Por Márcio Aguiar*

O neuromarketing político e eleitoral, aliado ao uso de Big Data e de inteligência artificial (IA), já não é uma tendência distante – trata-se de uma realidade que influencia campanhas e pode redesenhar cenários eleitorais.

Estudos em neurociência revelam que grande parte das decisões políticas ocorre no subconsciente. O eleitor médio acredita que escolhe racionalmente, mas fatores emocionais, gatilhos psicológicos e padrões inconscientes desempenham um papel determinante. Expressões faciais de candidatos, tom de voz, linguagem corporal e até mesmo o design de campanhas afetam diretamente a percepção e o engajamento do público.

O neuromarketing político, por sua vez, se apropria dessas descobertas para otimizar discursos e mensagens de campanha. Técnicas como a escolha estratégica de cores, palavras que ativam respostas emocionais e narrativas persuasivas são projetadas para criar identificação e gerar adesão quase instantânea. Candidatos que dominam esses recursos têm vantagem significativa na disputa pela atenção e pelo voto.

Ao mesmo tempo, o Big Data e a inteligência artificial ampliaram o alcance dessa estratégia. Hoje, milhões de dados coletados por redes sociais, pesquisas online e interações digitais são processados para prever comportamentos eleitorais com precisão impressionante. Campanhas modernas já utilizam IA para segmentar mensagens, direcionar anúncios personalizados e até prever reações a propostas e promessas.

No Entorno do Distrito Federal, onde os cenários eleitorais são dinâmicos e muitas vezes disputados voto a voto, o impacto dessas ferramentas será ainda mais evidente. O uso inteligente de dados pode ajudar candidatos a identificarem tendências emergentes, ajustarem discursos e conquistarem eleitores estratégicos. Com a crescente digitalização do debate público, candidatos que ignorarem essas mudanças correm o risco de ficar para trás.

A política do futuro será moldada não só pelo carisma e pelas propostas dos candidatos, mas pela capacidade de decodificar e influenciar a mente do eleitor. Com a ajuda da neurociência, o voto pode ser mais previsível do que se imagina.

*Márcio Aguiar – Cientista político, consultor em comunicação e marketing político

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