Os principais objetivos da revitalização da Rua do Rosário são a proteção dos casarões antigos, a criação de novos espaços de uso nas calçadas, a garantia de acessibilidade universal e a preservação do patrimônio histórico e cultural. A intenção é que a via se transforme em um polo turístico e gastronômico, valorizando o comércio local e atraindo visitantes.

Victor Vieira da Rocha, arquiteto e urbanista da Secretaria de Desenvolvimento Urbano de Luziânia, responsável pelo projeto, explicou os princípios que nortearam a requalificação: “Tivemos diretrizes claras, como a proteção dos casarões, a melhoria do tráfego, a acessibilidade universal e o respeito ao patrimônio histórico e cultural. Também implantamos mobiliário urbano e aprimoramos a sinalização”.

A revitalização incluiu um estudo aprofundado sobre fatos históricos do município e da rua, envolvendo fotografias antigas e relatos de moradores. De acordo com Rocha, foram seguidas as teorias mais recentes do restauro, respeitando normas de acessibilidade e diretrizes dos órgãos de proteção do patrimônio. “O projeto foi analisado e aprovado pela Secretaria de Cultura do Estado de Goiás (Secult-GO) e apresentado ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), já que a rua possui um processo em andamento para tombamento em âmbito federal”, esclareceu.

A preservação dos bens históricos foi uma prioridade durante todas as fases da obra. Segundo o arquiteto, sempre é possível garantir a proteção do patrimônio sem impedir o progresso. “Buscamos trazer de volta as qualidades perdidas da rua, adaptando-as às leis e normas atuais”, pontuou.

Foto: Divulgação

Melhorias na mobilidade dos pedestres

Uma das principais questões levantadas em relação à Rua do Rosário era a necessidade de diminuição do tráfego de veículos pesados, uma medida solicitada pelo Ministério Público de Goiás (MPGO) em gestões anteriores. “Nossa solução foi reduzir a caixa viária para sete metros fixos, ampliando as calçadas em alguns pontos. Isso criou espaços para moradores e comerciantes utilizarem, como a colocação de mesas e cadeiras, semelhante à Rua do Lazer em Pirenópolis”, comparou o arquiteto.

Cada lado da rua conta agora com uma faixa de 70 cm para mobiliário urbano – incluindo postes, lixeiras e bancos –, uma faixa livre de 1,20 m para a circulação de pedestres e espaço adicional para usos comerciais.

Victor Rocha: trabalho manual para a preservação das estruturas e telhados dos casarões (Foto: Divulgação)

Resgate histórico e sustentabilidade

Durante a execução das obras, foi exigido o uso de métodos manuais, conforme orientação da Secult-GO. “Para preservar as estruturas e telhados dos casarões, não utilizamos maquinário pesado. Todo o trabalho foi realizado manualmente, assim como era feito há 50 anos”, detalhou Rocha.

O projeto também valorizou as características históricas da rua, como a utilização de pedras de Pirenópolis nas calçadas e bloquetes sextavados na via. Uma faixa verde foi incorporada para remeter aos “trieiros” – caminhos de terra usados antes da pavimentação.

“Portal” para o passado

Sendo uma das vias mais antigas de Luziânia, a Rua do Rosário leva o visitante a contemplar traços do período colonial, aguçando o interesse em relação à fundação da cidade e seus aspectos religiosos e arquitetônicos. “A rua nos permite imaginar o que foi o Arraial de Santa Luzia há quase 300 anos, com seus lotes grandes, quintais arborizados e a vista para a igreja surgindo aos poucos”, destacou Rocha.

A professora Divina Lázara Dutra também enfatizou a importância da obra: “Não são apenas construções que estão sendo restauradas, mas também grandes memórias e histórias que deixam um legado para as gerações futuras. Esse projeto valoriza e preserva nossa riqueza arquitetônica, cultural e religiosa, trazendo novo ânimo para moradores e visitantes”.

Para ela, a requalificação da Rua do Rosário, juntamente com novas propostas para atrair turistas e moradores locais, irá trazer diversos benefícios. “Além de ajudar na economia da cidade, trará possibilidades e oportunidades valiosas de conhecimento, curiosidades e aprendizado sobre a história e cultura do local”, avaliou.

Apoio da ONG Proteger Luziânia

José Alfio: “Vitrine cultural única para a cidade” (Foto: Divulgação)

José Alfio, presidente da ONG Proteger Luziânia, reforçou o potencial da via como ponto cultural e turístico: “Os casarões precisam de atenção contínua, tanto na restauração quanto na definição de usos que valorizem a história e a cultura. A rua pode se tornar um espaço de eventos, como serestas, saraus e apresentações musicais acústicas. Isso resgata a tradição e cria uma vitrine cultural única para a cidade”.

Ele também sugeriu a instalação de placas informativas para orientar os visitantes e a criação de um Centro de Atendimento ao Turista. “Um espaço com banheiros, um café e informações sobre os roteiros turísticos de Luziânia é essencial para melhorar a experiência de quem visita a rua, além de estimular o turismo cultural e gastronômico”, completou Alfio.

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