empregabilidade dos alunos do Ensino Médio da rede estadual, com oferta de 17.352 novas vagas em cursos profissionalizantes, que serão desenvolvidos em 18 municípios goianos, incluindo Luziânia, Valparaíso e Novo Gama.

No Entorno do DF, o desafio é desenvolver competências técnicas para aproximadamente mil alunos, com a oferta de cursos técnicos nas áreas de tecnologia da informação, automação industrial, eletrotécnica, jogos digitais, química e automotiva. A estratégia vai ampliar a competitividade das indústrias da região por meio da formação de profissionais altamente qualificados.

Por outro lado, também temos o IEL Goiás, que mantém parcerias com muitas empresas e prefeituras do Entorno do DF, sobretudo por meio do programa de estágio. A iniciativa, além de promover uma ação inclusiva, incentiva a inovação, a responsabilidade social, a sustentabilidade econômica e o empreendedorismo.

Luciana Amaral – A FIEG lançou uma série de estudos sobre polos industriais no Estado de Goiás. O senhor acredita que há possibilidade de algum município do Entorno vir a se tornar um polo futuramente? Por quê?

André Rocha – Sim, acreditamos que há um grande potencial para a criação de polos industriais na região. Luziânia, por exemplo, já apresenta uma infraestrutura industrial em crescimento e pode se consolidar como um polo logístico e industrial. Outros municípios, como Valparaíso de Goiás e Cidade Ocidental, também têm localização estratégica e condições favoráveis para atrair investimentos. O fator determinante será a melhoria da infraestrutura e a criação de políticas públicas que incentivem a instalação de novas indústrias.

Luziânia se destaca na região por já contar com o Distrito Agroindustrial de Luziânia (DIAL), que possui 1,6 milhão de metros quadrados e abriga 24 empresas de diferentes segmentos, como alimentício, químico, vestuário, calçados e acessórios.

Nos demais municípios do Entorno, os APLs representam uma alternativa viável para o desenvolvimento econômico, desde que contem com parcerias estratégicas, aporte financeiro e apoio técnico, considerando as características desses municípios.

Outro fator promissor é o potencial das indústrias extrativas, que podem se consolidar como polos locais. Entre os municípios com destaque nesse setor estão Barro Alto, Cavalcante e Niquelândia.

O presidente da FIEG acredita que o Entorno tem potencial para a instalação de polos industriais (Foto: Divulgação/FIEG)

Luciana Amaral – Quais fatores ainda impedem que isso se concretize?

André Rocha – Alguns desafios precisam ser superados para que o Entorno do DF se torne um polo industrial consolidado. A infraestrutura logística, especialmente em rodovias e transporte público, ainda necessita de melhorias. Além disso, a infraestrutura limitada para atender às demandas industriais de energia e saneamento básico, a segurança pública e a burocracia excessiva na abertura de novos empreendimentos são entraves que precisam ser enfrentados.

Outra questão é a falta de mais incentivos e de investimentos direcionados ao desenvolvimento de indústrias na região, além da dependência econômica do Distrito Federal. A pouca diversificação das atividades produtivas locais e a dificuldade na formação e retenção de mão de obra qualificada impactam diretamente na competitividade industrial.

A FIEG segue acompanhando essas questões e trabalhando em conjunto com o setor público e privado para viabilizar soluções que estimulem o crescimento industrial sustentável na região.

Luciana Amaral – Como tem sido o diálogo com as prefeituras do Entorno, para que a FIEG possa ser um instrumento de promoção do desenvolvimento econômico da região?

André Rocha – O diálogo com as prefeituras tem sido muito produtivo. A FIEG mantém uma relação próxima com os gestores municipais, promovendo projetos conjuntos para o desenvolvimento da indústria local. Nossa atuação inclui a realização de diagnósticos sobre as vocações econômicas dos municípios, apoio na captação de investimentos e incentivo à qualificação profissional. Estamos comprometidos em fortalecer essa parceria, para transformar o Entorno do DF em um ambiente mais competitivo e promissor para a indústria e a geração de empregos.

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