A construção e instalação de uma Central Geradora Hidrelétrica (CGH) na Cachoeira do Cantinho, formada pelo Rio Cachoeirinha, tem tirado o sono da gestora da cachoeira, Zeria Severo, e daqueles que dependem do turismo local para sobreviver. É importante ressaltar que a cachoeira é alimentada pelo Rio Cachoeirinha, que pertence tanto ao município de São João d’Aliança quanto a Niquelândia, sendo que a CGH será construída do lado de Niquelândia.

Conhecida como o Portal da Chapada dos Veadeiros, a pequena cidade de São João d’Aliança, situada no Nordeste goiano, encanta seus visitantes com suas belas cachoeiras, mas ainda é pouco conhecida entre os turistas. Zélia Severo, proprietária de uma pousada em São João d’Aliança, garante que toda a região será negativamente afetada pela construção da hidrelétrica.

A instalação da CGH gera controvérsias em relação ao custo-benefício do empreendimento. A principal preocupação de Zeria diz respeito ao futuro turístico da localidade. Por essa razão, ela se opõe ao projeto, embora ressalte que tem enfrentado pressões por parte da empresa Riovento Energia, responsável pela construção e gerenciamento da hidrelétrica.

Cachoeira do Cantinho – formada pelo Rio Cachoeirinha l Foto: Zeria Severo

A empresa já protocolou um pedido de análise do projeto na Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) e aguarda a licença ambiental para a execução das obras. Zélia destaca que a Riovento não tem dialogado sobre questões ambientais e está conduzindo todos os processos à revelia da opinião pública e de quem depende do turismo na região.

Ela enfatiza que sua subsistência depende do ecoturismo local e expressa insegurança quanto ao futuro, especialmente após registrar um manifesto na Ouvidoria e receber a visita da Semad-GO. A gestora teme que a CGH reduza a vazão do rio e prejudique a paisagem, afastando os turistas.

Zélia afirma que nunca teve acesso ao projeto e, mesmo assim, a empresa usou seu nome ao apresentá-lo à Semad. “Não conheço essa empresa, nunca vi projeto algum e, ainda assim, eles utilizaram meu nome para solicitar o licenciamento, alegando que sou a favor do empreendimento, o que não é verdade, pois isso afetará meu meio de vida”, diz.

Ela também expressa medo de perder sua área para a empresa. “Estou com medo de perder minha propriedade, pois é tudo o que tenho”, frisa. Zélia reitera que toda sua família reside na região e a única solução agora é recorrer ao Ministério Público. “Já mandei um e-mail e estou esperando o agendamento da audiência”, sublinha.

A reportagem procurou a Semad e a empresa Riovento, mas não obteve retorno. O espaço permanece aberto. (Cilas Gontijo)

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