Revitalização da Rua do Rosário, em Luziânia, vai fomentar o turismo na região
01 julho 2024 às 12h00
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Símbolo icônico do período colonial brasileiro, a Rua do Rosário, em Luziânia, no Entorno do Distrito Federal, está passando por um processo de restauração. Com quase 300 anos de história, essa via é lar de antigos casarões e guarda partes significativas da trajetória do município, fundado por bandeirantes paulistas.
A restauração visa preservar a autenticidade e a integridade desse patrimônio histórico, garantindo que as futuras gerações possam conhecer e apreciar a rica herança cultural da cidade. Além disso, o projeto também busca revitalizar a área, o que vai tornar o lugar um atrativo turístico ainda mais aprazível para os visitantes.
Redução do tráfego
O prefeito de Luziânia, Diego Sorgatto (UB), enfatiza que um dos principais objetivos das intervenções no local é assegurar que o tráfego de veículos pesados não prejudique as antigas edificações ao longo da via. “A obra de revitalização da Rua do Rosário é muito importante para a preservação de um dos mais valiosos acervos históricos da cidade”, considera. “Iremos reduzir a largura da rua, que passará a ser de mão única, o que vai diminuir o tráfego na via, com o objetivo de preservar a estrutura dos casarões antigos”, sinaliza.
O gestor explica, ainda, como serão feitas essas alterações: “Iremos substituir os bloquetes e as calçadas serão aumentadas. Acreditamos que as mudanças, além de preservarem nosso patrimônio histórico, potencializarão a principal atividade econômica da rua, criando um importante polo gastronômico na cidade”.
Arquitetura colonial
O presidente da ONG Proteger Luziânia, José Alfio, diz que a instituição sempre lutou para conscientizar a população sobre a importância de se preservar lugares que mantêm viva a história do município, como é o caso da Rua do Rosário. “Esse patrimônio é melhor representado pelo cenário da arquitetura colonial, especialmente a arquitetura bandeirista presente na via por meio dos casarões. Muitos foram demolidos, mas ainda existem alguns que podem ser revitalizados”, afirma.
Um dos símbolos do local é o casarão do artista D.J Oliveira, conhecido por sua carreira multifacetada, tendo atuado como pintor, cenógrafo, professor e figurinista. Natural de Bragança Paulista, no interior de São Paulo, D.J. se mudou para Goiânia em 1956 e fincou raízes em Luziânia a partir de 1973, onde residiu até o seu falecimento. “Esse grande artista executou o painel Três Bicas, uma obra em azulejo que conta a história de Luziânia. Nossa principal preocupação é com a restauração do casarão de D.J., localizado na rua. Se conseguirem fazer isso, será um grande benefício para a paisagem da cidade e para o turismo, que será impulsionado por essa reforma”, enfatiza Alfio, que é também professor de artes, artista plástico e membro da Academia de Letras e Artes do Planalto (Alap).
Ainda, segundo ele, a cultura local ganha com essa ação da prefeitura. “A comunidade vai ser beneficiada com isso, principalmente com o acesso à Igreja do Rosário. Porque lá tem a procissão de Corpus Christi, em que as pessoas fazem os tapetes de palha, um trabalho artístico muito bonito. Isso vem somar com essa tradição muito bela, que não pode ser esquecida. O prefeito teve uma visão moderna de melhorar a paisagem da cidade, mas não está esquecendo da história. Isso que é importante”, finaliza.
Recuperação de casarões tombados
Em resposta às crescentes preocupações sobre a manutenção do acervo histórico da cidade, a Secretaria Municipal de Cultura e Juventude, liderada por Didi Viana, em conjunto com a área de patrimônio da Secretaria de Estado da Cultura de Goiás (Secult-GO), está tomando medidas para proteger os casarões tombados, com o desenvolvimento de um plano de trabalho visando a preservação do patrimônio. “São 29 casarões e a prefeitura, a princípio, não tem orçamento para a revitalização e recuperação desses imóveis. Portanto, para atender uma demanda do Ministério Público, estamos buscando parcerias com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e a área de patrimônio aqui em Goiás. Estamos explorando formas de obter crédito, financiamento, emendas parlamentares e recursos de empresas privadas para recuperar e preservar esses casarões”, esclarece Didi Viana.
O secretário menciona especialmente a antiga residência de D.J Oliveira, que, segundo ele, está em processo de negociação para ser adquirida por outra pessoa da cidade. “O possível comprador tem interesse em recuperar o casarão, que está praticamente em ruínas. A recuperação dependerá de alguma planta, caso ela exista, e também de fotografias, acervos e arquivos que possam resgatar essa memória”, explica Viana. “A prefeitura será uma parceira nesse projeto. Já conversei com o prefeito e ele me autorizou a seguir com essas discussões”, complementa.
Compromisso com a preservação
O ex-secretário de Cultura do município, Gabriel Fidelis, desempenhou um papel crucial no desenvolvimento de projetos de revitalização da Rua do Rosário. Biel, como é conhecido, destacou a importância das obras de restauração. “É mais uma opção turística para a cidade. Ao mesmo tempo, o projeto demonstra o compromisso com a preservação dos casarões e a redução do tráfego de veículos”, pontua. “A via passará a ser de sentido único, com a proibição de veículos pesados, diminuindo o trânsito de veículos leves. Dessa forma, fomentamos o comércio local e o turismo com a decoração, bares e restaurantes, enquanto revitalizamos os casarões que estão na mesma rua e se encontram em estado avançado de deterioração. Estamos falando de revitalização, um novo formato de conservação, fomento ao comércio e ao turismo”, ressalta.
O projeto é aprovado por órgãos de proteção do patrimônio histórico, como a Secretaria de Cultura e Juventude de Luziânia, a Secult-GO e o Iphan. O custo total é de quase R$ 1,4 milhão, sendo parte do valor oriunda do governo federal e o restante da prefeitura. A obra foi iniciada em junho, com prazo de término em cinco meses.
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